25. "Uma estrela em ascensão"

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"A música é capaz de reproduzir, em sua forma real, a dor que dilacera a alma e o sorriso que inebria." - Beethoven.

𖡩

Março havia chegado, e com ele, também vieram as flores e frutos da temporada, que anunciam o fim do inverno e a iminente chegada da primavera.

Eu havia sido chamado para participar de uma pequena apresentação particular na casa da diretora Park, e já que é seu aniversário, não recusei o convite. Alguns acionistas e investidores estarão lá, então me sinto um pouco apreensivo enquanto o carro se move em meio aos outros na avenida, se aproximando cada vez mais do nosso destino.

Na tarde anterior, eu havia tido uma consulta com o Dr. Seo, e pela primeira vez, durante o processo de regressão, eu interagi com uma nova memória. Eu estava sentado numa varanda, enquanto observava Benjamin correr alegremente pelo gramado. Ele tinha um sorriso genuinamente alegre e inocente gravado no rosto, enquanto pulava e rodopiava de um lado para o outro, no meio de alguns pares de borboletas amarelas. Benjamin parecia estar dançando ao som de uma melodia que só ele conhecia, conversando com ela através de seus movimentos. Dentre todos os sonhos que já tive com o meu passado, esse com certeza foi o mais bonito.

Quando acordei, descrevi o que vi, ao meu terapeuta, que escreveu tudo pacientemente em meu prontuário. Foi um pequeno progresso em minha busca por respostas, mas que significa muito num contexto geral. Estou orgulhoso de mim mesmo.

Depois que o motorista me deixa no endereço, entrego meu convite para um segurança parado entrada, que libera minha passagem. Em seguida ando por um caminho de rochas planas no meio da grama até parar na porta, e assim que entro no salão da enorme casa sou surpreendido com atmosfera muito mais requintada do que eu imaginava. Dois pares de lustres que banham uma luminosidade num tom de branco quente em todo ambiente, fazem um par um tanto quanto inusitado com um clássico piso preto e branco, que mais parece um tabuleiro de xadrez. É um salão amplo e com pé direito alto, que possui grandes janelas de vidro temperado. Não vi nenhum rosto conhecido, porém não deixei transparecer a minha preocupação; apenas continuei caminhando por entre os convidados, sem rumo, mas fingindo saber o que estou à fazer.

Depois de algum tempo vagando, meus olhos finalmente encontram com o rosto fino da diretora, que veste um conjunto de roupas brancas, que lhe dão um ar elegante, digno de uma aniversariante. Vou até ela, andando meio torto por causa do sapato desconfortável.

ㅡ Feliz aniversário! ㅡ digo, mas ela parece não dar muita importância: apenas exibe um sorriso ameno e então me puxa pelo braço, até um grupo de pessoas mais velhas que estão conversando.

ㅡ Esse é o aluno que eu mencionei antes... ㅡ diz a Sra. Park ao meu lado ㅡ O violinista, Lee Heeseung.

ㅡ Oh... olá, muito prazer ㅡ eu saudo os convidados com uma meia reverência.

Os mais velhos fazem comentários entre si, com expressões satisfeitas em seus rostos.

ㅡ Tocou lindamente no último concerto ㅡ disse uma mulher alta, com os cabelos claros presos num coque baixo.

ㅡ É verdade! Aliás, por que escondeu uma jóia dessas por tanto tempo, Park Nari? ㅡ um homem barbudo indaga à diretora, que responde com nada além de um mero sorriso.

ㅡ Teremos o privilégio de ouvirmos ele tocar hoje?

ㅡ Sim ㅡ ela diz, antes de se voltar para mim ㅡ Os demais já estão ao seu aguardo na antessala ㅡ diz apontando na direção de um par de portas de vidro, com seu indicador. Assinto com a cabeça e peço licença antes de me retirar.

Run to you • ENHYPEN Where stories live. Discover now