[extra] I Ato: Amor fati

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"A suprema felicidade da vida é ter a convicção de que somos amados." - Victor Hugo.

𖡩

Park Jongseong

Todo esse tempo se passou, e Heeseung ainda tem medo de andar de moto. Apesar de tentar esconder isso, seus dedos frios não mentem para mim. Estamos deslizando pelo asfalto escuro, rumo ao nosso destino, e ele está agarrado firmemente em minha cintura, com o queixo apoiado em meu ombro direito; está quieto por estar um pouco apreensivo, então, apesar de não gostar, sempre que estou com ele, acabo indo mais devagar, para não deixá-lo tão assustado.

O verão chegou em Seoul e eu aproveitei a oportunidade para levá-lo ao Guri Hangang park mais uma vez ㅡ queria fazer isso já tem um bom tempo, para relembrar a outra vez em que estivemos lá. Ele, claro, não negou; na realidade, é difícil ter algo que ele negue à mim desde que voltou. Eu sinto que ele age assim não só porque gosta de mim, mas também porque ainda se sente mal pelo passado; é como uma forma de me compensar pelo jeito como as coisas aconteceram. Eu não ligo muito... com tanto que isso o ajude à se sentir melhor, eu não pretendo dizer nada.

ㅡ Chegamos bebezão ㅡ aviso tirando o capacete e virando levemente a cabeça para olhá-lo.

ㅡ Quem você tá chamando de bebezão? ㅡ ele reclama, descendo da moto e logo em seguida tirando seu capacete também. Seus cabelos ficaram uma completa zona.

Solto uma risada antes de também descer da moto. Me pus em sua frente e com as pontas dos dedos, ajeitei seus cabelos naturalmente negros no lugar. Heeseung na verdade não é um velhote como eu costumava dizer, ele é mais como um bebê ㅡ um bebê gigante ㅡ e que requer muito cuidado e atenção.

ㅡ Do que você tá rindo? ㅡ indaga com um minúsculo sorriso na face.

ㅡ Eu não posso mais sorrir? ㅡ faço bico.

Heeseung curva os lábios ainda mais, e sem dizer nada sai andando para longe, se negando a me esperar. Ele está tentando fingir estar chateado, mas não consegue conter o próprio sorriso; está fazendo charminho de novo, e fica uma graça quando faz isso.

Com o tempo, aprendi a reconhecer suas novas manias, trejeitos e sinais que ele dá sem querer, e que sempre entregam o que está pensando ou sentindo, e quanto mais o observo, mais descubro detalhes ㅡ preciosidades ㅡ que fazem ainda maior o sentimento que tenho por ele.

ㅡ Lee Heeseung?! Aonde pensa que vai?! ㅡ grito no meio do estacionamento, chamando a atenção de algumas pessoas que passam pelo local.

O mais velho se volta para mim com os olhos arregalados, morto de vergonha, antes de sair correndo na direção oposta. Corro também, e como sou mais rápido, o alcanço em segundos, agarrando sua mão.

ㅡ Por que faz essas coisas? ㅡ ele ri, exibindo suas bochechas vermelhas ㅡ Gosta de me ver passar vergonha?

ㅡ Do que tá reclamando? A culpa é sua ㅡ aponto, e ele ameaça morder meu dedo ㅡ Ninguém mandou fugir de mim.

ㅡ Ninguém mandou me encher a paciência.

ㅡ Ninguém mandou nascer bonito desse jeito.

Ele abre a boca pra falar, mas desiste logo em seguida. Heeseung não aguenta ouvir um elogio sem ficar desconcertado.

ㅡ Vem, vamos lá ㅡ entrelaço nossas mãos, o guiando pelo caminho.

O parque verde à beira do largo rio Han não havia mudado quase nada desde a última vez em que eu estivera aqui com ele. Ainda haviam os lagos repletos de flores de Lotus, e a enorme variedade de plantas perenes como Cosmos, Coreópsis e Miosótis, além de arbustos das mais diversas formas e tons de verde. Nos sentamos na grama, pegando parte da sombra feita pelas árvores; o rio de cor cinzenta está bem à nossa frente. Sem cerimônia, Heeseung relaxou, deitando a cabeça em minhas coxas, se sentindo bem a vontade. Seus cabelos estão mais compridos, então suas mechas levemente onduladas estavam espalhadas sobre os meus jeans claros; uma visão bonita. Já tem alguns meses que ele voltou, mas vê-lo deitado em meu colo ainda parece surreal; ele sumiu por tanto tempo que já estava me acostumando com a idéia de que ele não fosse voltar mais.

Run to you • ENHYPEN Where stories live. Discover now