[extra] II Ato: (Auto)perdão

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"Se eu escolhesse meu caminho, eu estaria ao seu lado, mas há certas coisas na vida que você não pode mudar." - Yamaha, Delta spirit.

𖡩

Kim Sunoo

Adaptação. Não é essa a palavra que define o sucesso e a sobrevivência do ser humano?

Ser adaptável à novos ambientes e novas realidades é essencial para que não tenhamos grandes problemas, e quem não consegue se adaptar, acaba sofrendo as consequências.

É a lei natural, segundo a ciência.

Porém, eu nunca fui do tipo de pessoa que se adapta fácil, até porque eu nunca precisei me adequar à nada fora de meu habitual. Tive uma infância e adolescência fácil, sempre me dei bem com todo mundo, e a palavra "dificuldade" tinha um significado bastante superficial pra mim. Por isso, ter acesso às memórias de Thomas Park foi algo extremamente traumático.

Indo contra a minha natureza pacífica, eu precisei me adaptar às novas lembranças que passei a carregar comigo ㅡ além das emoções que elas evocam. Foi como despejar tinta vermelha num pote de tinta verde... O resultado não foi nada agradável.

É certo que eu já havia tido alguns sonhos estranhos quando era mais jovem, mas eles desapareceram com o tempo, e eu acabei os esquecendo. Mas desde que aquele garoto apareceu na academia, tudo isso começou a mudar...

Ethan foi a primeira pessoa da qual eu me lembrei... Na época eu não havia pensado dessa forma, mas com certeza deveria haver um "por quê" para isso.

Entre nós quatro, nada acontecia sem motivo, isso é um fato.

ㅡ Acaso... destino... karma... ㅡ penso em voz alta, sem querer, mas ninguém além de mim pôde ouvir.

Um pouco entediado, fito o relógio em meu pulso pela terceira vez nos últimos dois minutos. Ele está atrasado.

Lee Heeseung havia entrado em contato comigo ㅡ ele queria me encontrar ㅡ, e mesmo pouco à vontade com a ideia, eu aceitei vê-lo num café não muito longe da academia, onde agora ele está ministrando aulas.

Dentre todas as pessoas no mundo, ele era a última de quem eu esperaria um convite para um café, ainda mais num dia como hoje. Achei estranho, mas por educação, e acima de tudo curiosidade, resolvi aceitar.

Enquanto pensava sobre isso, coincidentemente ou não, Heeseung finalmente chega ao local que combinamos, ainda que bastante atrasado. Pela porta de vidro, eu o observo, e para minha surpresa, ao seu lado, vejo o irmão mais velho de Sunghoon, o Jongseong, acompanhando-o.

O jeito intensamente focado como ele olha para Heeseung me faz sentir um pouco de inveja, mesmo sem saber o que há entre ambos. O moreno parece apreensivo em deixá-lo, mas acaba indo embora após dar um beijo rápido na bochecha do mais velho. Pelo menos, pareceu ser na bochecha...

Eles são um casal...?

Depois de ver o outro partir, Heeseung entra no café, trazendo consigo o cheiro morno da rua, que mescla fumaça com comida frita, e um perfume doce, que deve estar vindo de suas roupas.

ㅡ Lee Heeseung...

ㅡ Kim Sunoo... ㅡ ele repete o mesmo tom que eu usei ㅡ Há quanto tempo ㅡ ele sorri de leve.

Run to you • ENHYPEN Where stories live. Discover now