11. Carinho

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"Não existe dor pior que a de um coração partido" - L.S.

𖡩

À noite, na volta para a escola, o clima está ainda mais gelado. Mesmo com a jaqueta, ainda sinto o frio penetrar o tecido e tocar minha pele. Jay pilota sua moto rapidamente pelas ruas da cidade, enquanto eu não consigo deixar de pensar sobre o que ele me disse mais cedo.

"Eu vou te fazer se apaixonar por mim, Lee Heeseung", ele havia falado.

Eu nunca estive apaixonado por alguém antes, e nunca me senti atraído por ninguém além da pessoa em meus sonhos. Sinto um mal pressentimento sobre o que ele me disse... não quero vê-lo machucado ou desapontado comigo. Isso me preocupa. Me preocupa de mais.

Gosto bastantes de estar em sua companhia, mas muito provavelmente, não pelo mesmo motivo que ele. Gostaria apenas de poder manter as coisas num campo seguro como antes, não quero perder o laço que criei com Jay.

Com a cabeça repousando sobre as costas dele, mal percebo quando finalmente paramos no estacionamento subterrâneo da escola.

ㅡ Você vai dormir agora? ㅡ ele indaga, guardando os capacetes.

Nego com a cabeça.

ㅡ Quer ficar um pouco no terraço comigo?

ㅡ Pode ser ㅡ digo, já sabendo que de qualquer forma, a agitação em minha mente não me deixaria dormir tão cedo.

Passamos pelo pomposo saguão principal, decorado com pinturas longuilínaeas e retratos de concertos antigos, onde há bastante movimento, considerando-se o horário.

Fomos até a ala estudantil, um pouco mais simples, onde depois de subir o primeiro lance das escadas de mármore, meu olhar encontra com os olhos tristes de Sunghoon, com quem quase me bato. O pianista está vestindo um terno simples e inteiramente negro ㅡ me pergunto qual será a ocasião ㅡ em sua companhia, Kim Sunoo tem uma expressão igualmente pesarosa na face rosada.

Eles não tinham dado um tempo?
Será que eles voltaram?

ㅡ Onde você tava? ㅡ pergunta com dureza ao irmão mais velho, que está parado ao meu lado.

ㅡ Eu tava com o Heeseung. Passei o dia com ele ㅡ diz, passando o braço pelos meus ombros, com possessividade.

Sunghoon olha para cena com evidente desgosto, o que me faz sentir ainda mais desconfortável. Tiro o braço alheio de cima de mim, não colaborando com sua cena.

ㅡ Eu te liguei a tarde toda... ㅡ diz à mim ㅡ Foi por isso que não me atendeu?

A tarde toda?

ㅡ Ah... É que eu ainda não consertei meu celular... Me desculpe.

Meu celular quebrou com o impacto da queda que levei antes de ir pro hospital há algumas semanas, ainda não recebi a "mesada" que a escola dá aos estudantes bolsistas, então não pude por ele para concertar.

ㅡ Hm... ㅡ ele balança a cabeça, pondo as mãos nos bolsos.

Atrás dele, Sunoo observa nossa conversa em silêncio. Em seu rosto, vejo um olhar julgador sobre Jay.

ㅡ Você pode deixar a gente passar agora? ㅡ pede o loiro, com um tom irritado na voz.

ㅡ Você não tem nada pra me dizer? ㅡ Sunghoon permanece parado, alguns degraus acima de nós.

Run to you • ENHYPEN Where stories live. Discover now