28. Karma

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"Aplaudam meus amigos, a comédia acabou..." - Beethoven.

𖡩

Me acordei arfando, como se tivesse ficado submerso na água por muito tempo, e finalmente tivesse voltado à superfície. Minha cabeça latejava e meu corpo inteiro tremia, ainda em choque por tudo o que eu tinha acabado de vivenciar durante o processo de regressão.

ㅡ Heeseung? Lee Heeseung? ㅡ o Dr. Seo ergue minha pálpebra e põe uma lanterna na frente, me deixando cego momentaneamente ㅡ Pode me ouvir?

ㅡ Sim... ㅡ eu afasto a luz cortante, do meu campo de visão.

Ele suspira, aliviado, desligando com um 'click' a sua lanterna em forma de caneta.

ㅡ Não posso mais fazer isso, você quase não acordou agora há pouco... ㅡ ele diz ㅡ O seu caso me intriga, e eu realmente quero ajudá-lo, mas temos que ir com calma; eu poderia perder a minha licença se alguém soubesse desse ocorrido.

ㅡ Tudo bem, eu não vou falar à ninguém, e eu... eu já vi tudo o que precisava...

ㅡ Viu? ㅡ indaga e eu assinto ㅡ E pode me dizer o que viu? ㅡ ele prepara a caneta esferográfica para começar a anotar.

ㅡ Você já não sabe da história toda? ㅡ falo pensando em Sunoo.

ㅡ Cada um tem um ponto de vista diferente; não tem como a sua versão e a de Kim Sunoo serem idênticas.

Enquanto pensava sobre isso, as peças do quebra cabeça começaram à se encaixar, e várias coisas do que venho vivido passaram à fazer sentindo finalmente; tudo realmente era por causa da vida passada...

Foi por causa disso que desde o início eu detestei Sunoo, e só a sua presença me irritava. Foi por isso que à princípio, inconscientemente eu evitei Sunghoon, e só o observava de longe. Foi por isso que eu me sentia bem quando estava com Jay, gostava de seu toque e de passar tempo com ele... Eram as minhas memórias e sentimentos adormecidos, que queriam voltar para me alertar sobre tudo o que estava acontecendo novamente, num looping quase perfeito.

Enquanto me dou conta de tudo isso, solto uma risada irônica, sentindo o bolo em minha garganta ficar cada vez maior. O destino não tem pena... ele é realmente muito cruel.

ㅡ Os sonhos que eu tinha com o Benjamin... houve uma época, quando eu achava que era o Sunghoon, em que eu cheguei a pensar que era o destino... que o destino havia nos levado um para o outro... Apesar de ser irracional, eu cheguei a pensar isso... ㅡ eu começo a lacrimejar sem querer ㅡ Mas não era nada disso... os sonhos eram na verdade um alerta; eram como um aviso para que eu ficasse longe dele; por isso eu nunca me esqueci daquele rosto ㅡ eu abaixo a cabeça até encostar nos joelhos ㅡ Meu Deus como eu pude ser tão cego?

ㅡ Não se culpe tanto, Heeseung. Não tinha como você saber, você não lembrava de tudo.

ㅡ Exato... Como eu pude não lembrar que ele morreu por minha culpa? Como eu pude lembrar de algo trivial como nossos beijos e aquela maldita música, mas esquecer da coisa mais importante de todas?

ㅡ Acha que ele morreu por causa do Ethan? ㅡ indaga.

ㅡ É... eu tenho certeza... ㅡ ergo a cabeça e enxugo um par de lágrimas que insistiu em cair.

Run to you • ENHYPEN Where stories live. Discover now