- A Sagrada Árvore Alial -

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Derion imediatamente pôs-se de pé, colocou as mãos para atrás e inclinou levemente a cabeça diante do governante de Nerendor. 

— É uma honra estar em sua presença, Senhor Grimbor. — Torceu para que tais palavras de cortesia fossem as corretas, já que aquela não era uma situação cotidiana. 

— É uma honra mesmo? Me alegra saber que ainda sou respeitado entre os mais jovens. — Ele abriu um ligeiro sorriso e passou pelo rapaz, foi em direção à pedra que ele estava sentado. — Soube que você veio aqui todos os dias após as aulas, assim como eu aconselhei. Pelo visto, tem lhe agradado estar na presença da Árvore Alial. 

— Sim. A Árvore é... fabulosa. Me traz certa... iluminação. — Derion tinha o juízo de não expressar sua dúvida em relação ao "aconselhei" dito pelo ejion. Estava convicto que o suposto conselho se tratava de uma explícita ordem lhe dada naquela noite no escritório.  

O ejion ainda o observava como se estivesse esperando algo a partir dele. Estavam a uma curta distância um do outro, Derion ainda permanecia de pé com as mãos para trás enquanto Grimbor estava sentado na pedra com a lança apoiada em seu ombro. 

— O senhor quer que eu vá embora? — O rapaz começou a ficar incomodado com o silêncio que se estabeleceu no local.

— Na verdade eu vim aqui justamente porque queria conversar com você, Derion. 

— Oh... sobre o quê exatamente? 

— Sobre o seu desempenho no último teste. Eu tive a impressão de que você hesitou em responder a questão relacionada à Crença Alial, e meus olhos não me enganam. Eu gostaria de saber porquê isso aconteceu. 

Um calafrio percorreu o corpo de Derion, mas talvez tenha sido causado pelo vento fresco do local. 

— Eu... não tive certeza se o que veio em minha mente era a resposta mais adequada. — Ele tentou não olhar diretamente para o seu questionador.

— Hmm. E o que foi que veio em sua mente naquele momento? 

— Eu não me lembro ao certo. — Mais uma vez ele desviou o olhar. 

Grimbor o fitou por alguns segundos, o que se mostrou uma tortura para Derion, como se ele estivesse com a mente exposta para ser vista e sua mentira descoberta. 

— Mesmo eu sendo um ejion, não posso ver a mente de um andor. Mas tenho a percepção suficientemente boa para interpretar quando alguém está mentindo. 

Derion estremeceu, e percebeu que não adiantaria ocultar a verdade para aquele ser. 

— Eu... senti um conflito dentro de mim naquele momento — disse ele. — Mesmo que eu afirmasse que a Crença Alial era a única cultura que deve ser praticada, eu não reconheço isso como uma forma de liberdade. Não consigo aceitar que quem não segue a Crença deve ser punido. Não digo isso por rebeldia, Senhor Grimbor, eu só não consigo aceitar. 

Suas palavras foram breves, mas também mais reveladoras do que ele desejava. Derion olhava diretamente nos olhos do ejion que não demonstrou nenhuma mudança de expressão. Mas aqueles olhos lhe incomodavam, com um castanho tão claro que quase tornava-se luminescente. 

— Eu entendo o conflito que você está passando em seu interior, Derion — disse ele de forma solene, o que surpreendeu o rapaz. 

— O senhor entende?

— Sim, pois eu mesmo já refleti sobre essas questões há muitos séculos atrás. 

— Como pode se questionar sobre isso? — Derion perguntou com incredulidade no que ele havia dito. — O senhor é um Ejion enviado pelos Seres Aliais.

A Pretensão dos CavaleirosWhere stories live. Discover now