Marion guarda todos presentes recebidos, joias, roupas ou até mesmo alguns acessórios, em uma mala, sem pretensão de usar. O seu coração ainda não havia perdoado tudo o que seu pai um dia já fez, e não era através de presentes que ele iria conseguir o seu perdão.

A melhor parte da longa viagem de Robert, era que Marion tinha a liberdade de ir passar um tempo na casa de sua família, com o seu irmão. Como evitava encontrar seu pai, aproveitou que ele estava ausente, e junto ao seu namorado, que estavam dispensados das suas aulas devido às férias de fim de ano, aproveitavam oportunidade para reencontrar Marcus, apesar que boa parte do tempo o rapaz acabava dedicando ao trabalho, mesmo com visitas em casa. A vida política sempre exigiu muito dele.

Após a morte de Roberta, ele continuava trabalhando sem parar, descarregando toda sua dor em seus afazeres. Marion sabia que tudo aquilo era saudades, e conseguia imaginar como o irmão estaria se sentindo naqueles últimos tempos. Apesar de ter tentando sair com pessoas novas, como Mikaylla, ou até mesmo com uma amiga da mesma profissão, nenhuma deu certo. Mikaylla descobriu que seu amor por esportes era falsidade e isso não havia sido o problema, mas sim porque a garota odiava mentiras. Já sua companheira de trabalho percebeu que não passava de uma válvula de escape. No fundo, Marion sabia que Marcus não importava-se com aquilo. Em seu coração aprofundava-se algo maior do que a dor de ser dispensado; a dor da perda.

Após um longo tempo no banho, ambos já estavam arrumados para um dia caloroso. Marion, como sempre, havia ficado pronta primeiro, e vestia seu shorts, acompanhado por uma blusa listrada com as cores do arco-íris, e uma bolsa vermelha em suas costas. Nicolas, vestia-se com cores mais opacas. Bermuda bege e camisa preta. Eles se entreolharam e deram risada, sem dizer uma única palavra um para o outro. Ambos sabiam qual era o motivo do riso. Antes era a garota que vestia-se com cores mais discretas e casuais, e o professor sempre esbanjava suas camisas coloridas diariamente, principalmente quando era relacionada a algum time de futebol.

— Acho que Marcus já saiu. — Marion pronunciou, encontrando a casa deserta assim que saiu do seu quarto.

— Sim. Também acho. — Ele especulou. — Coloque algumas comidas na bolsa. Vou te levar em um lugar hoje.

— Aonde?

— Surpresa.

— Você não conhece nada em Los Angeles. — Ela especulou, confusa.

— Conheço um lugar. — Admitiu.

— Tudo bem, vou colocar comida na bolsa. — Caminhou em direção a cozinha.

Não demorou para que Marion empanturrasse sua bolsa de alimentos, ela estava ansiosa para saber aonde Nicolas pretendia levá-la. Os planos, antes, eram fazer um piquenique junto com Marcus. Considerando a comida, os planos ainda não haviam mudado, porém, talvez ocorresse uma mudança do lugar, e Marcus não estaria junto deles.

Assim que entraram no carro, o professor muito insistente por ir dirigindo, — tentando disfarçar o medo que era estar em um carro com sua namorada pilotando — acabou conseguindo assumir o volante. O caminho não parecia estranho, pelo contrário, era muito familiar. Quando soube aonde o rapaz pretendia chegar, passou o resto do caminho encarando o seu rosto com uma fisionomia furiosa.

No momento em que Nicolas estacionou o carro, Marion pode ver a placa informando aonde eles estavam; Floresta Nacional de Los Angeles. O professor não ria da situação, então a garota concluiu que aquilo não era uma brincadeira inconveniente. Soltando uma respiração profunda, a jovem questionou:

— Por que me trouxe aqui?

— Achei que seria bom para nós. — Admitiu. — Nós sempre visitamos essa floresta durante a escuridão, em meio a circunstâncias turbulentas, e eu achei que poderíamos ter uma nova visão encarando ela durante o dia. — Ele pronunciou. — Também me embrulha o estômago só de ver esse lugar, faz pouco tempo que desenvolvi essa ideia, e acho que faria bem para mim. Gostaria de fazer isso ao seu lado, mas se não sentir-se bem, podemos ir embora.

A Morte Te SegueWhere stories live. Discover now