"As pessoas só ficam realmente interessantes quando começam a sacudir as grades de suas gaiolas."
Alain Botton.Era possível perceber a correnteza de sentimentos que Mark nutria por aquela garota à sua frente somente pelo modo como analisava cada movimento dela, mas também era nítido o quanto estava ressentido com os últimos acontecimentos. Marion entendia perfeitamente o motivo do ressentimento, mas ainda não conseguia compreender sua presença em Los Angeles.
— Desculpa te seguir até aqui. — Ele respondeu, desviando seus olhos do chão. — Depois de tudo o que ocorreu, eu precisava te ver... E te falar uma coisa.
— O que houve?
— Eu sei que você está com o Nicolas, mas... — O rapaz calou-se, tentando buscar palavras adequadas para aquele momento.
— Mas o que, Mark? — Indagou, curiosa. — Se for sobre seus sentimentos, como eu já disse...
— Não é isso! — Alertou. — É sobre aquela noite que Olga foi assassinada. Você não foi a única que teve uma discussão com ela.
— O que quer dizer com isso?
— Nicolas discutiu com ela e com o Alexander naquela noite, antes de subirmos para o seu quarto. — Ele suspirou, demonstrando o nervosismo de estar falando aquilo. — A Olga estava bêbada, e quando Nicolas chegou na república, ela jogou-se em cima dele, e eles discutiram muito.
Mark estava nervoso ao contar aquilo, e seu nervosismo era perceptível para Marion. Ao mesmo tempo que ele falava, parecia que uma eletricidade passeava por todo seu corpo, fazendo com que fosse impossível manter-se quieto. Desde quando havia começado a justificar o motivo de estar ali, seus pés batiam incessantemente no chão, e suas mãos deslizavam constantemente pelos cabelos loiros e sedosos.
— E Alexander? — Marion questionou, ainda que estivesse confusa, tentava ter compaixão pelo rapaz à sua frente.
— Naquela noite, o Alexander falou umas besteiras. Te chamou de mentirosa. — O jovem ponderou. — Nós dois discutimos verbalmente com ele, mas foi Nicolas quem lhe deu um soco. — Admitiu. — Algumas pessoas interviram, mas Nicolas falou que se ele fizesse mais alguma coisa, ele iria matá-lo. Não sei se foi no sentido figurado, mas somente eu ouvi. Logo após, subimos para o seu quarto.
— Nicolas não mataria...
— Você não sabe. — Interrompeu. — Isso é uma atitude suspeita. A polícia deveria saber. — Pronunciou, com a respiração ainda ofegante. — Você não pode levar a culpa por isso. Por ele.
— Mark, como você veio até Los Angeles? — Marion questionou, apreensiva.
— Dirigindo.
— E você veio apenas me falar isso? — Ela questionou, confusa. — Você poderia falar por telefone.
— Eu precisava ver se você estava bem. Precisava olhar em seus olhos. — Especulou, deslizando as mãos sob o rosto da jovem. — Eu precisava ouvir sua voz, sentir seu cheiro. — Seus olhos começaram a marejar, e um sorriso triste tomou conta de seus lábios. — Eu não consigo te esquecer, mas respeito sua escolha. — Afirmou. — Eu sabia que hoje iria ter esse pronunciamento, e achei que poderia falar com a sua família para poder te ver. Foi uma surpresa te encontrar aqui.
— Mark, obrigada por tudo. Mas meus sentimentos não mudaram. — Marion encarou o rapaz com pena, e ele assentiu.
— Tudo bem. — Emitiu um sorriso triste, e despejou um beijo em sua bochecha. — Nem os meus.
ESTÁ A LER
A Morte Te Segue
Mystery / ThrillerNa Universidade do Colorado em Boulder, após o caos ser orquestrado, há paz. Após uma semana intensa de provas, há férias. Após um semestre de recuperação, há festas de fim de ano. Porém, ninguém esperava que os tão esperados jogos universitários se...