Capítulo 3

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"Mas eis a hora de partir: eu para morte, vós
para a vida. Quem de nós segue o melhor
rumo ninguém o sabe, exceto os deuses."
Sócrates.

Nicolas estava em um sono profundo, até começar a sentir uma dor águda em seu corpo por ter dormido no chão. Decidiu então abrir os olhos, e foi quando vislumbrou os cabelos de Margot próximo ao seu rosto, expelindo um cheiro intenso de camomila. Ela estava aconchegada em seu peito, tomada por um sono profundo. —  Ótimo, pelo menos a nervosinha não passou a noite inteira com a cabeça no chão frio e duro. —  Nicolas pensou, em ironia. Ao mesmo tempo sentiu vontade de rir, pois depois de tanta marra e orgulho presenciados naquela mulher ontem a noite, não serviram de nada ao visualizar sua imagem tão complacente, acolhida ao seu corpo agora pela manhã.

O homem, com a cabeça doendo, começou a chacoalhar o pequeno corpo de Margot, para que pudesse levantar-se. A garota, depois de muito resmungar, levantou apressadamente quando reparou aonde estava deitada. A sua postura destemida voltou à tona, mostrando o mesmo desdém de horas atrás. — Nem parece a mesma menina que estava aconchegada em meus braços há alguns minutos. — Nicolas pensou.

— Dormiu bem? —  Nicolas questionou, com sarcasmo.

— Não, você ronca demais. — Margot mentiu, tentando causar desconforto no professor.

Nicolas pegou o celular em seu bolso, e visualizou o horário. Seis da manhã. Seu pai já deveria estar chegando, e enfim ele estaria livre daquele pesadelo chamado Margot Franco.

Um breve silêncio se fez, até um barulho de passos no banheiro ressoar pelo local, e ao olhar para expressão no rosto da garota ao seu lado, Nicolas pode ver o que mais parecia ser uma expressão de horror do que alívio.

— Relaxa, é o meu...

Antes que pudesse terminar a frase, Margot colocou a mão em sua boca, na tentativa de faze-lo ficar quieto, porém, Nicolas logo afastou sua mão para longe, confuso com essa atitude.

— Você é louca? — O rapaz gritou.

— Fica quieto. — Margot sussurrou.

— Ficar quieto? É a nossa chance de sair daqui! —  Nicolas disse, com a voz exasperada.

Os dois concentraram sua atenção na porta assim que ouviram uma chave ser inserida na fechadura, e segundos após, a maçaneta girando sorrateiramente. Ao ser aberta vagarosamente, a porta rangeu. Margot apertou o braço do rapaz ao seu lado, como se fosse arrancar sua carne com as unhas. Assim que a imagem de um senhor grisalho apareceu, com roupas cinzas e um sorriso espontâneo, a paz tomou conta do ambiente, e fez com que a jovem ficasse mais tranquila.

— Filho? — O senhor questionou, olhando para Nicolas.

— Que bom que chegou, pai. — Nicolas disse, abraçando o senhor. — Essa é a Margot.

O senhor olhou rapidamente para garota acanhada em sua frente, e logo desviou o olhar para Nicolas novamente, com o cenho franzido.

— Já disse que é um problema ficar saindo com as meninas da univerdade, Nick. — Advertiu seu pai.

— Não meu senhor, ele não está saindo comigo. —  Margot protestou. — Eu ainda estou com todos meus neurônios no lugar para dar bola para o seu filho, com todo respeito.

— Fico feliz, minha jovem. Prazer, Harris Owen. — O velho sorriu.

— Sou Margot Franco. — Margot esticou os braços para Harris, que logo apertou a sua mão, e balançou sultimente. — Bom, eu já vou indo, mas em todo caso, foi um prazer em te conhecer, senhor Harris. Ah! E Nicolas, foi um total desprazer te conhecer.

A Morte Te SegueOù les histoires vivent. Découvrez maintenant