Capítulo 6

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"Mesmo sabendo que um dia a vida acaba, a gente nunca está preparado para perder alguém."
Nicholas Sparks.

— Não acredito que elas vieram. — Mikaylla bufou, entrevendo com desdém Olga Dyer, Sarah Strokes e Melinda Foster que estavam à sua frente. — Elas odiavam a Leonora.

O velório havia sido deprimente, e haviam uma grande quantidade de alunos e corpo docente presentes nele, para que ambos pudessem despedir-se da aluna, que havia começado um planejamento naquela universidade, mas por obra do destino, não pode terminar. A pior parte de todo aquele momento angustiante, literalmente, era a reação da avó materna de Leonora. A senhora baixa, de cabelos brancos e olhos inchados, era quem havia criado Leonora, pois seus pais haviam morrido em um acidente há muito tempo atrás, então o sentimento cultivado entre as duas era fraternal, praticamente de mãe e filha. A senhora debruçava-se em cima do corpo de sua neta, e chorava alto, lamentando sua perda.

A tentativa de Margot de manter-se forte falhou, pois logo após o velório, seguiram para o enterro, e quando abaixaram aquele caixão marrom escuro, para além da superfície em que todos estavam de pé, os seus olhos diluíram em lágrimas. Leonora nunca mais seria vista fisicamente de novo.

Margot avistou Nicolas ao lado de Olga, o professor deu um sorriso complacente para ela, como se soubesse o que estava pensando e sentindo. Sorrateiramente, ela sentiu uma mão deslizando por suas costas, e dois pares de olhos azuis com o fundo vermelho intenso, devido ao choro, fixaram nos seus, logo ao seu lado.

— Mark... — Margot sorriu ao avistar o rosto do amigo, e puxou ele para um abraço afetivo.

Mark Bradley abraçou a jovem ao seu lado com carinho. Os olhares de todos ao redor pairavam em direção aos dois, imaginando os mais diversos tipos de intencionalidades, e criando as mais absurdas teorias, transformando aquele momento carinhoso em falatório enganoso. A garota não deixava abalar-se, e não reduziu seu gesto de afeto por conta dos olhares maliciosos. Dentro dela, todo sentimento que era contemplado por Mark correspondia ao que ela contemplava por seu irmão mais velho, que com toda sua família egocêntrica, pai autoritário e tios intrometidos, o seu irmão era o único que fazia, verdadeiramente, falta.

— Leonora nos deixou. — Mark sussurrou, ainda naquele abraço.

— Vamos ser fortes... — Margot desfez o abraço e encarou o rapaz loiro, com cabelos embolados por gel, à sua frente. — por ela.

As últimas imagens do caixão de Leonora sendo soterrado pela vasta quantidade de terra, doía no coração de todos. E enquanto isso acontecia, Margot, Mark e Mikaylla ficaram em um abraço coletivo, mantendo a união e tentando buscar auxílio um no outro naquele momento difícil. O luto era pungente, feria mais que uma lança, e Margot, depois de tantos momentos assim, estava cansada de tantos machucados que o luto havia causado à ela.

Nicolas mantinha seu olhar atento na situação e nas pessoas ao seu redor, de certa forma, todas informações que havia recebido, finalmente o fizeram acreditar que aquilo não era um crime passional, e para livrar sua pele, estava disposto à desvendar  quem era o verdadeiro assassino do caso de Leonora. De certa forma, sua mente ainda girava em torno da probabilidade de Mark Bradley ser o culpado, só ao certo, ele não sabia o que estava lhe causando esse despretencioso palpite, se era a disputa ou a intuição. — Disputa por aquela menina é algo improvável, claro que é intuição. — Nicolas pensou.

Assim que o enterro terminou, aos poucos, o local foi esvaziando-se, exceto por algumas pessoas que ainda ficaram, incluindo os três amigos que estavam abraçados até o fim da cerimônia solene. Após minutos em silêncio, de mãos dadas, ao redor do túmulo de Leonora, resolveram que era a hora de ir embora.

A Morte Te SegueOnde as histórias ganham vida. Descobre agora