Capítulo 36

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"O encontro de duas personalidades assemelha-se ao contato de duas substâncias químicas: se alguma reação ocorre, ambos sofrem uma transformação."
Carl Jung.

Marion acariciava as costas despidas de Nicolas,  enquanto sua atividade consistia em apronfundar-se cada vez mais dentro dela. A jovem podia sentir a respiração dele ofegante em seu pescoço, ao mesmo tempo que o cheiro de perfume que a pele do professor exalava entrava diretamente pelas suas narinas, fazendo com que todo o seu corpo atingisse o descontrole e entrasse em combustão. Já fazia um ano em que ela havia aceito aquele pedido no cemitério, que por ironia do destino, apesar de ter sido feito em um cemitério, cada dia mais  fazia com que se sentisse viva. Em chamas. Chamas que somente ele era capaz de provocar.

Nicolas sentiu as pernas da garota rodearem sua cintura, e aproveitou a situação para pegá-la no colo, encostando seu corpo contra a parede, continuando com os mesmos movimentos que prosseguia em cima daquela cama. Ele segurou uma pequena madeixa do cabelo dela, puxando levemente para trás, podendo ter uma visão nítida de seu rosto, carregado pela incontinência.  Marion estava totalmente entregue, sem a capacidade de controlar seus atos, e sem vontade também. O professor sorriu em resposta, ainda observando seus olhos fechados e sua cabeça jogada para trás. No fundo, ele sabia que também estava daquela forma. Descontrolado. Enlouquecido. No limite.

Logo a boca do homem encontrou-se com o pescoço de Marion. A sua pele suada emanando um doce perfume de camomila fez com que Nicolas entrelaçasse sua língua com fevor naquele espaço, e descesse seus lábios cada vez mais, abrangendo toda área entre seu colo e seios.

Assim que o professor ouviu um gemido mais alto saindo da boca da garota, soube que ela havia chegado ao ápice, e não demorou muito para que chegasse também, soltando um bramido audível, forçando Marion colocar a mão em sua boca, com receio que alguém escutasse.

— Você faz isso mais alto que eu. — Protestou, ao respirar cansado no ombro da garota.

— É que você não consegue se ouvir, Nick. Parece um leão com gastrite. — Argumentou.

— E você uma hiena levando pancada na cabeça. — Respondeu, emburrado.

Ainda exaustos, Nicolas retirou o corpo de Marion da parede e transitou com a garota no colo em passos lentos até o banheiro, fazendo com que ela se perguntasse o que ele estaria fazendo à aquela altura. Seu questionamento foi esclarecido quando o rapaz colocou seu corpo, sem nenhum cuidado, na banheira. Marion ficou um tempo submersa, e voltou para a superfície tossindo, observando o sorriso traiçoeiro no rosto do professor. Ele havia colocado a banheira para encher antes dela acordar, com a única finalidade de fazer aquilo.

— Vamos tomar banho antes que Marcus acorde. — A garota alertou.

— Com seus gritos já deve ter acordado. — Provocou.

Marion olhou para o professor zangada, mas ao mesmo tempo queria cair na gargalhada. A vida com ele era assim; cheia de provocações, humor e amor. Ela não tinha mais nada a pedir além disso, já era o bastante.

O tempo lhe ensinou a demonstrar seus sentimentos com mais facilidade, mesmo que apenas em ocasiões que realmente havia necessidade. Marion não sentia-se mas travada ou engasgada ao fazer aquilo, fluía normalmente. As sessões de terapia com Tara estavam trazendo resultados positivos, e apesar de ainda ser a mesma pessoa — sem identidade falsa — sentia-se diferente, por dentro e por fora.

A relação com seu pai, que antes era resumida em conflitos, voltou a ser resumida em distância. Após o surpreendente pedido de desculpas naquele memorial, Robert Sparza passou ainda algum tempo trabalhando em sua profissão, como senador. Porém, não demorou muito para meses depois renunciar ao cargo. Marion achou que aquilo nunca iria acontecer. Sempre teve a convicção que seu pai iria morrer de infarto atrás da mesa de trabalho, porém, agora ele estava de férias, sem previsão de volta, viajando por diversos países, e ao que se sabe, sem nenhuma companhia. A chegada de presentes das viagens que Robert fazia era constante, a maioria deles, para a confusão de todos, era destinado à sua filha mais nova. Sem nenhum tipo de mensagem ou bilhete, o senhor apenas se limitava em colocar o nome do remetente e destinatário. Ele nunca havia sido bom com palavras.

A Morte Te SegueTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon