Capítulo 20

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"Querer ser outra pessoa é uma completa perda de tempo da pessoa que você é."
Kurt Cobain.

— Fiquei todo esse tempo tentando encontrar uma melhor maneira de abordar esse assunto com você. — Nicolas pronunciou, observando a garota sentada em sua cama, acuada. Depois de muito tempo procurando, ela havia encontrado a sua chave dentro da bolsa, e caminhado em direção ao quarto sem ao menos dizer uma única palavra, como uma criança quando é pega fazendo alguma arte. — Eu percebi que não tem um jeito bom de falar sobre esse assunto, então resolvi ser direto.

— Você contou para alguém sobre mim?

— Não, mas conversei com seu irmão e com a namorada dele, Roberta. — Assumiu. — E também com um filho da puta chamado Cameron.

— Ele me odeia. — Admitiu.

— E eu não sei? — O professor riu com sarcasmo. — Vamos, Marion...

— Continue me chamando de Margot Franco. — Ela protestou.

— Não irei participar disso. Esse não é o seu nome. — Advertiu. — Odeio mentiras. Pode mudar seu endereço e sua identidade, mas não quem você é. Você é Marion Sparza, filha de um político emburrado, irmã de um engomadinho metido, está envolvida em uma história um tanto quanto estranha, e se esconde atrás dessa pessoa que você mesma criou. É uma vida falsa.

— Meu pai criou. — A jovem admitiu, defendendo-se. — Ele me forjou essa identidade para viver uma nova vida, longe de todos problemas de Los Angeles, em troca de não perturbar os negócios dele. Assim eu ficava longe das polêmicas que estavam manchando o nome da minha família, e também, dos crimes que eu estava sendo acusada. Era a escolha mais fácil, e como sou covarde, optei por ela.

— Não é questão de ser covarde, linda. — Nicolas sentou-se ao seu lado, encarando os olhos esverdeados que já marejavam em decorrer das lembranças que emergiram. — É questão de optar pelo o que é certo. Não é fugindo de quem você é que seus problemas vão acabar.

— Achei que com isso as pessoas ao meu redor iriam parar de morrer. — Assumiu, com a voz embargada pelo choro. — Me senti capaz de despistar a polícia, a mídia e o assassino. Ficar longe da minha antiga vida estava sendo tão libertador... Mas tudo está desmoronando de novo, Nick. Eu posso sentir.

— Eu irei te fazer as mesmas perguntas que fiz anteriormente e quero que responda com franqueza. — Nicolas especulou, e Margot assentiu em concordância. — Quantas vítimas você conhecia?

— Todas.

— Inez Hull, a primeira vítima. Eu fiquei sabendo da história pelos seus amigos de Los Angeles. — Ele comentou. — Cameron era namorado dela, me pareceu muito revoltado com você por não ter ajudado a garota naquela noite.

— Não somente ele, mas os pais da Inez e alguns de nossos amigos também. Todos me culparam, falaram que negar ajuda para alguém que precisava também era um crime. — Especulou, deixando uma lágrima persistente cair de um de seus olhos, escorrendo pela sua bochecha. — Eu me culpo na mesma intensidade. Nunca esqueci da imagem de Inez esticando os braços, pedindo ajuda. A minha ajuda. — Balançou a cabeça negativamente. — Infelizmente, não posso voltar no tempo.

— A culpa não foi sua. No instinto qualquer um teria corrido. — Afirmou, elevando seu polegar para impedir que a lágrima derramada continuasse escorrendo.

— Aposto que você não.

— Apostou certo. — Admitiu. — Eu teria desmaiado antes de começar a correr. — Mentiu, provocando um riso espontâneo na garota.

A Morte Te SegueWhere stories live. Discover now