Capítulo 16

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"Não deixe que a força de uma impressão tire o seu equilíbrio quando ela se abater sobre você pela primeira vez; diga apenas: Espere um momento; deixe-me ver quem você é e o que representa. Deixe-me testá-la"
Epicteto.

Já faziam muitas horas que Nicolas estava dirigindo, e após percorrer vários tipos de pistas, nem mesmo o GPS foi capaz de impedir que ele ficasse perdido algumas vezes. O homem nunca havia transitado do Colorado para Califórnia em nenhuma circunstância, porém, não achou que a primeira vez seria sozinho, e ainda mais, por causa de uma mulher. — Não, não é por causa dela. É por causa da investigação. Apenas isso. —  Nicolas ponderou, tentando convencer a si mesmo. Ele havia conseguido o endereço de Marcus Sparza através de suas redes sociais. O rapaz não postava foto com amigos e família. A maioria das fotos era somente dele, em congressos, viagens e fazendo boas ações para pessoas mais desfavorecidas. Todos lugares que o garoto postava fotos, trazia como brinde sua localização. Não demorou muito para que Nicolas descobrisse o local que o garoto residia.

O professor, depois de adentrar em Los Angeles, e ficar acerca de vinte minutos andando pela cidade, conduziu até um bairro nobre com casas enormes, que facilmente eram equivalentes a sete ou oito casas da sua. As ruas eram desertas, e os poucos carros estacionados nela, eram de luxo. Nicolas engoliu em seco diante das circunstâncias, e assim que estacionou na frente da casa correspondente, sentiu seu celular vibrar. Quando olhou para tela, viu a foto de Margot dormindo. Ele havia tirado durante madrugada, pois após ela pegar no sono primeiro, ele deparou-se o quão bonita a garota ficava mergulhada em um sono profundo, e atualizou como foto de contato. Margot mataria se soubesse, porém, Nicolas não pretendia contar tal fato.

— Oi, linda. — Nicolas atendeu.

— Oi, Nick. — A garota respondeu, em um longo suspiro. — Convenci eles a adiarem o depoimento que eu tinha que fornecer ontem na delegacia para hoje, pois queria comparecer no velório da Olga. Não te vi por lá.

O homem hesitou ao ouvir suas palavras, pois sabia que ela queria uma justificativa. Não havia como ele dizer que não compareceu no velório pois estava pilotando durante dezesseis horas, sem parada, para descobrir o que tanto ela escondia por trás de suas respostas vazias, crises de ansiedade e olhos tão tristes.

Nicolas saiu de sua casa durante o período da tarde, no mesmo dia em que Margot havia saído de sua casa, depois de confessar sutilmente que também gostava dele. Ele estava desde às cinco horas da tarde até às dez horas da manhã dirigindo sem parar, considerando também às horas em que havia se perdido durante o trajeto, o que fez com que toda viagem durasse muito mais do que dezesseis horas.

— Eu tinha um compromisso urgente. — Ele respondeu apressadamente.

— Está tudo bem? — A garota questionou, confusa.

— Está, por que? — O rapaz devolveu o questionamento, de maneira defensiva.

— Está estranho...

— Coisa da sua cabeça, linda. — Apressou. — Tenho que desligar, mais tarde nos falamos.

— Tá bom, tchau.

Nicolas desligou o celular com a consciência que Margot iria ficar supondo várias coisas em decorrência daquela ligação. Ele, com o tempo que passou junto à ela, sabia o quão intuitiva e desconfiada conseguiria ser.

Estacionado em frente à uma casa do mesmo tamanho do que as demais casas que haviam no bairro, Nicolas saiu do carro, observando o um portão com mais ou menos uns três metros de altura, e com uma largura igualmente extensa, que fornecia passagem para essa casa. Assim que aproximou-se da portaria, para tentar entrar em contato com alguém lá dentro, o enorme portão começou a abrir lentamente, dando abertura para que uma limousine preta saísse. Os vidros do carro eram escuros, e isso impedia que ele tivesse qualquer tipo de visão para dentro do automóvel, mas não impediu que ele tivesse um ato de coragem, e ficasse parado em sua frente, bloqueando sua passagem. Não demorou muito para que um rapaz loiro, de cabelos arrepiados, olhos verdes e um porte atlético escondido atrás de um terno, saísse do pela porta de trás. Nicolas reconhecia aquele rosto. Era Marcus Sparza. Ao seu lado estava uma mulher, que aparentemente poderia ser sua irmã, já que era um pouco mais baixa que o rapaz, com traços similares ao dele, como; cabelos loiros, maçãs do rosto saltadas, sobrancelhas finas, e um corpo curvílineo. Dentro do carro dava para ver de relance um senhor carrancudo, com expressões faciais bem marcadas por conta da idade avançada, e um corpo robusto escondido atrás do terno, que Nicolas julgou sendo o pai dos dois jovens que os encaravam com curiosidade.

— Se você quer alguma entrevista, tem que agendar. — Marcus alertou.

— Não quero nenhuma entrevista, quero falar sobre Margot Franco. — Nicolas intimidou.

— Desculpe desapontar. — O jovem loiro encarou com estranheza. — Não sei quem é.

— O Alexander Compton disse que vocês se conheciam.

— Ah, o Alex! — Pronunciou, de maneira astuciosa.  — Soube que ele faleceu, se você era parente, meus pêsames. Era um grande amigo, mas não tenho contato com ele há um tempo, não tenho nada a dizer.

— É uma menina de cabelos castanhos compridos, ondulados, olhos verdes, um sorriso bonito, e... — O professor suspirou, e por um momento, parou sua pronúncia. Ele estava sentindo-se ridículo por ter que fazer aquilo. — Eu tenho certeza que você conhece a Margot e tem sentimentos por ela. Já vi uma foto de vocês abraçados.

— Cara, eu não estou saindo com a sua namorada.— Alegou. — Até mesmo porque eu já tenho uma namorada.

— É, acho que ele não precisa disso. — A loira ao seu lado pronunciou, ressentida.

— Eu tenho uma foto dela... — Nicolas pegou o celular do bolso.

— Não tenho tempo para isso. — O rapaz deu às costas, pronto para entrar no carro novamente.

— Se você não me ouvir... — Ele sabia que precisava dizer qualquer coisa para que Marcus não fosse embora, e foi isso o que fez. — eu juro que vou até algum jornalista e falo que você está tendo um caso extraconjugal com a minha namorada.

Marcus parou no mesmo momento, e começou a encarar o rosto do rapaz à sua frente com raiva, e a loira ao seu lado reagiu da mesma forma. Nicolas ainda não acreditava nas palavras que havia proferido, e esperava que um dia fosse rir daquela situação. O rapaz tentou ser astuto, e raciocinar sobre a primeira frase que Marcus havia pronunciado, mostrava que ele era alguém totalmente dependente da mídia e com uma imagem a zelar: "Se quer uma entrevista, tem que agendar."

— O que você quer? — Marcus gritou.

— Que olhe para a foto da pessoa que eu vou te mostrar e fale a sinceridade. — Assumiu.

— Então mostre logo. — O jovem apressou, com ódio no olhar. — Tenho compromissos mais importantes do que ficar aqui conversando com você.

Nicolas voltou sua atenção para o celular, primeiramente, abrindo a foto em que havia tirado de Margot dormindo, porém, decidiu não expor um momento íntimo daquele modo, já que ela estava inconsciente, com os ombros desnudos e não tinha nenhum tipo de conhecimento daquela imagem. Então, buscando uma outra alternativa, já que garota não tinha redes sociais e nem aparecia em fotos com amigas, entrou no perfil social de Alexander Compton, e pesquisou pela foto em que ela estava junto com os dois; Marcus e Alexander. Não demorou muito para que ele achasse, e assim que achou, avançou a foto em seu rosto bem maquiado, e mostrou para o rapaz loiro à sua frente, que assim que vislumbrou a imagem, empalideceu.

— Por que quer saber sobre ela? Quem você pensa que é para falar que ela é sua namorada? Não ouse, nunca mais, falar isso. Eu acabo com você. — Marcus gritou, avançando dois passos na direção de Nicolas, e segurando a gola de sua camisa.

— Marcus, para! — A garota loira gritou.

— Não se mete, Roberta! — O rapaz continuou segurando a gola da camisa de Nicolas, e encarando seu rosto com os dentes cerrados.

— Pelo visto conhece a Margot. — O professor suspirou. — E pelo visto você tem sentimentos por ela, assim como eu.

— O nome dela não é Margot, seu imbecil. O nome dela é Marion. — Marcus gritou. — E eu tenho sentimentos sim. Eu amo ela. Porque Marion Sparza é minha irmã.

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