Vlad Zaitsev
02 de maio de 1945
-Você está bebendo de novo, Vlad? -pergunta Marat inconformado coçando a cabeça ao me ver pegar outra garrafa de vodka e virar direto o gargalo à boca. Revio o olhar com o seu comentário ao meu respeito e retruco com cinismo:
-A mamãe também quer saber o que eu faço de noite, enquanto dorme? -ele abaixa a cabeça parecendo envergonhado por perceber o seu deslize comigo; não poderia ser comum aquilo acontecer, já que desde o início ele sempre se mantinha calado ao meu respeito, contudo desde o episódio marcante em sua vida (o estupro coletivo em uma vadia alemã), ele está cada vez mais tenso e isso é totalmente perigoso para mim.
-Deixa de drama e procura o que fazer, Marat. Antes que me mate com o seu chororô para cima de nós -ataca Immanuel também roubando a bebida de minha mão e bebendo um pouco. -Falando nisso, por que você está tão tenso assim? Não é como se tivesse feito algo errado, os alemães mereciam bem mais do que isso.
-Eu sei... Mas o capitão parece estar desconfiando. Lembram de como ele ficou quando nos viu lá no hospital perto da garota? -volta Marat a falar neste assunto proibido de ser sequer tocado. -Logo, logo ele descobre e nós iremos nos ferrar.
Eu me levanto de cima da mesa e caminho lentamente até ele, que parecia a cada segundo ficar mais nervoso a respeito do que possa nos acontecer. Eu simplesmente agarro seu colarinho e puxo para perto de mim e digo em um tom ameaçador, que o faz me encarar com medo:
-E esse assunto não chegará nele através de você, não é, medroso? Porque eu vi claramente como você ficou todo assustado como uma garotinha, quando viu a garota ali, agarrada ao braço de nosso capitão. Estava quase dizendo: "Eu estuprei a garota".
Eu o largo e dou um tapa em sua cabeça, fazendo ele levar a mão no lugar e esfregar querendo dessipar a dor. Volto a sentar na mesa e fico de braços cruzados olhando para o homem à minha frente fraquejar novamente, como se quisesse se entregar a todo custo pelo medo que corroía por dentro de ser pego e algo pior acontecer.
-Mas que coincidência desgraçada -esbraveja Immanuel com fúria apertando os punhos. -Como foi que a garota conseguiu ficar justamente ao lado de nosso capitão? Aliás, quem foi que ajudou aquela nojenta para estar agora hospitalizada? Eu vou matar os desgraçados que ferraram com minha vida.
-Acho que isso estragaria a parte de ser discreto no assunto, não? Levantar ainda mais suspeitas sobre as mortes trágicas dos militares naquele conflito, onde o capitão milagrosamente se safou e só ficou com alguns machucados, que nem de longe foram tão críticos assim a vida dele... -Marat volta a dizer asneiras incabíveis para aquele momento, o qual qualquer outro soldado poderia escutar e usar contra nós, por sua vez, ele não percebe as besteiras que faz e continua sem ter freio algum na língua: -Vocês não acham que é possível o capitão descobrir todo o seu plano, apenas para se vingar por birra, não é? Seria ele tão inteligente a ponto de conseguir juntar todas as peças deste quebra-cabeça e tudo cair em cima de nós?
-Se um imbecil continuar falando como uma matraca todas as coisas que fizemos aos quatro ventos, sim, ele descobrirá -eu o encaro com certa frieza e um olhar duro e repreensível sobre ele por ser tão cabeça oca de revelar os nossos planos em um lugar tão abertamente, que poderia ser ouvido facilmente pelas outras pessoas. A barraca do outro lado, a poucos metros de nós, conseguiriam nos ouvir se mudássemos o tom de voz. -Rustan não descobrirá nada e eu irei garantir isso.
DU LIEST GERADE
Amor a Toda Prova
Historische RomaneNo final da segunda guerra mundial, Leah, uma alemã que vive com uma prima de seu falecido pai, sente em sua própria pele os horrores que uma guerra produz, sentindo a extrema necessidade pela sobrevivência, ainda mais com a notícia do avanço dos so...