|Capítulo 13|

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Vlad Zaitsev

02 de maio de 1945

-Você está bebendo de novo, Vlad? -pergunta Marat inconformado coçando a cabeça ao me ver pegar outra garrafa de vodka e virar direto o gargalo à boca. Revio o olhar com o seu comentário ao meu respeito e retruco com cinismo:

-A mamãe também quer saber o que eu faço de noite, enquanto dorme? -ele abaixa a cabeça parecendo envergonhado por perceber o seu deslize comigo; não poderia ser comum aquilo acontecer, já que desde o início ele sempre se mantinha calado ao meu respeito, contudo desde o episódio marcante em sua vida (o estupro coletivo em uma vadia alemã), ele está cada vez mais tenso e isso é totalmente perigoso para mim.

-Deixa de drama e procura o que fazer, Marat. Antes que me mate com o seu chororô para cima de nós -ataca Immanuel também roubando a bebida de minha mão e bebendo um pouco. -Falando nisso, por que você está tão tenso assim? Não é como se tivesse feito algo errado, os alemães mereciam bem mais do que isso. 

-Eu sei... Mas o capitão parece estar desconfiando. Lembram de como ele ficou quando nos viu lá no hospital perto da garota? -volta Marat a falar neste assunto proibido de ser sequer tocado. -Logo, logo ele descobre e nós iremos nos ferrar. 

Eu me levanto de cima da mesa e caminho lentamente até ele, que parecia a cada segundo ficar mais nervoso a respeito do que possa nos acontecer. Eu simplesmente agarro seu colarinho e puxo para perto de mim e digo em um tom ameaçador, que o faz me encarar com medo:

-E esse assunto não chegará nele através de você, não é, medroso? Porque eu vi claramente como você ficou todo assustado como uma garotinha, quando viu a garota ali, agarrada ao braço de nosso capitão. Estava quase dizendo: "Eu estuprei a garota".

Eu o largo e dou um tapa em sua cabeça, fazendo ele levar a mão no lugar e esfregar querendo dessipar a dor. Volto a sentar na mesa e fico de braços cruzados olhando para o homem à minha frente fraquejar novamente, como se quisesse se entregar a todo custo pelo medo que corroía por dentro de ser pego e algo pior acontecer.

-Mas que coincidência desgraçada -esbraveja Immanuel com fúria apertando os punhos. -Como foi que a garota conseguiu ficar justamente ao lado de nosso capitão? Aliás, quem foi que ajudou aquela nojenta para estar agora hospitalizada? Eu vou matar os desgraçados que ferraram com minha vida.

-Acho que isso estragaria a parte de ser discreto no assunto, não? Levantar ainda mais suspeitas sobre as mortes trágicas dos militares naquele conflito, onde o capitão milagrosamente se safou e só ficou com alguns machucados, que nem de longe foram tão críticos assim a vida dele... -Marat volta a dizer asneiras incabíveis para aquele momento, o qual qualquer outro soldado poderia escutar e usar contra nós, por sua vez, ele não percebe as besteiras que faz e continua sem ter freio algum na língua: -Vocês não acham que é possível o capitão descobrir todo o seu plano, apenas para se vingar por birra, não é? Seria ele tão inteligente a ponto de conseguir juntar todas as peças deste quebra-cabeça e tudo cair em cima de nós?

-Se um imbecil continuar falando como uma matraca todas as coisas que fizemos aos quatro ventos, sim, ele descobrirá -eu o encaro com certa frieza e um olhar duro e repreensível sobre ele por ser tão cabeça oca de revelar os nossos planos em um lugar tão abertamente, que poderia ser ouvido facilmente pelas outras pessoas. A barraca do outro lado, a poucos metros de nós, conseguiriam nos ouvir se mudássemos o tom de voz. -Rustan não descobrirá nada e eu irei garantir isso. 

Amor a Toda ProvaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt