|Capítulo 3|

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29 de Abril de 1945

Mais uma vez, eu sinto mãos me sacudirem incansavelmente até eu abrir os meus olhos cansados e pesados, acordando. Levo um susto com ele próximo de mim e rapidamente me afasto dele, ficando já sentada na cama em alerta. 

Todas as vezes que ele se aproximava de mim, meu corpo arrepiava com o pânico do que me causará. Seus olhos, por conta da penumbra que as luzes causavam, estavam escuros, quase semelhante ao céu noturno e eu percebo que estava de madrugada ainda. 

-A senhorita estava gritando sem parar assustado alguns pacientes e outros não conseguiam dormir -sussurra baixo em um tom cansado, deixando claro que não conseguira até agora pregar os olhos e dormir.

-Não é o meu problema se tenho pesadelos pela noite por conta de ações repulsivas de certas pessoas -resmungo irritada por estar tarde e ele ter me acordado, mesmo que tenha sido bom acordar daquele sonho maldito que não sai de minha cabeça.

-Ainda supõe que eu te machuquei? -o homem coça a cabeça e se afasta um pouco, incomodado com minhas acusações novamente.

-Eu não suponho. Eu sei! -aumento tom enfurecida. Limpo o meu rosto com as costas das mãos, secando as lágrimas que escorriam e o encaro por ainda estar me observando calado. -Basta deste interrogatório! Deixe-me dormir novamente.

Deito com dor e fico de costas para ele impedindo de argumentar comigo para "resolvermos" nossos problemas, mas o meu único problema é ele. Fechos os olhos e, desta vez, quando eu durmo, não sonho com nada, meu corpo apenas desliga totalmente e minha mente por fim, se cala. 

A luz solar, que invadia as janelas e nos cumprimentava logo cedo, aos poucos me desperta, fazendo eu preguiçosamente abrir os olhos e resmungar me espreguiçando com dor. Bem lentamente eu ajeito o meu corpo para me sentar e ver as pessoas que ainda acordavam e as que já estavam esperando o desjejum, que seria dado às 8 horas.

Alongo um pouco os braços, os ombros movimentando-os com movimentos circulares para frente e para trás, as costas doloridas, a cabeça, até sentir toda a parte superior acordada, por fim, relaxo na cama e olho para o lado.

Aquele homem estava deitado ainda, mas não aparentava dormir, vejo seus olhos abertos observando o teto velho e empoeirado, cheio de aranhas, que se aproveitaram da estrutura alta para se morar. Ele parecia estar com a mente longe daqui, porque não repara eu fitando-o. 

Suspiro frustada observando seu peito todo enfaixado subindo e descendo lentamente, seu braço direito estava também enfaixado e com tipoia por ter se machucado -não que não tenha merecido no mínimo esse ferimento depois do que fez comigo. Subo o olhar percorrendo pela parte superior exporta, relevando os músculos rígidos de seu peito, que sugeriam exercícios intensos. 

Sua clavícula bem à mostra exibia ombros fortes e largos, já seus braços desnudos ressaltavam a musculatura compacta, hipertrofiada. A massa muscular de seus braços cresceram tanto pelos treinamentos excessivos, que pareciam ter 50 centímetros de tamanho. Faço uma careta tentando supor quanto meus braços caberiam em um dele, mas logo fico séria relembrando do que aqueles braços me fizeram. 

Meus olhos param em seu rosto com expressão neutra, difícil de se ler, observo seu olhar fixo ainda no teto, me fazendo pensar o que ele estaria perturbando-o. Seus fios castanhos escuros caíam sobre sua face,  impedindo de eu olhar minuciosamente aquele homem, que por sua vez era belo, mas não possuía caráter algum. 

Ele usava uma calça lisa de cor mostarda escura, não continha bolsos, parecia folgar um pouco sobre as coxas, mas se estreitava nas panturrilhas. O sujeito se movimenta e passa o braço bom por baixo da cabeça, servindo como apoio e dobra a perna, além de deixar esticadas como antes, vejo seus pés descalços como os meus. 

Amor a Toda ProvaWhere stories live. Discover now