|Capítulo 46|

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Rustan Abromowitz

08 de Junho de 1945

Muito embora eu estivesse percorrido mais de duzentos quilômetros, toda a extensão da destruição das bombas deixou o mesmo cenário caótico por todo caminho de Berlim. Onde era para se ver casas, pessoas andando pelas ruas, animais, encontramos um oceano de morte, decrepitarão e nada mais. Se tornou cansativo observar as planícies e não observar a fauna e flora, só destruição e mais destruição.

Com isso, o meu desejo de sair daqui cada vez mais aumenta em meu interior. A sede por algum novo, uma vida nova me impulsiona a cometer loucuras, das quais eu ainda não posso pagar o preço. Mas a cada minuto que eu permaneço aqui, eu sei que não é mais o meu lugar.

Já fazem dias desde que eu vi Leah pela última vez, quando eu recebi ordens de levar a minha companhia até as fronteiras com o exército americano. O lado ruim de estar aqui é que eu não consigo simplesmente deixar o acampamento e ir vê-la pela distância entre nós, porém, felizmente - e por uma coincidência -, ficava próximo ao local de uma nova pista que recebi.

Aquele menino que eu interroguei não me enganou e me levou a uma rua sem saída. Não era certeza que eu encontraria ainda alguém por ali para investigar, mas quando as esperanças estavam se partindo, eu acabei sendo levado até um grupo de garotos que faziam parte de outros pelotões - e que tentou nos matar de início -, mas eles alegaram ter visto Klaus em um pelotão, indo para o noroeste do país, em direção as fronteiras. Onde justamente eu estou hoje.

A cada passo que eu dou, sinto estar mais próximo dele e que logo eu o encontrarei. Ao menos eu tinha essa notícia boa ao meu favor, não tardaria para eu retornar para casa. Para Leah.

- Está de novo pensando nela? - Alexander acerta a minha cabeça com um tapa, despertando-me do devaneio ao refletir minha situação com a alemã. Eu coço a cabeça, passando a mão na dor fraca que se formou na parte de traz de minha cabeça e o olho, espremendo os olhos por ele ter me acertado e adivinhado os meus pensamentos.

- É tão visível assim? - questiono como resposta e ele se senta ao meu lado, em um mudo destruído próximo ao acampamento. Eu olhava para o céu e as nuvens, mesmo quando deveria estar em alerta, mas eu sabia que aquilo era rotina e que não poderia haver um inimigo louco e atentado ao ponto de tentar matar nossos homens e fugir da cena do crime.

- Igual a falar que o céu é azul, as nuvens ficam escuras quando se concentra um grande volume de água e você fica com uma cara horrível quando pensa nela. Sério, espero que ela nunca te veja refletindo sobre a vida, meu amigo - ele diz batendo em meu ombro com um gesto gentil, mas eu sabia que só estava me provocando.

- Isso se chama inveja - eu respondo com um sorriso esnobe, que o faz rir até mais do que eu pensava que se divertiria. 

Os minutos se passando após recuperarmos o riso e soltarmos um suspiro longo, indicando que ambos pensávamos na mesma coisa: a vida parece infinita e entediante sem ter um propósito a ser seguido. Estávamos longe de casa, sem ter ninguém para quem voltarmos, caso retornássemos... Tudo aquilo que conhecíamos acabou.

Podemos recomeçar do zero e nos transformarmos para algo a mais. Ser quem queiramos ser. Mas quem eu quero me tornar? Faz tanto tempo que eu estou em guerra que eu às vezes me esqueço que sou mais do que um soldado. Por solte, nesta minha vida eu pude conhecer pessoas que me trouxessem um novo folego de vida.

- Vamos - Alexander me chama, já de pé -, estamos atrasados e você sabe como os soldados ficam impacientes com sua demora.

Respiro fundo e me levando conhecendo já a minha nova rotina. Nosso rumo é um vilarejo bem próximo, no qual iremos patrulhar comumente para ver se encontramos algo suspeito. A dias atrás outras unidades chegaram no exterior, com isso, temos que, além de mostrar nossa força a todos, vigiar para não sermos pegos de surpresa com alguma artimanha de terceiros.

Amor a Toda ProvaWhere stories live. Discover now