|Capítulo 4|

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Cravo ainda mais as minhas unhas em seu braço, fazendo-o se mexer levemente incomodado pela dor que eu causava, mas não ao ponto dele me fazer soltá-lo por agir como uma louca assustada. Contudo desta vez eu tinha certeza absoluta de quem eles eram. Eu me lembrava perfeitamente de cada segundo torturante em suas mãos. 

Quase imperceptivelmente eu reparo que os três homens trocam os olhares um para com os outros, como se estivessem pensando o mesmo assim que me viram: eles sabiam que eu sabia quem eles eram e o que haviam feito comigo e, neste momento, eu estava do lado do líder deles. O mesmo medo que me atingiu era visto no olhar deles, a única diferença é que os homens não demonstram, não perdem a compostura, muito menos o sorriso hediondo esplandecido no rosto.   

O soldado, que estava ao lado direito do homem que havia falado em primeiro, senta despreocupadamente em sua cama, ficando de frente conosco, seus olhos recaem sobre mim, me observando atentamente a cada movimento que eu fazia e eu engulo em seco. 

Já o soldado da esquerda, caminha relaxadamente até o companheiro e fica entre mim e ele, agarro ainda mais o braço do líder deles, preocupada com o que eles poderiam fazer comigo naquele hospital. 

O último do trio fica no mesmo lugar, me olhando pacientemente, esperando eu dar alguma brecha para eles darem o bote -felizmente eu acho que sei que não conseguirão me fazer mal, porque me lembrava que o líder deles havia me salvado de suas mãos. Contudo, na segunda vez, ele não apareceu...  

O homem de olhos maliciosos e sorriso perverso diz alguma coisa em russo, como se o convidasse para se sentar, já que estende a mão em direção a sua antiga cama, o soldado a qual estava agarrada começa a andar para o outro lado, mas eu o impeço segurando firmemente o seu braço e não o permitindo se mover mais um passo. Eu não aguentaria ficar na frente dos três sem ele ali ao meu lado para me proteger. 

Eu definitivamente não faço ideia do que se passa em sua cabeça, mas de uma coisa era certa: ele não estava entendendo o meu desespero, talvez acreditava que eu me assustei novamente por ter novas pessoas no ambiante, contudo era bem mais do que isso... 

 Eu me lembrava perfeitamente daqueles olhos e suas palavras perversas contra mim; as risadas maldosas contra mim e meu corpo, os tapas em meu rosto pelas várias tentativas de fugir das mãos dos três homens, as lágrimas que escorriam sem parar e as dores pelo meu corpo inteiro, me levando desmaiar por não ter mais forças para aguentar tudo aquilo. 

O som do meu coração acelerado sobe para os meus ouvidos por estar encarando-os novamente; viver aquilo que eu passei fora horrível, mortal, me fazia querer morrer constantemente, porém encará-los ali, bem a minha frente, e vê-los olhar para mim com se eu fosse sua presa, era revoltante e assustador. A fúria me queimava por inteira, mas o medo paralisava todos os meus movimentos. 

Puxo delicadamente para o soldado ficar ao meu lado e funciona, ele gentilmente pede licença para se sentar ao meu lado e eu faço um rápido sim com a cabeça e fico agarrada ainda ao seu braço esquerdo, por mais que ele esteja logo ali. 

O clima de tensão entre nós fazia todo o meu corpo tremer em pânico, meu estômago se embrulhar e a dor latente em minha cabeça começa a surgir. Eu não sou obrigada a ficar com eles, contudo eu simplesmente não consigo me mover. Estar sobre os seus olhares repugnantes, me trazia enjoo, mas eu me sentia mais segura sabendo que o líder deles estava ao meu lado, do que ficar sozinha neste hospital.  

O soldado nojento e asqueroso, que se considerava o líder sorri cinicamente para mim e arqueia uma das sobrancelhas, provocando-me até o meu limite; eu só lamentava pelo braço esquerdo do homem ao meu lado, a qual me agarrei, porque minhas unhas cada vez mais perfuravam sua pele e a região começou aos poucos a ficar vermelha.  

Amor a Toda ProvaWhere stories live. Discover now