Droga. É a milésima vez, é visível que eu estava pensando besteira porque meu coração parece sair pela boca enquanto a professora me chama atenção. Eu estou no meio da sala de aula, imaginando que estou beijando minha melhor amiga. Coisa que eu fiz o final de semana inteira. E eu estou resumindo só em beijar porque não quero me sentir esquisita demais por pensar em outras coisas.

Soa tão complemento de cena que eu acho real. Real. Sim, eu, Gênesis, que nunca transei na vida ou qualquer experiência sexual, conseguiria com facilidade insinuar isso. É, irreal demais.

Se meu cérebro ficar vazio, ele vai pensar naquilo de novo. Vai completar a cena da banheira como se eu fosse maluca de querer ficar com a Pandora naquela situação. Ou em qualquer outra. Céus. Sou uma vergonha. Ainda bem que ninguém pode ler meus pensamentos ou eu estaria ferrada por pensar tanta coisa. E céus, o ruim de um sonho é que as emoções não são reais. Não sei qual seria a verdadeira sensação de deslizar meus dedos ou minha boca por seu corpo.

Não que esteja querendo isso, fora do sonho. É por isso que tinha que sentir só pra saber como é.

Minha caneta batuca na mesa, em um tic. Continuo tentando prestar atenção na aula. Desvio o olhar para Pandora, que parece estar cochilando encostada na parede. Não passei o final de semana com meu pai, junto com ela, e queria saber como foi, mas está fora de questão tirar dúvidas sérias enquanto meu cérebro está criando beijos e mais beijos dentro da banheira.

Primeiro, é errado. Segundo, porque meu coração parece que vai explodir se foi um mínimo pensamento da minha cabeça? Como eu explico que não, eu não beijei Pandora. Eu não quero realmente. Nem gosto da Pandora. Na verdade, geral, eu não gosto de garotas. Deveria não gostar, pelo menos.

Sério que minha imaginação está sexualizando um momento do dia do aniversário da mãe dela? Que tipo de pessoa eu sou?

O sino bate. Saio o mais rápido possível, caminhando em direção a grade de sempre. Sou a primeira a chegar, o que me deixa mais ansiosa ainda. Eu estou me entretendo em movimentos para tirar da minha cabeça antes que faça um repeat novamente. Acho que nunca me senti tão esquisita assim. É Nathan que chega primeiro, tocando no meu ombro, em um tom de "e aí".

E aí que meu cérebro desconfigurou desde que beijei Pandora (de verdade, não os trocentos sonhos) e agora ele está manipulável a tender que eu gosto dela. Não gosto dela. Não quero gostar dela. Não assim.

— O que rolou dessa vez? Tirando o surto da torta de limão — Rebecca pergunta, se aproximando.

Nathan tinha que contar sobre um momento que eu estava frágil.

— Coisas que não devem ser ditas no meio do pátio. Na verdade, nem na lua — retruco, suspirando.

— Ficou sabendo que a Ana quebrou a perna? Final de semana. Algum tipo de festa aí.

Não. Não fiz muita coisa no final de semana.

— Desembucha logo, Gênesis — Nate resmunga.

— Eu já disse que não vou falar no meio do pátio!

— Estacionamento de carros?

— Estacionamento de carros?

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A Origem de GênesisWhere stories live. Discover now