29 - Espuma

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Eu sei que não somos crianças mais

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Eu sei que não somos crianças mais.

Esse é um ponto importante.

Eu sei. Tenho ciência.

Não sou idiota.

Sou uma idiota, na verdade. Talvez seja esse o ponto realmente importante. Quando éramos crianças, obviamente crianças, fazíamos o possível para criar espuma uma na outra. Toques de crianças se divertindo. Quando Pandora toma banho comigo agora, ela é sútil. Não me toca. Ela faz o possível. A gente tirou os resíduos do cabelo, rimos dos erros e nada de toques. Não é como se eu esperasse ser tocada por Pandora sem pedir ou que fosse como antes. Não tem a inocência de crianças, mas não é como se fosse provocativo. Não tem provocação.

Eu não estou reclamando. Juro.

Mas se ela tivesse provocado, brincado ou insinuado qualquer coisa, talvez meu cérebro estivesse com menos peso na consciência do que agora depois de... Eu não sei em que dia da semana estamos, mas sei que eu não paro de pensar em tocar Pandora. Sem inocência. Eu estou pensando como seria se tivesse feito espuma. Se tivesse tirado a roupa, se tivesse... muita espuma.

Se soubesse desenhar, estaria desenhando o corpo dela só pra tirar isso da mente, rasgar e picotar. Mas como não sei, estou fazendo círculos no canto do caderno naquele tipo de "aula de um conteúdo adicional porque já dei tudo que tinha pra dar".

Odeio a Pandora.

Juro, eu a odeio. Mas cada parte do meu corpo parece amar cada parte dela.

Talvez no fim tenha sido uma provocação.

Ela não tirou o cabelo rosa. Ainda está lá. Tiramos uma foto juntas, mandamos pra Liliane. Os padrinhos mágicos. Céus. Céus. Espero que Pandora não tenha percebido isso. Rebecca e Nathan foram certeiros ao notar o cabelo cor-de-rosa, mas a provocação deles foi sufocada pelo trabalho de contenção que estou fazendo para não pensar em Pandora.

Daquele jeito.

Estou tão focada em me trancar dentro do quarto até parar de sentir isso que não percebo a aula acabar, pegando minha mochila o mais rápido possível. E quando eu digo parar de sentir isso, não é atração sexual. Não só isso, na verdade.

Mas principalmente isso, sou totalmente inexperiente nessa coisa de sentir minhas pernas tremerem (figurativo, eu não deixo tão na cara) só porque uma garota chega perto de mim.

— Gen, qual é o nervosismo da vez?

Qual é o nervosismo da vez? Pandora pergunta, atrás de mim, me chamando.

— Não tem nenhum.

— Deixar o caderno, teu celular e uma caneta bic foi proposital? A mochila tá aberta também — Pandora completa, me fazendo dar meia volta para observar ela segurando o caderno e balançando meu celular na sua mão.

A Origem de GênesisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora