36 - Caixas de Panetone

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[Oi, Isaac

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[Oi, Isaac. A gente precisa conversar. Enviada às 02h20.]

Uma coisa sobre finais de ano é que normalmente a quantidade de alunos costuma diminuir nas salas. Viagens. Cansaço. Mas hoje está como sempre, abarrotado. Ou talvez tenha sido eu que tenha feito parte dos alunos que "diminuíram" nos últimos anos — sempre faltava. Hoje é a última sexta-feira. Eu não sei como eles decidiram acabar o ano letivo só na terça, mas já não tem muito o que se fazer. Confesso que só estou aqui porque também não tenho "muito o que se fazer" em casa.

Nathan está ocupando todo o espaço do banco, deitado, e Rebecca está em pé ao lado. Pandora não me disse como foi ou qualquer coisa, o que me deixa precisando de mais coragem para pedir que ela faça algo comigo. A menos que ela tenha resolvido que a pulseira de lua já faz parte dela, não me odeia tanto assim. Ou negaria fazer algo que começamos juntas.

Não parei de pensar sobre o que Alexandre disse. Ver onde errou. É óbvio que errei muitas vezes, mas preciso resolver primeiro o lugar onde depositei toda a culpa.

A cápsula do tempo, que é uma caixa de biscoito.

Eu não queria chamar Pandora, mas não é justo que eu abra algo que a gente fechou juntas. Não sei se vai ser tão importante pra ela quanto foi pra mim. Até porque depositei muita importância.

— Se eu fosse rica, ano que vem seria meu período de descanso, eu viajaria o mundo inteiro pra descobrir o que quero — Becca diz, suspirando. — Como não sou, acho que vou tentar o vestibular da Universidade de Nova Atlântida.

— Como sou rico — Nathan começa, debochando. — Eu tô brincando. A área de exatas parece uma boa pra mim.

— Será que ele vai começar o papo de "sou inteligente"? — pergunto, sentada no chão.

De vez em quando, Nathan passa as mãos pelo cabelo, o fazendo ficar bagunçado. Dessa vez, ele tenta acertar um tapa.

— É esquisito chegar aqui e perceber que tu não se decidiu ainda. Tanto tempo e ainda não sei o que quero? — diz, meio frustrada. — Acho que vou procurar alguma coisa pra trabalhar só pra minha mãe não reclamar comigo.

— Acho que vou tentar pegar a vaga de cozinheira auxiliar naquele restaurante francês. Vi ontem, me soa uma boa.

— Combina contigo.

E muito — concordo, observando Alana e Cecília passarem. — Comecei o ensino médio como amiga dela e brigada com Pandora. Nos últimos minutos do segundo tempo eu conheci vocês, voltei a falar com a Pam e aquelas duas foram grandes babacas. Tudo bem, eu estou brigada com a Pandora de novo, mas só vejo vantagens com o modo como estava.

— Claro, você é minha amiga. Isso vale por dez Pandoras — Nathan retruca e eu rio.

— Não sei como fui amiga delas por muito tempo. Acho que foi a comodidade. Agora tô vendo o quão fui idiota, tendo amizades boas pra comparar. Continuo sendo idiota, né?

A Origem de GênesisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora