Queria eu ter sido egoísta para ficar com a garota que eu quero.
Não é que eu tenha passado a noite inteira pensando em uma solução para a audição perdida, mas pelo menos 80% foi gasto assim — e os outros foram pensando em como o que Pandora falou percorreu minha mente. Seria egoísta pra ficar com ela, mas minha mente não permite que eu tente. O modo como Pandora está é bem parecido com o modo como eu fiquei quando a gente brigou pela primeira vez. Não é que ela esteja me odiando pra sempre, mas a mágoa está gigantesca. Eu não sei o que fazer. Nossa conversa não foi bem resolvida, mas soa importante da parte dela tirar a pulseira — mesmo dizendo com todas as palavras que quer continuar sendo minha melhor amiga.
Ela não está errada. A gente estragaria tudo. Uma amizade normalmente aguenta muito tranco, mas namoros se desfazem muito rápido.
Eu acho.
Ou pelo menos é essa a desculpa da minha mente para aceitar não namorar Pandora para evitar rompimentos para dempre.
Não é como se eu fosse o Todo Poderoso, mas tentei bolar todas as ideias possíveis. Todas. O violino não era problema, mas falar com um homem que eu nem ao menos fazia ideia de quem era. Não sabia o nome, se ele ainda estava em Nova Atlântida ou qualquer coisa, mas teria coragem absoluta de implorar por mais uma chance. E talvez isso fosse antiético, mas eu passaria por isso.
E isso é a política invisível de proteção mútua.
É por isso que quando foco no problema principal, minha única solução é ir atrás de Jacques e pedir um favor. Só que, no instante que bato em uma das casas mais floridas de Nova Atlântida, o mal-humor em me ver é escancarado. O que é plausível, visto que a mensagem chegou nela e ela ignorou completamente. Jacques forma uma carranca feia, cruzando os braços e tenho certeza que vou ser chutada. E hoje está fazendo calor demais para ter subido a ilha em direção a sua casa.
— Minha opinião não é movida a da Pandora, mas você foi uma babaca e isso é totalmente minhas conclusões. O que tu quer, ein? Sinto muito, mas ninguém mexe com minha garota.
E é essa a minha recepção.
— É óbvio que é sobre Pandora, Jacques — respiro fundo, ignorando que ele está decretando um rompimento do "somos amigas". — A gente precisa conversar.
— Diga sua proposta.
— Pandora quer uma chance de ir embora. Ela não teve. Violino é o que não falta, a gente precisa conversar com esse cara pra deixar ela tentar de novo. E ela não me disse o nome dele, mas acho que falou que ele jantou no Atlantis. Esses caras metidos obviamente jantam lá. Em resumo, eu quero o nome dele — digo, rápido para impedir interrupções.
— Gênesis, pessoas desse tipo não se comovem.
— Eu não quero que ele se comova. Além disso, sou eu que vou passar vergonha. Não ela, não você.
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A Origem de Gênesis
Teen FictionGênesis tinha vários objetivos para o seu ensino médio, bem organizados em uma to do list. Só que alguns, em especial, eram mais importantes. Primeiro, entraria para o tão sonhado grupo de cheerleaders Furiosas do colégio Quartzo. Segundo, ficaria b...