10. This love left a permanent mark

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Eu estava lendo um livro quando a campainha tocou. Um dos raros momentos aos quais eu não estava editando alguma foto ou pesquisando sobre novas técnicas no mercado. Naquele dia em especial eu havia decidido relaxar. Era uma sexta-feira diferente das últimas que eu havia passado cobrindo eventos, e aquela em especial que eu havia escolhido para encontrar Mats. Mas ele não iria decidir se eu iria relaxar ou não. Por isso reservei o dia não apenas para ele, como para mim também. Depois do expediente na agência, fui para casa, comprei algumas coisas para tentar cozinhar daqui uma hora, tomei um banho quente, deitei no sofá com um livro em mãos e fiquei por lá até o som me despertar e eu levantar para atender a porta. Mas a ideia estabelecida na minha cabeça de que seria Mats dissipou no momento que eu vi uma figura feminina alguns centímetros mais baixos que eu se materializar na minha frente.

– Felícia? – digo em total espanto.

– Ah querida, por favor, já passamos dessa fase, pode voltar a me chamar de mãe. – a mulher encontra a brecha entre o espaço da porta e eu e entra no meu apartamento.

Não consigo falar nada e nem me mover da posição por conta do choque da surpresa.

– Manuela, a porta ainda está aberta. – ela diz se virando para mim, pois parece já estar bem ocupada retirando as sacolas que carregava dos braços. – Para de choque garota, eu só estava querendo fazer uma surpresa para você.

– O... o... O que? Como?

– Ah... Eu liguei para o seu pai ele me deu o seu endereço assim que eu disse que estava por perto e queria te fazer uma visita.

– Por perto? Por onde você andava? – pergunto.

– Estava na Itália, depois passei na França, e porque não dar um pulo na Alemanha para ver minha filha. – ela diz com os olhos brilhantes e um sorrindo de orelha a orelha.

Olho para ela ainda em choque e desvio o olhar para a sala e me sento no sofá tentando digerir a situação e evitando olhar para ela.

– Manu...

– Manu o que? Eu sou sua filha, não um ponto turístico para você visitar quando bem quiser. Coisa esta que você não faz há anos. Nem consigo me lembrar a última vez que vi você.

Olho de relance para ela e vejo quando suspira olhando para os pés. E meu coração aperta, como sempre. Sei que não devia ter sido tão dura com ela.

– Eu... – engulo a seco – Eu não quis dizer isso.

– Não, está tudo bem. Sua raiva é compreensível. – ela sorri amarelo. – Passei em um mercado que vi no caminho e comprei algumas coisas para fazer um jantar para nós. – ela levanta as sacolas que está em mãos sustentando o sorriso animado de anteriormente.

– O que?

– Está tudo bem para você? – ela une as sobrancelhas em súplica e eu não consigo dizer que não está.

Demoro consideráveis segundo hesitando dar a resposta.

– Sim... Sim, está bem.

– Ótimo! A cozinha é por aqui? – ela aponta para a esquerda e eu só assinto com a cabeça. – Vou fazer uma receita que seu pai me ensinou muito tempo atrás, um típico jantar alemão. – ela se empolga enquanto anda na direção dos armários e eu só assisto tudo do sofá e me afundo no mesmo não querendo viver aquela situação.

Quase me arrisco em alcançar o telefone e ligar para meu pai. Não sabia exatamente o que eu iria falar para ele, o choque não havia me dado chance nem mesmo de pensar nas palavras certas. Mas ter Felícia ali na minha cozinha, preparando seja lá o que fosse era como ter um completo estranho na minha casa. Odiava ter essa sensação, principalmente pelo fato dela ser minha mãe. Respirei fundo, procurei pensar no lado positivo daquilo e enquanto ainda tentava encontra-lo depois de meia hora a campainha toca.

Lost Stars | Mats HummelsWhere stories live. Discover now