9. You showed up just in time

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– Você se divertiu ontem? – Liz pergunta sentada na beirada da cama de solteiro do seu quatro de hóspedes.

Estou dobrando minhas poucas roupas espalhadas pelo quarto e algumas outras coisas e colocando na mala aberta no meio da cama. Meu voo é daqui umas horas e eu já deveria estar com essa etapa quase concluída.

– Não vi quando você chegou ontem. – ela diz insinuando algo implícito na sua fala – Bem tarde, por sinal hein?

– Quando foi que você se tornou o meu pai? – eu pergunto retoricamente.

– Ah vai, desembucha logo. Como foi com o Özil?

– Foi bem legal, conversamos bastante. – digo e o silêncio se instala até eu desviar o olhar para ela que parecia estar querendo ouvir mais do que aquelas poucas palavras. – Não, Liz, não aconteceu nada mais do que isso.

– Manu! Poxa eu fiquei torcendo aqui e você vem com "conversamos bastante"?

– Mas não tira o fato de ter sido bem agradável, mas agora vou voltar para Munique e ele vai ficar aqui, pronto. Não é como se eu tivesse em busca de algo não é?

Ela suspira e se aproxima bem na hora que estou fechando a mala e me ajuda com esta tarefa.

– Não sei, você está?

– Acho que no momento não. – digo de modo sincero. – Sabe o que foi mais engraçado, de alguma forma a conversa acabou chegando na copa de 2014, mas de certa forma foi a primeira vez que eu toquei o assunto com alguém que não fosse você e não me trouxe lembranças que geralmente surgem com esse assunto.

– Isso é avanço, e já estava na hora. Mas você não comentou nada sobre...

– Não! Não faria isso.

Caminhamos para a cozinha dela enquanto ela se serve do suco de laranja guardado do dia anterior, eu me apoio na ilha e pondero sobre o que irei falar a seguir.

– Liz... – a chamo e no instante ela volta seu olhar para mim – sobre o que você disse no outro dia...

– O que eu disse? Manu, eu mal lembro o que tomei no café da manhã.

Eu rio da afirmação.

– Sobre Mats. – é incrível como sua expressão muda da água para o vinho quando digo o nome dele. – sobre eu deixar ele explicar, você disse que acha que isso seria uma boa ideia.

– Bom, boa ideia em todo o seu significado talvez não.

Levanto as mãos em rendição não entendendo onde ela quer chegar.

– Mas! – ela enfatiza bem a palavra – acho que faria você tirar essa dúvida da sua cabeça. Como falei...

– Agora você lembra!

Ela se finge de ofendida e logo prossegue.

– Como falei, você parece sentir algo muito forte em relação a ele e o que aconteceu no passado. Eu sinceramente não sei o que isso pode ser, se é a dúvida do que poderia ter sido, ou a saudade ou até mesmo amor.

Um grunhido audível escapa pela minha garganta quando ouço a última palavra.

– Quem precisa saber disso é você, mas para você descobrir isso, querendo ou não, vai ter que falar com a outra parte envolvida nessa história. Que é ele.

– Não sei se quero descobrir isso, não sei se quero falar com ele. Não sei de absolutamente nada em relação a isso.

– Mas mesmo assim você continua pensando nisso. Você não acha que dar um ponto final nisso possa ser a melhor escolha?

Lost Stars | Mats HummelsWhere stories live. Discover now