Lost Stars | Mats Hummels

4. These memories follow you around

26 de Junho de 2018, terça-feira – Kazan, Rússia.

A vitória do último jogo fora reconfortante para a equipe alemã e o sentimento de otimismo aumentou para a seleção no futuro da competição, afinal era a atual campeã e precisava mostrar que não estava ali apenas a passeio, todavia o jogo de amanhã era crucial para que fossem classificados. Uma derrota poderia tirá-los da Copa do Mundo. Mas isso era uma hipótese que ninguém a minha volta gostaria de acreditar.

Já estávamos instalados em Kazan onde seria o jogo de amanhã e acompanhando a seleção para o treino anterior ao jogo. A equipe de mídia quase fora dispensada pela comissão técnica, uma vez que os jogadores precisariam de concentração máxima. Mas a ordem fora descartada, pois era mais atraente a ideia de mostrar na mídia como estavam se preparando do que apenas se isolar.

– A sua foto da cobrança de falta de Toni foi muito elogiada, sabia? – Nico me cutuca com o cotovelo. Ele é um dos assistentes de fotografia que me acompanha durante os jogos e treinos para registrar os momentos da seleção. Nossas conversas foram limitadas apenas aquele assunto desde quando o vi pela primeira vez.

– Obrigada. – respondo sorrindo.

Estamos nos acomodando nas laterais do campo em uma distância segura e apropriada dos jogadores que estão entrando para o treino. Carrego uma câmera um pouco pesada para a nossa área quando Mesut passa correndo por mim em direção ao campo. Me permito uns segundos ainda andando para olhar em sua direção, ele não apenas olhou para mim como piscou também. Quase posso soltar uma risada, mas lembro que há muitas pessoas em volta e e a última coisa que eu quero é chamar atenção. Quando Nico pega o equipamento da minha mão para acoplar ao tripé lança um olhar de completa interrogação para mim.

– O que foi aquilo? – ele pergunta suavemente inclinando a cabeça para o campo.

– Eu não sei muito assim como você.

Eu tecnicamente sei. Mesut com toda sua cordialidade fora gentilmente me pedir desculpas por ter se esbarrado em mim dias atrás e apenas isso. Aquele olhar fora apenas um "dessa vez eu tomei cuidado", mas eu preferia mil vezes que ele esquecesse e pronto. Agora corria o risco de fazer meu assistente pensar sabe-deus-o-que com aquele ato. Mas ele suaviza a expressão e revira os olhos logo em seguida.

– Jogadores. – diz em um tom apático revirando os olhos que eu quase posso imaginar Liz falar também, o que me deixa mais tranquila com a situação.

Xx

13 de Julho de 2014, domingo. – Rio de Janeiro, Brasil.

Manuela mal podia conter seu peito de felicidade. Havia uma lista mental de fatores que ela queria recontar quantas vezes possíveis para se sentir grata por aquele dia. Primeiro deles era que estava vivenciando sua primeira final de Copa do Mundo ao vivo, a atmosfera do estádio era incrível e ela podia sentir a animação da torcida a cada passo que dava e adentrava mais ao estádio. Outro motivo era a presença de seu pai ali, que apesar de ter ganhado os ingressos dos pais de Liz, ela fez o possível para que seu pai pudesse estar ali presente também, tanto pela razão de que se não fosse por ele ela nem gostaria tanto de futebol, mas também por ele estar presenciando um jogo da seleção de seu país depois de tanto tempo e ainda favorita ao título. 

Quando o mesmo entregou uma blusa da segunda nação, Alemanha, que ela tinha um carinho enorme – havia visitado o país muitos anos atrás – ela aceitou de bom grado. Ainda estava um pouco sentida pelo resultado do jogo anterior colocando como adversários duas nações que ela tinha tanto amor, mas é claro que seu coração brasileiro sofreu com a eliminação tão trágica acompanhada daquele placar, porém se recuperou e não iria negar o pedido do pai.