Fingindo maturidade.

668 50 9
                                    

Arizona:

O dia amanheceu, acordo pra ir trabalhar e Callie continua dormindo pesado.
Me lembro do que aconteceu a noite e vou precisar me manter firme, sem demonstrar nada pra ninguém e ser discreta.
Tomo um banho, vou acordar a Sofia pra se ajeitar pra escola e fico sentada ao lado da Callie, quietinha olhando e planejando como pode ser a nossa renovação dos votos. Isso se ela aceitar né, e existem razões pra ela pensar se sim ou se não.

Vejo Sofia toda independente, se arrumando sozinha e prontinha pra escola. Nossa filha tá crescendo, já já começa a falar de garotos (ou garotas), de beijinhos e enfim, eu não tô preparada pra esse momento.
Preparo um lanchinho pra ela comer no carro e peço pra ela ir indo. Passo no quarto e dou um beijo na testa da Callie, que nem se mexe, continua dormindo bem profundo.
Saio pra levar a Sofia até a escola e conversamos no carro.
- Mamãe, a mãe Callie não vem hoje? Ela tá doente? - ela me pergunta enquanto come.
- Filha cuidado pra não sujar o carro... é, a mamãe não vai trabalhar hoje e ela não tá doente, mais tarde quando chegar da escola, enche ela de beijo tá bom? - digo a ela alternando o olhar do retrovisor ao volante.
- Pode deixar, mãe. - diz ela com a carinha suja de pão.

Chegamos e estaciono. Desço pra pegar a Sofia e dou de cara com a Eliza descendo do carro dela.
- Bom dia, Drª Robbins. - me diz ela.
Eu preciso fazer de conta que nada aconteceu na minha casa na noite passada e que a confusão foi causada por causa da Eliza.
- Bom dia, Drª Minnick.
Ela se aproxima e eu respiro fundo.
- Essa é a famosa Sofia? Filha das deusas da orto e pediatria? - diz ela passando a mão no rostinho da minha filha.
- Sou sim e você é quem? - diz a Sofia.
- Eu sou a Eliza, trabalho no hospital das suas mamães. Aliás, tá faltando uma. Cadê a Callie? - diz Minnick.
- Mamãe Callie não vai trabalhar hoje, está em casa. - diz a pequena.
- Ela tem uns dias de suspensão pra cumprir e preciso falar com a chefe a respeito disso. Bom, vou levar a Sofia na escola. - digo me afastando.
- Posso acompanhá-las? Não entro agora, cheguei mais cedo pra organizar uns papéis mas, se puder queria acompanhar. - me pergunta Eliza.
Eu olho pra ela e pra Sofia, que pede pra eu deixar.
- Tudo bem, mas preciso ir rápido. - digo andando e Minnick vem logo atrás.
Não trocamos nenhuma palavra mas ela e a Sofia ficaram conversando até chegar e eu, deixei. Minha filha é criança ainda, não deve saber e nem se meter em confusão de gente adulta.

~ na porta da escola ~

- Sua professora já tá vindo filha, se despede da Eliza. - digo pra acabar logo com essa tortura de "fingir que estou bem" pra Minnick.
- Tchau Eliza. Bom trabalho. - diz a Sofia se despedindo dela com um abraço.
- Tchau Sofia, obrigada e boa aula tá. E depois a gente combina de comer aquele lanchinho juntas. - diz Eliza abaixada falando com a Sofia.
A professora da minha filha se aproxima para levá-la a aula.
- Vamos lá Sofia? E hoje quem vem buscá-la, mamãe? - me pergunta.
- Hoje sou eu, professora. - digo dando um sorriso e passando a mão no rostinho da Sofia enquanto Eliza só observa.
- Desculpa me intrometer mas é questão de segurança, ela é a outra mamãe da Sofia? - diz a professora apontando pra Eliza.
- NÃO, não é não. A outra mãe da Sofia é minha esposa, Calliope Torres. O nome dela já está na ficha da Sofia, somente eu e ela que vem buscá-la. E caso aconteça algum imprevisto, a Drª Chandra Wilson, mãe do William vem aqui pra buscá-la. Somente essas pessoas estão autorizadas! - digo bem séria pra ela entender.
- Tudo bem, Drª Robbins. Vamos entrar já. Até mais tarde. - diz a professora levando a Sofia e eu, mando beijo pra ela.

- Acho que deu pra entender de longe que não sou mãe da Sofia. - diz Eliza enquanto ando.
- Ainda bem. - digo a ela.
- Arizona, o que você tem hein? - diz ela pegando no meu braço.
- Eu não tenho nada, e acho que eu estou atrasada então se me soltar... - ela me interrompe e me puxa pra um muro perto do hospital. - O que você tá fazendo?
- Quero que você seja sincera no que sente. - diz ela bem perto de mim.
- Se você não me soltar agora eu te denuncio pra chefe por assédio sexual. Mal chegou e já quer ir embora? - digo olhando pra ela.
- Nem no hospital nós estamos e... - eu a interrompo.
- Olha o nome na parede que você está me pressionando, caso não saiba ler tá escrito The York Clinic/Estacionamento. E o estacionamento faz parte do hospital e sabe quem manda até no estacionamento? A Drª Chandra, que por pura coincidência é nossa chefe. - digo a ela que se afasta.
Ela sai andando e não me fala nada.
Respiro aliviada mas preocupada e saio a caminho do trabalho.

O QUE NOS ESPERAVAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora