Mais uma vez.

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Arizona:

Eu me senti pressionada pela Callie e jurei não contar nada do que aconteceu entre eu e a Minnick, mas o silêncio da ida até em casa me deixou louca.
Fomos o caminho inteiro quietas, busquei a Sofia na vizinha quando chegamos e ela foi dormir, ela estava cansada e nem pude aproveitar minha filha.
Deixo ela no quarto e sigo em direção a cozinha, Callie estava de cara fechada e esperando eu tomar a iniciativa.
Ela abre um vinho e senta distante de mim, olhando pra minha cara enquanto eu pego um copo de água. Ela nunca bebe na semana, eu senti que ela estava nervosa.
Preciso contar.

- Calliope? Podemos conversar? - pergunto me aproximando.
Ela me olha e toma um gole do vinho.
- Pode falar.
Eu respiro fundo.
- Eu tive um caso com a Eliza em Seattle. Deixando bem claro que foi em Seattle. Foi coisa rápida mas que de certa forma mexeu comigo e eu estava carente imaginando mil coisas, pensando em você junto com aquela lá, e a Eliza chegou, tampou um buraco no meu coração e supriu as minhas necessidades! Eu não sinto mais nada por ela, nada mesmo e eu te juro! Pode acreditar em tudo que eu te disser, é verdade! - digo olhando pra ela.
- Você ia me contar isso quando, Arizona? - me pergunta ela bebendo e levantando.
Fico receosa.
- Eu... na verdade não ia te contar. - digo gaguejando.
- E porque ia me esconder? - diz ela, ainda bebendo.
- Callie bebe devagar, por favor. - eu peço.
- Quero que me fale o porque que você ia esconder isso de mim.
- Porque não tinha a necessidade de te contar uma coisa que aconteceu há 2 anos atrás, eu... eu não ia te contar porque eu achei que ela não ia aparecer mais. - digo a ela.
- Hm... há 2 anos atrás eu não esperava você aparecer aqui atrás de mim e olha só onde você está. Arizona, tudo acontece o tempo todo. Agora mesmo, enquanto a gente tá aqui conversando tem muita coisa acontecendo lá fora. Ninguém é obrigada a ficar sem transar por 2 anos né? Tudo bem, mas me esconder isso como se eu não fosse descobrir com a chegada dela aqui? Tá vendo essa cara? Ela pode até parecer inocente pra umas coisas, mas eu sempre tô atenta. A tensão sexual que existe entre vocês duas é nítido e só de falar isso... já fico enjoada. Pior é que você ia esconder isso até eu descobrir que você me traiu de novo no quartinho do hospital, porque quem faz uma vez pode correr o risco de fazer sempre. - diz ela, aumentando o tom de voz e querendo abrir mais um vinho.

- Você não pode me falar que quem faz uma vez pode fazer sempre, eu não sou todo mundo Calliope. - digo ficando nervosa.
- Bom, você tem mais alguma coisa pra me falar? - me diz ela, bebendo.
- Eu... não, não tenho mais nada. Eu peço desculpas, só isso. - digo a ela, com a voz embargada.
Ela olha pra mim e pega as chaves do carro.
- Calliope? Aonde você vai? Tá tarde, você tá bebada... me dá as chaves do carro.
- Me deixa. Eu.. eu preciso ficar longe de você pelo menos um pouco, eu preciso respirar e pensar nessa situação toda. Não vou longe, e eu sei que tá tarde já mas daqui a pouco eu já tô de volta. - me diz ela fechando a porta de casa, com voz de choro.

Começo a chorar e a Sofia se levanta, pelo barulho.
- Mamae?
- Filha... volta pra sua cama tá? Fica aqui, não sai daqui e não abre a porta pra ninguém tá bom? Por favor! - digo a ela me afastando e indo atrás da Callie.
Sofia fica sem entender nada, mas se senta no sofá e mexe no tablet.

Saio de casa e levo as chaves pra não correr riscos dela abrir a porta pra alguém.
Vejo a Callie dentro do carro ainda, com a mão no volante.
Vou em direção a ela e bato no vidro.
- Calliope, sai daí! Vem pra casa. Ou abre a porta.
Ela olha pra mim e liga o carro.
Eu começo a aumentar o tom de voz, a ponto de chamar a atenção dos vizinhos e ela tem pavor disso.
Ela desliga o carro e abre a porta do passageiro.
Eu entro.
- Aonde você vai? - pergunto a ela.
Ela não me responde e fica olhando pra minha cara, eu coloco minha mão em cima da dela e ela tira a chave do contato.
- Vamos entrar, por favor. - digo passando a mão no rosto dela, enquanto ela chorava quieta, somente as lágrimas escorrendo.

O QUE NOS ESPERAVAWhere stories live. Discover now