[19] SHERRY COOKING WINE

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LIVRE, FINALMENTE

— Anhh... — Hoseok murmurou da maca, abrindo os olhos aos poucos.

Levantei os olhos sonolentos em um sobressalto, livrando o rosto do apoio do meu punho fechado. Eu estava sobre um sofá pequeno que havia ao lado da cama dele, ele murmurava sons desconexos, provavelmente resultado da anestesia.

— Hyung? — Eu chamei baixo, vendo ele abrir os olhos aos poucos.

— Ahhg! — Ele fez uma careta tentando levantar o braço que estava ligado no acesso que levava soro ao seu corpo.

— Não levante os braços. — Eu disse e ele me olhou com dificuldade. Eu corri e fechei as persianas.

A sua perna estava suspensa e ele usava uma bata azul claro do hospital.

— O-onde eu estou? — Ele resmungou rouco, tocando a testa com a mão livre.

— No hospital. Você caiu de moto. — Eu disse baixo, me aproximando do seu leito.

— Eu sei. Eu senti o acidente... pra falar a verdade eu acho que continuo sentindo. — Ele disse sereno, eu imaginava a dor que ele sentia. — A pergunta saiu no automático. — Ele respondeu em uma sucessão de caretas uma atrás da outra, enquanto tentava se ajeitar sobre os lençóis.

— Não pode se sentar. Eu vou sair um instante, para chamar o seu médico.

— Ok... não demora...

— Por quê? — Eu perguntei confuso.

Ah... — Ele cerrou os olhos para mim, como se eu fosse um idiota. —Quer saber? Bobagem minha. Demore o quanto precisar, na verdade eu estou ótimo, se quiser eu mesmo chamo o médico, quer ver? MÉDICOO! — Ele gritou revoltado.

— Olha. Para de gritar, seu maluco! Você está em um hospital. — Alertei.

— Nossa menino, imagina, eu pensei que a gente estivesse na padaria e que na verdade eu fosse um pão. O que foi que te fez chegar a essa conclusão? O cheiro de esterilizado, ou o meu modelo de mudo do verão dois mil e vinte?

— Tá certo. Eu já estou indo, desculpa. — Pedi, me pondo a andar. — Mas será que eu posso te falar a verdade? — Disse, parando no batente gelado da porta.

— Não. Fale-me duas mentiras, pra eu ficar felizinho. — Ele sorriu falso.

— Eu pensei que você fosse o Hoseok fofinho, mas pra falar a verdade você soa feito uma cópia perneta do Seokjin. — Eu sorri recebendo um dedo do meio dele.

— E eu vou acabar como o Hoseok sem perna ou como o Saci Pererê! Porque se você não for logo a minha perna vai gangrenar!

Em vez de rebater de volta que os seus argumentos eram impossíveis, eu apenas me contive a fazer uma cara de tacho e me retirar atrás do médico responsável.

Seus lábios se curvaram em um sorriso gracioso, quando o doutor entrou na sala junto de mim.

O homem cumprimentou Hoseok antes de tudo.

— Bom, Hoseok não é? — Ele conferiu no aparelho que Dr. Andrews usava anteriormente, já que a essa hora ele havia abandonado o plantão.

— Hoseok. — Ele confirmou.

— E como você se sente? — O homem perguntou, dando uma olhada do lado de dentro dos seus olhos com uma lanterninha pequena.

— Agora cego. E eu também me sinto quebrado, tipo, quebrado inteiro, eu sinto que eu morri. Não na vedade se eu tivesse morrido era melhor eu não iria estar sentindo isso. Isso faz parte? — Ele ergueu as sobrancelhas e o médico riu.

CABARETOnde as histórias ganham vida. Descobre agora