[3] MOJITO

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CONTRA O MUNDO

Ainda atordoado e arrebatado pelo que Jeon Kwon me fez passar nesse exato momento, tentei articular qualquer reação ou qualquer palavra que fosse para me tirar dessa situação, nada vinha, apenas o jovem garoto andando em minha direção em puro deslustre.

- Park, me perdoe por isso. - Yoongi falou com um olhar culpado para  o meu rosto - Eu te juro que essa não era a minha intenção, eu vou concertar isso, me desculpe de verdade. - disse com um último aperto em meu braço.

E sem ter nada além do meu olhar para si, Min Yoongi bateu em retirada, de forma rápida, tão surpreso quanto eu. A minha falta de resposta não foi um sinal de raiva do garoto, eu duvido muito que ele faria algo do tipo para me prejudicar, mesmo sem conhecer é visível o seu caráter.

O silêncio não passava de uma inconformidade, era uma esquiva da situação antes passada. A forma como tudo o que ocorreu foi muito rápida, e eu estava no fim das contas desacreditado.

Meus passos me levaram aos fundos de forma rápida, porém não impedia que olhares curiosos me acompanhassem durante o percurso, por todos os lados os presentes no ambiente em geral eram pessoas simples, sendo assim, ninguém ali estava acostumado com os chiliques dos ardilosos da alta.

Assim que cheguei aos fundos eu me escorei contra o batente da porta em pura fadiga, ainda sentindo os meus batimentos cardíacos quase na boca e os olhos cada vez mais cheios, em tal quantidade que por pouco não transbordavam. Ainda tinha algumas horas de trabalho a serem cumpridas, sendo esse o sinal de que eu teria que engolir a cada palavra amarga em silêncio, as tais que me desciam como cacos de vidro, com um sorriso no rosto.

Mesmo com a mente em frangalhos eu me dirigi novamente ao balcão, a fim de terminar o que era minha obrigação. Em tempo de prestar atendimento a duas senhoras baixinhas já muito bem conhecidas por mim: dona Helena, e dona Susana.

- Boa tarde meu jovem. - falou doce a velhinha que já era uma cliente recorrente do café.

- Boa tarde senhora Helena, como a senhora está? - respondi juntando toda a boa vontade que meu corpo já não reconhecia, sabendo que os olhares que ainda vinham a mim acompanhados de cochichos curiosos se faziam presentes.

- Eu comecei uma nova dieta essa semana sabe? - começou a contar de forma empolgada enquanto eu escutava seu discurso semanal, de como estava cuidando da saúde, sem realmente fazer algo para cuidar dela. Era cômico até, o que me arrancou um sorriso leve, sabendo o que viria em seguida.

- Esses seus bolinhos de canela são uma perdição para o nosso regime garoto. - contou em tom de elogio a outra senhora que acompanhava dona Helena para todos os lados, o que ainda me fez ver que o que eu fazia nesse lugar ainda trazia sorrisos para alguns poucos, porém sinceros rostos.

- Bom saber que as senhoras gostam. - sorri leve.

- Olha garoto, nós vimos o que aconteceu aqui, e aquilo não foi certo. - comentaram até baixo, talvez em forma de curiosidade, ou mesmo de apoio. Porém, é um assunto que não vai fazer bem falar nesse momento.

- Dona Helena, não vamos falar sobre o ocorrido, tudo bem? Não é um assunto agradável para ninguém, principalmente para mim. Infelizmente o cliente tem sempre razão, e a política do café é de tolerância zero a esse tipo de conduta. - disse comportando toda a inquietude dentro de mim, sabendo que realmente não é um assunto a se tratar.

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