𝟎.𝟏𝟓 'a primeira parte da festa

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— Ah, meu deus — Diana disse em voz alta, soltando um suspiro longo em seguida. Deveria estar em um êxtase maior do que o meu. A decoração era de tirar o fôlego.

Anne caminhou até o centro do salão, segurando em um dos meus braços, enquanto olhava em volta. A verdade é que não existiam palavras o suficiente para descrever nossas reações naquele instante. Nunca existiram, e provavelmente nunca existirão. Contudo, a partir daquele instante, eu considerei aquele lugar como a minha definição de utopia.

— Eu já havia sonhando com festas antes. E mesmo eu acreditando que tenho muita imaginação, nunca imaginei uma coisa assim — a ruiva comentou, gesticulando animadamente com as mãos.

Havia um enorme piano no fundo, além de vários instrumentos lustrosos. Mas, não sei ao menos explicar, meus olhos brilharam ao caírem em direção à um violino Roma branco. Claro o suficiente para se destacar em meio as cores vibrantes. Parecia novo, intocável. Naquele momento, quis pegar, abraçar e levar para casa — apenas para poder apreciar a beleza mórbida, por algum motivo, que aquele pedaço de madeira trazia.

— Estou extremamente animada para ouvir Cecile Chaminade tocar — Diana bateu palminhas animadas, pouco depois de largar a bolsa no chão.

Os empregados passavam apressados, trazendo mais florilégios e copos brilhantes, subindo e descendo escadas. Um deles, Rollings, como uma vez foi nos apresentados, desceu dois degraus e parou ao lado de Tia Josephine, nos sorriu e disse:

— A senhorita Barry não poupou despesas para tirar as pessoas do inverno sombrio — a fala nos fez rir, uma vez que a senhora havia o olhado indignada.

Contemplei o sorriso de Gilbert, que até então se mantinha quieto e engolido num canto. Menino tímido, pensei. Já não é triste como antes. E agora parece tão mais interessante.

— Está maravilhoso — disse, mas não soube se me referia à festa ou as feições do garoto bonito. Prefiro acreditar estar falando sobre a decoração maravilhosa. A senhorita Barry me olhou e sorriu de forma triste.

— Não posso aceitar levar os créditos; foi ideia da Gertrude. Essa era a noite dela. Não consegui preparar essa festa ano passado, sem ela. — As palavra eram felizes, mas num tom melancólico e saudosista. Ela mexia nos anéis dos dedos enquanto continuava a nos encarar de forma doce. — Bem, o tempo segue em frente, não é? — O sorriso se tornou feliz quando apontou para os meninos. — Me contem, como vocês acabaram entrando nessa armadilha?

Tive de rir junto. Céus, inventamos tantas coisas e mesmo assim ninguém descobriu ou desconfiou.

— Eles são nossos heróis! — Anne disse, afoita.

Era verdade. Apesar de eu odiar a ideia de precisar ser acompanhada por um homem, a presença dos garotos era agradável e pouco pareciam estar lá apenas para nos ajudar.

— Sem eles, nós não teríamos permissão para vir! — Diana complementou, caminhando perto do piano.

— O artista em você deve estar amando tudo isso — Anne se referiu a Cole, que a olhou de cara feia e a chamou atenção. — Você ainda é quem você é.

Eu iria concordar, mas percebi que não era um bom momento. Joseph parou ao seu lado e acariciou suas costas com a mão esquerda. Os dois sorriram um para o outro, e eu tive certeza de que eles formariam um lindo casal.

— Eu não sou mais — se dirigiu a Anne, depois olhando em direção a Jo, levantando os lábios novamente. — Estou feliz por estar aqui, mesmo assim.

Josephine sorriu e me abraçou pelos ombros, uma vez que eu estava mais próxima de si. A abracei de volta.

— Nós vamos arrumar o jantar para vocês — acariciou meu ombro e depois completou: — E, depois, vão para a cama. Amanhã será um grande dia.

Diana tomou a frente, pegando sua bolsa e dizendo animada:

— Vamos, meninos! De todas as festas que já estive, tenho certeza de que essa será a minha favorita!

também não consegue dormir?
3

A noite caiu e o céu era o mais brilhoso que um dia eu havia visto. Estava na cozinha, encostada na janela enquanto bebia água. A ventania era pouca, mas a neve já havia congelado tudo e a temperatura no cômodo era baixa. Nada que incomodasse. Era bom, até, sentir o contato dos meus pés mornos com o chão gelado.

Deviam ser três da manhã. Eu já havia andando em círculos tantas vezes, que por pouco, não abri um buraco no piso. Estava sem sono e era estranho dormir longe de casa, principalmente porque não existia nenhuma Evangeline para bater na porta do meu quarto e pedir para dormir comigo. E porque as meninas, que estavam dividindo o quarto comigo, roncavam. E muito.

— O que você está fazendo?

Por pouco não derrubo o copo. Olho indignada para a pessoa que me assustou, vendo um Gilbert de olhos brilhantes me encarar. Ele vestia um pijama azul, uma cor que realmente ficava bem nele, quando se aproximou e encostou no balcão.

— Bebendo água. — Tomando o restante, coloquei o copo na pia e o olhei. — Também não consegue dormir?

Ele negou e se aproximou de mim. E me encarou. E me abraçou. E eu quis que aquilo durasse para sempre.

— Você tá bem? — perguntei. Ele assentiu e me soltou.

Gostava de quando ficávamos em silêncio, ainda que muitas coisas devessem ser ditas. Quiçá, ele era a única pessoa que não me fazia ficar envergonhada. E isso era bom; nem, ao menos, desconfortável.

O cheiro dele era ótimo o suficiente para me prender e me entorpecer. O sorriso, brilhante o bastante para iluminar a minha madrugada. E eu queria que ele soubesse disso, mas ao menos tinha coragem para dizer.

— Eu quero te beijar.

— E eu quero que você me beije.

— E eu quero que você me beije

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terminei assim mesmo. AHSUWHHSHS, bait.

vocês preferem que eu descreva o beijo ou que eu só coloque como em por lugares incríveis, por exemplo ("eu o beijei. ele me beijou")?

tenho três capítulos no rascunho, vou tentar postar todos os dias dessa semana como desculpa pela demora:)

até depois.

blue boy, gilbert blytheWhere stories live. Discover now