28 | I need to feel you

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[ Narrador ]

Finalmente a névoa negra começava a dissolver-se, tudo ficava mais nítido, as correntes já não o prendiam á escuridão. Ele estava solto finalmente.

Abriu os olhos lentamente, as dores em seu corpo já começavam a se fazerem presentes, ele sentia-se completamente destruído, tanto físicamente como psicologicamente. A sua cabeça poderia explodir a qualquer momento.

Analisou o pequeno quarto, nada mais que uma poltrona de couro preto ao lado da cama onde estava deitado, e um quadro que ironicamente tinha um palhaço a rir, como se tentásse animar e dizer "Ei, anima-te! Estás vivo, pelo menos!" para ele aquele quadro ainda fazia tudo mais deprimente, porque ele não estava bem, isso era evidente. Voltou o saco de soro que estava ligado ao seu braço, um tubo estupidamente incomodante. As linhas no seu pulso praticamente já não se notavam, leves arranhões diria ele, e teve uma súbita vontade de marcar a pele novamente.

O quarto estava vazio, apenas ele e os seus pensamentos deprimentes.

Que má escolha, deixar um rapaz suicida em quarto sozinho.

O seu corpo estava inteiramente dolorido, mas isso não impediu nada, ele já estava habituado com a dor de qualquer das formas. Arrancou o tubo que estava ligado ao seu braço e levantou-se, as pernas estavam bambas e com pequenas marcas espalhadas. Olhou á volta do quarto, a respiração comçára a acelarar, completamente sozinho.

Olhou novamente o quadro que parecia estar a gozar da sua cara e não hesitou em agarrá-lo, partiu-o em duas metades e atirou-o para o chão bruscamente, ele estava fora de si. Atirou também o vaso com flores que estava ao lado da cama, tudo destroçado no chão. Como ele, ele também estava destroçado, estava mais destroçado do que aquele vaso, e ele não queria que o tivessém encontrado, era assim tão difícil de compreender que ele queria simplesmente ir?

E depois a voz molodiosa invadiu os seus pensamentos, aquela voz que lhe falava quando ele estava na escuridão, ele ouvira Blaze.

Os seus olhos domados pelo preto carvão, não havia uma réstia do azul vibrante neles. E aí ele soltou tudo, ele gritou, gritou com todas as suas forças. Porque ele queria ir, mas não queria deixar Blaze, e isso era fodidamente injusto.

As enfermeiras adentraram no quarto agarrando os braços de Nash, mas nem elas o conseguiam parar.

"LARGUEM-ME CARALHO, EU QUERO A BLAZE!" - gritava o rapaz, a sua voz estava mais rouca que o custume pelo facto de não a usar á muito tempo.

Sentiu uma picada no seu pescoço, a visão começou a ficar turva, os movimentos ficaram lentos e a força diminuiu.

"Blaze" - susurrou antes de cair nos braços das enfermeiras.

-x-

Blaze batucava com os pés no chão da sala de espera ansiosamente.

Ela havia recebido uma chamada pedindo para que ela comparesse no hospital, e não demorou quinze minutos para que ela lá estivesse.

Foi um longo mês, visitando Nash ao hospital, esperando que ele dissé-se algo, que désse algum sinal, mas nada havia acontecido, a esperança já havia desvanecido e com este telefonema do hospital apenas piorava tudo.

"Blaze Brinley certo?" - chamou uma médica ruiva.

"Sim"

"Siga-me por favor"

Seguiu a ruiva pelos corredores, ela permaneceu em silêncio até parar em frente da porta do rapaz.

"Blaze, tenho uma coisa para lhe dizer"

✖ My Demon ✖Where stories live. Discover now