26 | It's dark

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[ Narrador ]

Então era assim que ele iria acabar.

Rosto pálido, olhos sem vida, sabor azedo em sua boca, cabelos desgrenhados, cheiro a alcóol, roupas amassadas, cocaína e alcóol em suas veias percorrendo cada canto do seu corpo. Em uma rua poeirenta e desconhecida, cadeeiros acesos pelos quatro cantos. O maldito cimento onde estava deitado magoava as suas costas, o seu estômago estava revirava-se por conta de tudo o que havia sido ingerido, a sua cabeça em uma completa confusão.

As memórias não o deixavam, eles ficavam lá a martelar e a recusar o tão desejado esquecimento. E por isso haviam mais linhas na pele leitosa dos seus braços, mais fundas e mais vermelhas, mais dor contida. Porque o seu corpo tornara-se o seu diário, a única forma de aliviar a dor era através dos pedaços de metal duros e frio. A dor era boa, quanta mais melhor. A cocaína apenas tornava tudo mais fácil, ele viaja pelos cantos mais alegres da sua mente com facilidade com ela, céu colorido e paz na sua alma. Alcóol ainda facilitava mais as coisas. Mas a dor não ía embora, as memórias permaneciam, o que mais era necessário?

Avistava-se a negridão, ele continuava ali deitado, sem nenhuma reação. Olhos azuis tristemente apagados.

Mas isso era tudo o que ele desejava, ser esquecido na negridão, para atingir a luz mais rapidamente, e aí já não existiria dor, não existiriam memórias, elas seriam trancadas em um cofre sem chave, nunca mais seria aberto.

Foi tudo muito rápido, a negridão o engolia cada vez mais, e ele cada vez mais a desejava.

De qualquer forma, ele seria esquecido certo? Quem se iria lembrar de apenas um rapaz drogado, bêbado e depressivo? Era apenas mais um. Em breve caíria em esquecimento, Cameron arranjaria um melhor amigo que o merecesse, e Blaze, bem Blaze teria um homem que realmente merecesse tocar na sua pele aveludada.

Ele já estava pronto, era só ir. Embarcar no navio sem retorno.

Luzes piscavam ao fundo da escuridão, um grito foi ouvido por entre toda a escuridão, ele continuou parado enquanto os gritos invadiam a rua.

" N-Nash? AI CARALHO! "

Sorriu involuntáriamente ao ouvir aquela voz, ele não o havia perdoado, mas quando embarcasse no navia queria ter paz em sua alma, assuntos do passado resolvidos.

Foi demasiado rápido, tudo o que pode ver foi pouco, a voz continuava ali, a escuridão dava lugar a última imagem da rua poeirenta, braços magros o agarravam em um aperto sufucável, cabelos perfeitamente arrumados, olhos caramelo avermelhados, lágrimas grossas a escorrer.

" NÃO ME FAÇAS ISTO NASHY! NÃO O FAÇAS CARALHO!"

Os soluços ficaram em volume mais baixo, um pequeno sorriso em seu rosto e fechou os olhos azuis apagados lentamente, a negridão total voltou, mas desta vez não se ouviam ruídos. Apenas o silêncio havia tomado conta dele.

-x-

Blaze não comia, dormia ou bebia. Apenas ficava deitada na sua cama com o seu rosto apagado.

Longos dias sem o ver, e a almofada já começava a perder o seu cheiro. E ela não queria perde-lo, o seu cheiro era tudo o que lhe restava, aquele doce aroma inesquecível.

Os dias passavam e o seu toque ficava cada vez mais apagado de sua mente, o sabor dos seus lábios desvanecia lentamente.

Ela derramava lágrimas grossas todos os dias, não havia como as evitar, sentia-se vazia, ele havia levado metade dela quando desaparecera, e tudo era difícil. Era impossível adormecer sem o rapaz de olhos azuis estar lá, a mexer no seu cabelo gentilmente e a susurrar que iria tudo ficar bem.

✖ My Demon ✖Where stories live. Discover now