A Revelação

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Naquela noite eu tinha visto algo, mas achei que estava ficando louca, eu queria saber o que estava acontecendo comigo, porque estava tendo essas visões de coisas que são irreais, Hugo e Cristian estavam querendo falar algo, eu queria e não queria saber, e se realmente for real tudo que li e tudo que vi até agora. Enquanto eu saia a procura de meus amigos ia esbarrando nas pessoas e estava com dificuldade de me locomover, e enfim encontrei Caio e Ana conversando animados ao som do festival, quando cheguei perto dele disse:
- Achei vocês, preciso que venham comigo. E a Poliana onde está? - Olhei para todos os lados a procura dela e a vi conversar com alguém da sala.
- Você está bem Jade? A Poliana está bem perto. Vou chamá-la. - Caio falou, mas eu não o deixei, puxei os dois para sairmos daquele lugar e me dirigindo ao local que foi determinado pelo Hugo. - Jade fala para nós o que está acontecendo? - Ele perguntava, mas sem nenhuma resposta, quando foi perguntar de novo, já estávamos de frente para Cristian e Hugo.
- Oi Caio e Ana, sei que estejam curiosos para saber o que está acontecendo mais preciso primeiramente que vocês três nos acompanhe até o apartamento do Cristian. - Hugo sorriu e Ana ficou encantada dizendo que tudo bem, enquanto Caio parecia não querer analisando o que poderia acontecer com nós três se fossemos. - Não se preocupe Caio, vamos só conversar, não precisa analisar o que você precisa fazer para proteger suas amigas. - Hugo sorriu para nós, eu fiquei espantada, parecia que ele podia ler pensamentos, apesar de que a reação de Caio era muito expressiva.
Saímos de perto da multidão, Cristian e Hugo iam à frente de nós, passando por pessoas e crianças alegres e pela grandiosa festa que estava acontecendo, enquanto eu e meus amigos ficávamos nervosos por sair com duas pessoas que mal conheciamos direito. Ana chegou perto de mim e disse:
- Espero que eles não nos matem, estou ficando com medo disso. - Ela terminou sua fala, tentei transparecer tranquilidade, eu imaginava que eles não tentariam algo do tipo. Então Caio falou:
- Espero que você Jade pelo menos você saiba o que tanto estes caras querem conversar conosco. Ou não estão nos levando para uma cilada. Pelo amor de Deus, vocês só nos colocam em apuros. – Caio parecia frustrado.
Não falei nada porque eu realmente não sabia o que eles queriam conversar, na verdade era comigo, mas não sou louca de ir sozinha com dois caras para um apartamento. Por mais que eu esteja com medo, minha curiosidade grita mais alto, às vezes acho que um dia essa curiosidade pode causar minha morte. Enquanto pensava no que poderia ser nossa conversa, eles pararam na frente de um apartamento, entramos todos e fomos direcionados para o sofá.
- Já que todos vocês estão aqui, primeiramente preciso saber o que você tem visto quando chegou aqui na cidade Jade? - Hugo senta em um banco e entre nós tinha uma mesinha de centro.
- Eu não sei dizer, mas no dia que fomos para a biblioteca, eu estava pegando alguns livros e indo fazer o check-in vi uma estante cheia de livros, mas quando olhei de novo não estava mais lá. Na outra vez foi ontem, quando estava na casa do ancião uma das paredes vermelhas estavam com alguns desenhos, e de novo ao olhar não estava mais os desenhos, agora pouco eu vi uma... Parei de falar, fiquei com receio de falar e eles rirem da minha cara, mas Ana me incentivou passando sua mão em meu braço. Então eu disse:- Eu vi uma fadinha fazendo careta para mim, então a segui até chegar em vocês, e ela estava sentada no ombro do Cristian. - Terminei de contar com a cabeça baixa e Caio perguntou:
- Jade porque você não me contou sobre isso? Já basta estarmos ligados a essa cidade que mal sabemos direito se tudo que você leu naqueles livros são reais. – Caio falou num tom bravo, eu ia responder, mas Cristian falou:
- Como assim, ligados? - Ele franze as sobrancelhas e fica ainda mais perto de nós três. Eu não conseguia falar mais nada de tanta vergonha que estava, olhei para Ana do meu lado e a mesma entendeu e disse:
- Não sabemos ao certo, mas no principio achamos que era só o Caio que pertencia à cidade, pois a mãe dele revelou em uma carta que ele é um guardião, e pela leitura que a Jade fez, ele pertence à cidade, pois os pais dele nasceram aqui, mas alguns dias atrás pelas cartas que foram entregues para nossas mães que também podemos ter alguma ligação com essa cidade. - Ela termina olhando para os dois caras em sua frente.
- Eu até imaginei que vocês poderiam ter algo haver com a cidade, mas não que Caio é um guardião. - Disse Hugo, dando uma pausa em sua fala por alguns segundos, mas voltou rapidamente a falar. - Bom, já que Caio tem sangue de guardião e Jade é uma Mist, só falta saber no que a Ana é ligada. Cristian você guardou o livro que roubamos da biblioteca quando éramos criança? - Ele acenou com a cabeça saindo da sala para pegá-lo, voltou com um livro médio já aberto.
Eu queria saber o que eles iam fazer, mas não queria interrompe-los, meu senso de não querer atrapalhar naquele momento foi maior, então fiquei calada. Hugo chamou Ana para ir com ele em algum lugar, mas Caio não queria deixar. Eu disse que poderia ir com eles e Hugo aceitou, deixamos Cristian e Caio sozinhos, e fomos para o uma espécie de quarto de pintura, ele fez Ana se sentar em uma cadeira e disse para se manter calma, fechar os olhos e concentrar para descobrir o que ela era. Hugo pegou o livro e virou em minha direção e disse:
- Não estranhe, vamos revelar tudo a vocês quando voltarmos para sala. - Concordei curiosa para saber o que ele ia fazer. Então ele falou com o livro nas mãos. - Ostendam tibi qui sunt. – Quando ele falou os cabelos de Ana começou esvoaçar e em volta de seu corpo uma fumaça de cor rosada rodava a sua volta e quando eu menos imaginei teve uma explosão daquela cor se transformando em uma asa rosada esfumaçada com brilhos que pareciam diamante. Hugo olhava para ela admirado, e eu estava assustada pelo que tinha visto e perguntei:
- O que é isso? – Perguntei chocada e cai no chão. Ele olhou em minha direção e me pegou pela mão e disse:
- Ela é uma espécie de fada, agora temos que esperar o feitiço acabar, na verdade já está acabando olha. - Ana olhou para nós dois enquanto tentava entender o que tinha acabado de acontecer com ela, e eu tremula fazia o mesmo, após o tal feitiço acabar voltamos para a sala, Caio e Cristian estavam curiosos para saber o que tinha acontecido, minha cara de chocada me condenava, eu não conseguia falar nada. E Hugo falou: - Já que as meninas não conseguem falar o que aconteceu lá dentro, eu vou dizer. Fiz um feitiço de revelação do que a pessoa é, e descobrimos que Ana é uma espécie de fada. - Hugo falou enquanto eu afundava ainda mais no sofá tentando entender o que estava acontecendo e Cristian começou a explicar:
- Ok, acho mais fácil começar a explicar tudo sobre nossa cidade e principalmente sobre nossas espécies é dizendo que tudo que Jade leu é verdade. Mas os livros não permite que pessoas “normais” leiam determinadas partes da história. No começo do livro é contado sobre os Mists, como nasceram. Os Mists são nascidos da Magia, o que é isso Cristian? Vou chegar lá. Milhares de anos atrás existiam um povo que são a própria magia, eles são chamados de elfos, e o rei dos elfos apaixonou por uma humana, mas sua amada morreu antes de terem filhos, e como Jade leu, existiu um “homem” que fundou a cidade de Mistoryth, chamado Robert Mist, mas na realidade ele era um elfo que se transformou em um lobo para procurar o coração da sua amada pela floresta, e quando pensou que tinha achado o coração, quase morreu e acabou percebendo que era um cristal que protegia a aldeia que existia aqui por muitos anos. Ele só conseguiu voltar ao que ele era por causa de uma índia filha do cacique, então os dois se casaram e tiveram filhos. Esqueci de dizer, mais o nome dele não era Robert e sim seu sobrenome Mist. Continuando, todos que tem sangue élfico é um Mist, um nascido da Magia. - Ele falava resumindo a história me deixando tonta com tanta informação, e Hugo suspirou e disse:
- Cristian você horrível pra contar história. Vou tentar explicar algumas coisas que ficaram de fora. Mist tem um significado chamado névoa, pelo que as fadinhas contam o rei dos elfos conseguia ser que nem uma nevoa, parecia nos lugares e desaparecia da mesma forma. Somos uma espécie de tudo que é relacionado a magia, magníssimo. Sendo que somos tanto feiticeiros, bruxos e magos, por mais que tem algumas diferenciações entre eles, com isso temos os níveis, sendo eles quatro tipos diferentes, o primeiro é quando em uma determinada idade da infância começam a se transformar em algum animal. Cada animal escolhe um Mist como uma das formas de protegê-lo. Esses animais não são normais, eles são escolhidos pela Magia. Vou dar um exemplo para ficar mais claro, eu sou um Mist e o animal que me escolheu foi uma águia. Cada animal tem uma magia em si mesmo, as águias tendem a ter uma espécie de comunicação telepática com outras espécies, então eu tenho poder relacionado a ler mentes, entrar nas memórias passadas e mais algumas coisas. Mas para humanos normais às águias só têm uma visão aguçada, e isso se reflete as águias que foram escolhidas pela magia, não só por terem visão aguçada fisicamente, mas também a visão do interior da mente humana ou de outras espécies entenderam? - Ele olhou para nós enquanto ficávamos ainda mais impressionados com as informações.
- O que Hugo quer dizer é que na primeira fase quando ainda somos crianças nos transformamos no animal que nos escolheu, e que chamamos de iniciação de aprendizado da magia que começa sendo feiticeiros, fazemos alguns feitiços utilizando os quatro elementos agua, terra, ar e fogo, já na segunda fase que chamamos de intermediação nos transformamos em bruxos, utilizando grimorios e pergaminhos, e por fim as duas ultimas fases que é chamada de ascensão que viramos um mago e quando completamos uma idade madura ou se você tiver sido escolhido pela magia podemos virar um ancião, esses dois últimos são um pouco mais difícil de explicar. Não vamos detalhar cada uma, só a primeira fase que é a iniciação por enquanto. Agora precisamos revelar para vocês o que a Jade é. - Ele suspirou e continuou - Você é uma Mist, assim com Hugo e eu, nós não sabemos em qual parte parental você tem o sangue élfico, mas você é a Fenix branca que nós esperávamos por muitos anos. Existia uma profecia que fala sobre um lobo cinza e uma Fenix branca que tem que juntar seus poderem para acabar com a besta que tormenta nossa cidade por anos, parece que essa besta vive na floresta e que sempre tenta entrar na cidade. - Ele terminou de dizer,  e tudo parecia tão irreal, sem lógica e muito fantasioso para mim, mas mantive minha mente quieta por um tempo até vir um pensamento em minha cabeça, então sem perceber perguntei em voz alta:
- Quem é o Lobo cinza, vocês sabem? Eu vi um ano passado na excursão da cidade que é perto da Mistoryth. - Falei olhando receosa para os dois que contavam para nós tudo, Cristian chegou perto sentando em minha frente na mesinha de centro e disse:
- Você realmente não sabe quem é? - Ele olhou no fundo dos meus olhos, e eu fiquei hipnotizada no seu olhar, mas quanto mais eu olhava mais eu via uma mudança de cor nele, de repente eu vi a coloração avermelhada em suas íris, foi naquele momento que minha ficha caiu e percebi que Cristian era o Lobo que eu tinha visto na cachoeira ano passado e o mesmo que me deu o quadro de presente de aniversário.
Meu coração começou a bater tão alto e parecia que todos na sala estavam ouvindo e minha cabeça começou a rodar e latejar de dor por tanta informação absorvida, meu corpo começou tremer pelo choque que tive, parecia que eu ouvia o coração dele no mesmo ritmo que o meu, os olhos de Cristian que estava ainda mais vermelho. E eu só conseguia pensar, é ele.
Senti uma mão em meu braço e me fazendo voltar a si, pisquei os olhos e vi que era o Caio que estava sentado no chão me olhando com cara de preocupação, ao meu lado estava Ana, e aos pouco fui digerindo tudo que tinha sido falado.
- Não é um sonho maluco que tive, estou acordada mesmo. - Olhei para todos que estavam ao meu redor. Parece que minha força tinha exaurido, me sentia muito cansada e Ana percebendo falou:
- Amiga, pode deitar em meu colo e descansar um pouco, mas eu recusei, então ouvi a voz de Cristian dizer:
- Você pode dormir no meu quarto, para tentar assimilar o que foi falado, e muita coisa para processar em um dia só, acho melhor você descansar como sua amiga Ana falou. - Cristian estava perto da janela da sala, e ao reparar na casa percebi que tinha mais alguém naquele local além de nós, então eu disse:
- Tem alguém aqui no apartamento além de nós. Agora que não vou dormir mesmo. - Disse já nervosa. Então, apareceu uma gata de trás da cozinha, vindo em minha direção.
- Acho que já achou quem está conosco no apartamento, disse Cristian, essa é a Luna a gata da minha irmã. E antes que me pergunte, ela fica comigo porque minha irmã morreu. - Ele travou o maxilar deixando bem claro que não queria falar sobre. Mas eu logico que queria saber algo mais sobre a gata.
- Meus sentimentos. Mas a gata tem algo a mais, não é uma simples gatinha. Queria saber o que é? - Olhei para Cristian e o mesmo suspirou e começou a contar.
- Quando morremos, os animais que nos transformamos ficam  para proteger as pessoas que amam. Minha irmã se transformava em uma grande gata com duas caldas. - Ele falou olhando para a janela, então tratei de não perguntar mais nada, e acalmar minha curiosidade em saber como a irmã dele morreu.
- Acho melhor vocês irem dormir, a primeira parte da festa acabou. Cristian e eu temos que ir aos rituais daqui a pouco. - Hugo se pronunciou depois de um tempo de silencio. - Amanhã conversaremos melhor, e explicaremos algumas coisas que tiverem faltado que possa termos esquecido, mas por hoje já é o bastante, além do mais amanhã pra vocês três será um dia cheio, porque vamos fazer um ritual para que libertem seus poderes. - Terminando de falar levantou e esperou que nós fizéssemos o mesmo, e antes de chegarmos à porta Cristian falou:
- Podem dormir aqui hoje.
Porém não concordamos, pois sabíamos que se não estivéssemos no hotel teríamos problemas com nossos professores. Então eles nos levaram até o hotel. Eu e Ana nos olhávamos sem dizer uma só palavra e ao mesmo tempo queríamos dizer tantas coisas, mas nos faltava corregem, o silencio reinou no quarto e ao dentarmos o cansaço foi notável por nós duas, eu vi Ana cair no sono tão rápido que me vez desejar fazer o mesmo, e quando menos esperei eu estava com os olhos fechados e me juntando a Ana no sono profundo.

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