Ajudando nos preparativos

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Na manhã seguinte todos já estavam agrupados na recepção do hotel, do lado de fora dava para ouvir varias vozes que eram dos moradores, e as mesmas pareciam bastante empolgadas, e deviam estar mesmo, pois naquele mesmo dia seria o começo do tal festival que eles esperavam. Eu queria ver como estava sendo preparado tudo lá fora, enquanto eu pensava como seria essa grande festa anual, meus professores começaram a falar:
- Sei que já está chato eu pedir para vocês reunirem aqui na recepção, mas temos uma novidade, vamos participar dos preparativos para o festival. Como já foram estipulados os grupos, cada guia vai dar funções para cada um de nós. - Professora Sofia falou toda empolgada, e após falar deixou que cada um de nos juntássemos em nossos grupos fazendo um circulo. Nossos guias se reuniam para estipular o que cada uma iria fazer. Então Cristian disse:
- Bom, não gosto de colocar as pessoas para fazer as coisas, prefiro que elas mesmas escolham o que vão fazer. Vou falar o que ainda falta para o festival. Vamos fazer de dupla, cada um escolhe seu par e após isso vou passar as tarefas, e vocês escolhem quais querem fazer. - Cristian dizia enquanto todos já se reuniam em dupla, Ana ficou com uma menina que a chamou para fazer dupla com ela, Caio também foi chamado pelo colega de quarto, e os outros eram casais, eles não iriam se separar, então sobrou só eu. Cristian olhou para mim percebendo que tinha ficado sozinha, Ana queria falar algo mais nosso guia começou a falar:
- Jade, você ficará comigo já que ficou sozinha, vamos para a casa do ancião, quando chegarmos lá, contarei o que faremos ok? - Balancei a cabeça sem reclamar, e pensei: "pelo menos não vou ficar sozinha para fazer uma tarefa." - E ele continuou: Já vocês podem escolherem, temos que enfeitar as janelas das casas, tem que fazer um caminho de pétalas até a entrada da cidade, montar as barraquinhas dos dois lados do caminho de pétalas no centro da cidade e por fim ficar na cozinha ajudando a fazer os doces e salgados. Quem fará o que? - Ana e sua colega falaram rápido que ficariam na cozinha, Caio também se pronunciou rápido dizendo que ficaria montando as barraquinhas, e as piores tarefas ficaram para os casais. Enquanto Cristian anotava os nomes das pessoas em suas devidas tarefas ele falava para onde irem e encontrarem as outras pessoas que foram determinas para mesma tarefa, quando ele terminou de passar as instruções, cheguei mais perto dele e disse:
- O que nós dois faremos? - Ele estava anotando meu nome junto ao dele, mas não consegui ler qual era a nossa tarefa.
- Iremos colocar os confetes que já foram devidamente cortados nas sacolas e nos cubos para estourarem e alguns acessórios para a apresentação principal. - Ele parou de escrever e olhou para mim, sairmos do hotel, e fomos para a casa do ancião.
Ana estava conversando com uma mulher que a encaminhava para uma grande cozinha, imaginei que era o restaurante que fomos, ela olhou para mim e sorriu pegando seu celular e digitando, parei de prestar atenção nela, mas recebi uma mensagem da mesma.
"Amiga, você vai ficar um bom tempo com esse gato, aproveita e tira essas aranhas da boca, HAHAH. Não me mata eu te amo. Agora é serio aproveita esse cara e lasca um beijão nele.
Ana."
Olhei na direção dela que estava toda animada com o suposto beijo que ela queria que tivesse, mas tenho certeza que ele tem um relacionamento com a Miranda, eu não iria estragar um relacionamento de alguém. Chegamos na casa do ancião que era um casarão lindíssimo, bem antiga, entramos na casa, suas paredes eram avermelhadas, e a iluminação era mínima deixando a casa um pouco escura, forcei meus olhos para conseguir enxergar o caminho que estava indo, subimos as escadas e passamos por varias grandiosas portas nos corredores, passei meus olhos pelo local e após acostumar com a mínima iluminação, ao passar de relance por uma parede vermelha, vi alguns desenhos nela, mas pela segunda vez quando olhei de novo não vi nada, só sua cor. Fiquei parada bem na frente da parede tentando entender o porquê estava tendo essas visões, ou sei lá o que estava se passando na minha cabeça. Cristian percebeu que eu não estava mais perto dele virou-se para mim e ficou ao meu lado e perguntou:
- O que foi? - Olhei para ele assustada enquanto ele me observava, franzindo a sobrancelha. E respondi:
- Não sei dizer, já é a segunda vez que tenho isso, fico vendo coisas que não estão aqui. - Sorri para ele e balancei a cabeça e continuei. - Deve ser coisa da minha cabeça. - Ele não disse nada e voltou a caminhar, chegando perto da porta vi que o local parecia uma grande sala de jantar.
Entramos e vimos vários enfeites espalhados pela enorme mesa, ele começou a me explicar como deveríamos colocar os confetes em seus devidos lugares, e quando terminássemos o mesmo iria mostrar como enfeitar os acessórios para a apresentação. Pelo que percebi a maioria das coisas já tinham sido feitas, faltavam poucas embalagens, então comecei a juntar os confetes em montens para ficar mais fácil de colocar nos tubos.
O silêncio entre nós dois foi constrangedor, mas nenhum ousou começar uma conversa. Eu já estava terminando a minha parte, e ele fazia o mesmo, quando terminamos, olhamos para mesa orgulhosos do nosso trabalho e juntamos com os outros que já estavam prontos, então resolvi falar:
- Terminamos uma parte, agora faltam os enfeites, me explica como que deve ser feito. - Ele passou uma das mãos na sua nuca, como se estivesse cansado ou preocupado com alguma coisa e começou a explicar:
- Cada acessório tem sua cor, os bastões têm uma cor azul turquesa, já os véus temos que juntar as cores certas para as dançarinas. - Cristian continuava a falar e eu prestava atenção em tudo, não queria vacilar ou errar em qualquer coisa, porque se não a culpa cairia sobre mim, e é algo que eu não queria.
Fiquei entretida fazendo minha parte, e não percebi que alguém tinha chegado, e ficado observando eu e Cristian a fazerem nossas tarefas, me virei e meus olhos foram de encontro com o ancião que sorriu para mim e disse:
- Que bom que você que você veio ajudar Cristian, ele está desde a sete da manhã fazendo isso. Qual seu nome minha jovem? - Desviei meu olhar para continuar o que estava fazendo e respondi:
- Meu nome é Jade. - Cristian que ainda estava sem olhar para o senhor, virou para ele dizendo:
- Ancião você não devia estar fazendo o seu trabalho que tanto falava? - Ele questionou o senhor. - O tal ancião sorriu e falou que já estava tudo pronto da parte dele, e que pelas horas já era para nós dois termos terminado. Então o ancião perguntou:
- Bom Jade, eu queria saber se já leu os livros que você levou? - Eu travei na hora sem mexer, mas tratei de disfarçar, não queria que eles soubessem que achava que toda a população tinha poderes afinal de contas são historias de ficção até então e os mesmo poderiam me achar boba. Então respondi:
- Li o conto do lobo e da Índia, fiquei curiosa, pois eu vi um lobo gigantesco em minha frente ano passado. Queria descobrir mais sobre eles. E li também a história da cidade e gostei muito. Apesar de ser contos né? - Tentei ser o mais simplista possível, sem passar a aparência que eu acreditava naquelas historias. O ancião me analisava enquanto eu terminava o último item que faltava. E mudei de assunto. - Terminei, acho que somos uma boa dupla Cristian. - Falei sorridente por ter terminado antes do horário previsto, e o mesmo concordou sem expressar um sorriso, dizendo:
- Você está livre para fazer o que quiser Jade, mas se for sair na rua pede para alguém ir com você. - Cristian parecia minha mãe ao falar, mas mesmo assim concordei com ele, e quando eu ia sair o ancião disse:
- Você também terminou Cristian, você pode sair para passear com ela e mostrar a sua cafeteria. - O velho disse com um sorriso vitorioso no rosto, e o Cristian que estava ao meu lado abriu sua boca para falar algo mas mudou de idéia na mesma hora pegando-me suavemente pelo pulso e me arrastando junto com ele para fora da casa.
Quando percebeu que já estava fora da casa soltou-me, e suspirou me olhando nos olhos, me dando aquela sensação de profundidade, eu estava lutando comigo mesma para não ficar o encarando tanto, mas era difícil, eu não conseguia desviar de suas iris negras, lutei muito para desviar meu olhar para qualquer lugar que fosse fora da bolha que ele me deixava e comecei a falar:
- A cafeteria é sua? - Ele me respondeu.
- Sim, meus pais queriam plantar café atrás de casa, só que eles não sabiam como que preparava, eu ainda era novo por volta de dezesseis anos, comecei a pesquisar como era feito os cafés e comecei a fazê-los para nós, até que eu e o Hugo resolvemos abrir uma cafeteria na cidade, temos ela a um ano. - Fiquei maravilhada, eu gostava muito de cafeterias, e na minha animação comecei a perguntar várias coisa sobre o local enquanto andávamos pelas ruas que estavam praticamente prontas, e ele respondia as minhas perguntas. Quando chegamos no local, fiquei encantada, a cafeteria era muito aconchegante e charmosa, eu olhava cada detalhe daquele lugar quanto Cristian fechava a porta do estabelecimento e terminava de acender as luzes.
- O que você quer tomar? - Perguntou ele. - Temos algumas variedades de cafés e cappuccinos, pode escolher, vou preparar para você. - Ele disse pegando o avental ficando atrás do balcão, e eu resolvi sentar de frente para ele.
- Quero um cappuccino de chocolate. - Ele deu um sorriso pequeno e saiu para dentro da cozinha, fiquei deslumbrada e observando cada detalhe daquele lugar, até que ele chegou com dois copos cheios.
- Obrigada, nunca imaginei que você poderia saber fazer café. Quantos anos você tem? - Perguntei soprando o liquido que estava quente, ele me olhou e respondeu:
- Tenho 24, e antes de me perguntar, fiz faculdade de gastronomia e me especializei em cafés, e entrei na faculdade com 16 anos. - Ele falou, respondendo todas as minhas perguntas de uma vez.
- Uaal, eu realmente não imaginaria isso. - Fiquei em silêncio e degustando o saboroso Cappuccino, "era impressão minha ou o povo dessa cidade sabia fazer comidas e bebidas maravilhosas?" pensei, e após me questionar veio um estalo em minha cabeça fazendo-me lembrar do que li no livro sobre a cidade, e ainda acho que não descobri nenhum terço sobre ela, quero descobrir o que é real ou não. Cristian me tirou dos meus pensamentos me perguntado:
- Já que têm 17 anos, o que gostaria de fazer da vida após o colegial? - Olhei para ele e sorri respondendo-o:
- Sempre quis fazer medicina veterinária, gosto muito de animais. Não me pergunte porque, só sei que gosto. - Ri da minha resposta, ele concordou sem falar mais nada.
Tomamos nosso café ouvindo a população conversar na rua, e quando terminamos ele resolveu me levar de volta para o hotel, no caminho avistamos Miranda que nos encarava com cara feia, e Cristian nem ligou, seu amigo Hugo que também estava na rua reparou nossa saída da cafeteria e sorriu, decidi não ficar observando as pessoas pois eu já sentia minhas bochechas ficarem quentes. Quando chegamos ao hotel me despedi.
- Obrigada pelo cappuccino, e pela companhia, eu achei que teria que fazer algo sozinha. - Ele sorriu, e se despediu acenando e eu fiz o mesmo o deixando ir, me virei e fui caminhando com um pequeno sorriso no rosto.
Entrei no quarto e deitei na cama, recordei do que tinha acontecido há poucos minutos atrás, me trazendo uma onda de felicidade estranha.

The Enigmatic CityWhere stories live. Discover now