Memória

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O dia finalmente chegou, o tão esperado e tumultuado dia em que os alunos de uma escola de ensino médio estará na cidade, eu não conseguia entender o porque de terem liberado a entrada deles na cidade, mas eu não poderia fazer nada contra isso. Eles chegaram e foi aquele alvoroço, todo mundo se transformando e ficando "decentes" para eles, eu não gostava que nós moradores da cidade tínhamos que agir diferente quando havia visitantes, era realmente frustante, não éramos nós mesmos.
Recepcionamos todos da melhor forma. Eu, Hugo e Miranda tentamos ser os mais agradáveis possível, e isso era uma dificuldade para mim, a presença deles me incomodavam e me deixavam ainda mais preocupado, tudo poderia se complicar se ocorresse algum problema fora do nosso roteiro, meus nervos estavam a flor da pele, meu maior problema não é cuidar de marmanjo, mas sim controlar meus poderes na frente de todos, isso não significa que não tenho auto controle deles, mas estou em processo de evolução e cada dia mais aumentavam, isso requer tempo e tranquilidade e é algo que não estou tendo nesse ultimo mês.
No dia seguinte da chegada deles, Hugo e eu fomos averiguar o perímetro, pois tínhamos sentido algo na floresta e eu vi algo entre as árvores um dia antes desse grupo de alunos chegarem, após tudo estar devidamente checado fomos para o hotel busca-los, e antes de tudo reunimos com Miranda e decidimos colocá-la como a oradora da história da cidade. Ela era boa em contar as histórias da cidade e gostava muito, mas no decorrer do percurso ela deu a impressão que não estava satisfeita, pois quando uma menina perguntou se teria algum livro sobre a história da cidade, Miranda que é uma pessoa muito educada, foi ríspida e grossa, parece que ela não gostou da garota que perguntou. Achei estranho a atitude da Miranda.
Aquela garota, eu me lembro bem do seu rosto, é a mesma garota do ano passado que encontrei na floresta, lembro do cuidado que ela teve comigo, seus olhos mostrava paz em um momento de escuridão que estava. Quando a vi no grupo de alunos fiquei curioso e passei a observa-la todo o tempo, sentia que precisava conhece-la, mas não entendia o porquê. Talvez seja pela coragem que ela teve de chegar perto de mim aquele dia.
Dentro da biblioteca estávamos observando todos irem para seus gêneros preferidos, enquanto eu procurava a garota que estava atormentado meus pensamentos desde que chegou, a encontrei olhando para um dos livros que minha mãe tinha jurado ter tirado da estante, cheguei perto dela visivelmente nervoso e irritado por encontrar um livro importante da cidade, e percebi que ela tinha mais dois livros, eu ia falar mais coisas, só que o ancião apareceu me interrompeu, dando liberdade para ela levar três dos livros mais importante para os jovens iniciantes, eu queria discutir com ele, mas o velho me ignorou e foi embora sem se despedir.
O dia foi tão cansativo, ainda mais por eu não ter dormido bem a noite com os pensamentos turbulentos. Levamos os alunos de volta para o hotel, e todos se despediram. Eu queria poder perguntar para a garota o nome dela, mas nós dois nos despedimos com um aceno de cabeça, ela se virou indo embora, mas parou e retornou a olhar para mim, ela me olhava com intensidade e eu estava fazendo o mesmo, sem perceber eu caminhava em direção a ela, estava imerso em seus olhos, quando cheguei perto dela, falei:
- Queria pedir desculpa por mais cedo, eu estava nervoso esses dias e acabei descontando em você. - Disse continuando a olha-la. Ela ficou um tempo sem falar nada, comecei a achar que não deveria ter ido falar com ela, mas ela respondeu:
- Tudo bem, começamos com o pé esquerdo. Acho que todo mundo acaba descontando suas frustrações uns nós outros. Enfim, vamos esquecer esse episódio e começar de novo. Meu nome é Jade Santinelli e você é o Cristian, não é? - Ela sorriu para mim estendendo sua mão para me cumprimentar. Fiz o mesmo e disse:
- Sou Cristian Estranght, prazer em conhecê-la, bom, preciso que ir preciso, tenho compromisso agora, tchau e até amanhã. - Ela também se despediu de mim sorrindo e dessa vez realmente entrou para o hotel.
Cheguei perto de Hugo, e ele me olhou soltando um sorriso maldoso enquanto Miranda finalizava a conversa com os professores, eu e Hugo resolvermos deixar a Miranda em sua casa, mais ela estava relutante querendo ir para meu apartamento junto com nós dois. Eu comecei a me irritar com ela e disse:
- NÃO SEJA INCONVENIENTE MIRANDA, VOCÊ NÃO VAI COMIGO E COM O HUGO PARA MEU APARTAMENTO, JÁ BASTA VOCÊ FAZER AQUELA CENA RIDÍCULA TENTANDO ME ABRAÇAR NA RECEPÇÃO DO HOTEL. SE VOCÊ NÃO SE LEMBRA, VOU REFRESCAR SUA MEMÓRIA, TERMINAMOS NOSSO NAMORO FAZ UM ANO. SEGUE EM FRENTE. - Eu gritei com ela no meio da rua com muita raiva, Hugo só observava.
- Me lembro bem, mas ainda gosto de você seu idiota. Você tá assim comigo por conta daquela garota, sem sal que você conversou, num é? Você não me engana Cristian. - Disse ela.
Eu tava com raiva da atitude dela e nervoso com tudo que estava acontecendo, mas não queria descontar nela, apesar de hoje ter consciência que quando namoramos eu era um jovem idiota e imaturo, que não sabia esperar pela pessoa certa e eu achava até pouco tempo que a profecia era uma história para criança, hoje sei que é verdade, mas agora entendo que machuquei alguém e me machuquei muito nesses dois anos de namoro.
- Acho melhor você entrar na sua casa, falei varias vezes para você que nós dois nunca teríamos um futuro juntos, tivemos um namoro por um longo tempo, muito mais do que esperávamos. - Disse para ela.
Ela olhou para mim com lágrimas nos olhos e saiu correndo para entrar em sua casa. Eu suspirei cansado da mesma ladainha que tinha que falar para ela todo santo dia. Hugo aproximou de mim batendo a mão em meu ombro, não falamos nada só andamos até meu apartamento.
Chegando e sentamos no sofá, Hugo me olhou tentando entrar na minha mente para descobrir o que estava acontecendo comigo, só que eu não permiti que ele entrasse, ele desistiu e falou:
- Já que você não quer deixar eu ver o que está se passando na sua cabeça, me conta. Quero saber porque você chegou naquela garota e porque ficou bravo com Miranda? - Ele suspirou cansado. Passei minhas mãos no rosto exausto e comecei a falar:
- No caso da Miranda, é como eu já disse, ela quer voltar ao que eramos antes, ela não liga pela minha perdido, ela só que voltar comigo e ser a primeira dama da cidade. Já a Jade... - Hugo arregalou os olhos e me interrompeu.
- Já sabe o nome da garota? Cristian, você não pode se envolver com alguém agora, precisamos encontrar a fênix branca. - Ele falou exaltado e gesticulando com as mãos. Olhei para ele e continue a falar:
- Já que não vai me deixar falar, olha por si mesmo. - estendi minha mão direita para ele pegar, o mesmo ficou receoso, mas a sua curiosidade falou mais alto, então resolveu pegou em minha mão.
Ele começou a ver desde o dia em que minha irmã morreu.

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