Onde eu fui me meter?

Cap. 29

Abri lentamente os olhos, estava deitada na cama ainda com o vestido, não lembro muito bem como cheguei aqui, minha cabeça doía e meu corpo lutava para continuar na cama, esfreguei os olhos para me despertar, deixando-os se acostumarem com a luz que entrava pela vidraça.

O iPhone estava em meio aos lençóis, a ultima chamada foi para o Mark... O que foi que eu fiz?

Entrei nas mensagens, tinham umas quinze mensagens do Flynn, um gelo se formou em meu estômago, não contei para ele como foi o resto do jantar, ele deve estar planejando onde esconder meu corpo depois de me matar agora mesmo, me forcei a levantar, andando até o banheiro.

Olhei meu reflexo no espelho, eu estava acabada, passei os dedos em meus cabelos, os amarrando em um coque, coloquei um shorts de pijama, com uma blusa regata, precisava de um belo café da manhã, tomara que Hilary tenha caprichado bem.

Passei o corredor parecendo um zumbi, não lembrava que esse corredor era tão extenso...

- Hilary, me passa o bacon!

Falei entrando na cozinha que estava vazia, a não ser pela figura que estava com um copo de Whisky em mãos. Como ele consegue tomar álcool já de manhã? O cheiro da bebida embrulhou meu estômago. Fazendo um tímido gemido de angustia sair pelos meus lábios.

- Você não respondeu minhas mensagens, Mia!

Sua voz rouca ecoou pela cozinha, não havia raiva como da ultima vez, só... desaprovação, meu corpo estremeceu, andei até uma das gavetas, tirando de lá de dentro alguns pacotes de bolachas, os despejando na ilha da cozinha, seus olhos de mel me fuzilavam, mas ele não ousou dizer nem mais uma palavra até eu acabar de comer metade daquelas bolachas.

- Obrigada por me deixar comer e me desculpa por não ter te respondido, - falei guardando o restante de pacotes que sobraram - cheguei atrasada e...

- Esse é seu trabalho, Mia. - ele me interrompeu, sentia seu olhar começar a queimar minhas costas, tentei imaginar aqueles mesmos olhos cheios de raiva e tesão da nossa ultima discussão, pelo menos raiva dói menos que decepção - Se não começar a trata-lo com sua devida consideração, sinto em dizer, mas terei que te despedir.

- Eu entendo, desculpa.

Me virei, o olhando nos olhos, para deixar bem claro que minhas desculpas eram sérias, o loiro concordou com a cabeça, se levantou, deixando o copo agora vazio descansar na pia da cozinha, suspirou.

- Em todo caso, não vim para falar sobre isso, - ele jogou a mesma pasta que escondi no closet da casa dos Briggs em cima da ilha da cozinha - entrei em contato com Elizabeth Briggs. Para tentarmos fazer um acordo que beneficie todos nós, até o filho mimado dela...

Me segurei para não repreender o modo de como falou do Mark.

- E então? Conseguiu?

Perguntei dando espaço para ele continuar. Me sentando em um dos bancos da Ilha da cozinha.

- Não, ela não quis ouvir nem uma palavra minha, falou que é para eu cair fora antes que algo aconteça a você ou a minha IN¹.

- E o que você fará a respeito?

Perguntei arqueando as sobrancelhas, Flynn passou as mãos nos cabelos loiros, andando para mais perto, envolvendo minha nuca com suas mãos, me forçando a olha-lo nos olhos, seu perfume amadeirado adentrou pelas minhas narinas, enquanto seus olhos estavam fixos nos meus. Aqueles olhos maravilhosos cor de mel.

- Ainda não sei, mas não vou deixar nada acontecer com você, eu prometo.

Concordei com a cabeça, fechando os olhos, aproveitando o calor de suas mãos em minha nuca. Quando ouvimos o som do elevador chegando no meu andar.

- Estava esperando alguém?

O loiro sussurrou, sua voz rouca fez um arrepio subir pela minha espinha, neguei com a cabeça, o olhando confusa.

- Claro que não, são dez da manhã! Se não for Hilary e Matteo eu não sei quem é!

- Não são eles, eu os dispensei hoje...

- Vic? - a voz de Mark ecoou pelo corredor, gelei - Me desculpe por vir sem avisar, só iria deixar seu vestido junto com uns remédios de dor de cabeça na portaria, mas o porteiro foi muito gentil e eu não me contive em vir ver se você está bem.

Olhei para Flynn em desespero, a voz estava ficando cada vez mais perto, o loiro pegou a pasta rapidamente, colocando dentro do terno.

- Não deixe de responder minhas mensagens! - ele murmurou, começando a andar na ponta dos pés para a sala - Depois conversamos melhor.

Concordei, indo para trás da ilha meio zonza, estava prestes a entrar em pânico quando meus olhos caíram sobre o copo que descansava na pia, o peguei, jogando-o no chão, o vidro se espatifou virando minúsculos pedaços, o som ecoou pela cobertura.

- Vic! - Mark exclamou entrando na cozinha assustado.

- Como eu sou uma desastrada! - murmurei para mim mesma, olhando o moreno me observar de shorts de pijama e regata na cozinha, com o copo espatifado no chão - Mark! O que faz aqui?

Ele usava sua calça jeans preta rasgada e uma blusa branca básica, em seus dedos os anéis descansavam.

- Vim trazer seu vestido e remédio de dor de cabeça, sabia que iria estar com uma ressaca das grandes.

Ele falou colocando meu vestido vermelho na ilha, junto com uma caixinha de Engov, se abaixando, começando a pegar os cacos maiores, sorri, ele se preocupou comigo... Vi cabelos loiros atrás do sofá, Flynn estava observando de longe, fiz uma mini mimica para ele sair pelo corredor, que concordou me lançando um "ok", saindo agachado em silêncio.

Peguei o lixinho da cozinha, ajudando Mark a jogar tudo lá dentro.

- Desculpa...

Murmurei, agora era eu que estava sem jeito.

- Relaxa, derrubo copo de vidro todo dia.

Mark falou debochando de mim, passando a mão no chão, verificando se não tinha mais nenhum caco minúsculo ali.

- Estou falando de ontem, - agora seus olhos me fitaram - vi que liguei para você, mas não lembro muito bem o que eu tinha a dizer.

Nos levantamos, ajeitei meu shorts do pijama, que era minúsculo por sinal, sorte que não o peguei me olhando maliciosamente. Mark é muito respeitoso comigo, não faz mais que a obrigação não é mesmo?

- Ah! Ontem?! - um sorriso pairou em seus lábios - Só falou que me amava e que já tinha marcado nosso casamento.

- Não brinca! - exclamei escondendo meu rosto com as mãos em um gesto de vergonha - Que vexame...

O moreno gargalhou, pegando minhas mãos, as tirando cuidadosamente do meu rosto. Me olhando profundamente, seus olhos azuis estavam pacíficos, como o mar ao fim da tarde.

- Brincadeira, só falou que queria ouvir minha voz.

Sorri, me aproximando, passando minhas mãos em sua nuca.

- Eu não estava mentindo.

Um sorriso encantador se abriu em seus lábios, enquanto suas mãos se entrelaçaram atrás da minha cintura. Ele começou a se inclinar, acabando pouco a pouco com o espaço entre nós, seu perfume estava me levando a loucura.

Quando ele parou, me olhando.

- Também falou que eu iria ficar bravo com você, - sua expressão estava séria -  o que está aprontando, Victoria Justine?!

¹IN- Infinity Nigth