Cap. 49

1.9K 138 23
                                    

Pov Mark Briggs

- Então era tudo mentira?

Julian perguntou se remexendo na cadeira. Concordei tomando um gole da minha cerveja.

Já fazia uns 3 dias que vi Mia pela última vez, a lembrança dela em meu escritório faz minha cabeça doer, um sentimento de raiva e tristeza me rondava desde que descobri toda a verdade.

- Poxa Mark... - Katharina passou as mãos em meu braço tentando me consolar - Estava tão feliz que vocês estavam felizes.

Estávamos na casa de Julian, aqui sempre foi nosso ponto de encontro, estava com muita saudade dos dois.

- Vamos falar de outra coisa, então?! - falei balançando a cabeça, tentando limpar meus pensamentos, os dois ainda me olhavam preocupados. - Como estão as coisas com vocês?

- Mark... - KitKat começou a falar - estamos aqui para te ouvir, pode desabafar com a gente.

- Eu estou bem, sério.

Mentira.

- Não se preocupem.

Outra mentira.

- Fomos para uma festa quando você esteve fora, - Julian começou a falar sem jeito, suas sardas pareciam que estavam mais escuras, KitKat enrijeceu os ombros, arqueei as sobrancelhas - e... Aconteceu, eu e Katharina...

Ele apontou para a loira, que sorriu sem jeito, ainda estava apreensiva.

- Queríamos te contar antes mas aconteceu tudo com a Vic, queríamos te contar em uma boa hora e se você estiver bravo ou sei lá... Quero que fale logo, não quero acabar com nossa amizade com algo bobo...

- Isso é fantástico! - falei sorrindo, e era mesmo - Estava me perguntando até quando vocês iriam fingir que isso - apontei para os dois - não estava acontecendo.

- Você não está bravo? Por eu ter pegado a sua ex?

Julian perguntou sem jeito. Katharina ainda não tinha falado nada, até prendeu o ar quando Julian fez a pergunta.

- Não estou bravo, - falei olhando para Julian nos olhos, olhei para KitKat segurando suas mãos - por que estaria bravo? Isso faz muito tempo, e terminamos numa boa né?

A loira concordou, dando um sorriso como se eu estivesse tirando um peso dos seus ombros.

♡︎♡︎♡︎

Ficar no meu apartamento sozinho estava me apavorando, os pensamentos invadiam minha cabeça e só conseguia ver o rosto de Mia em cada sombra. Parecia que o silêncio iria me engolir.

Peguei minhas chaves do carro, desci o elevador, precisava espairecer.

Dirigi pela cidade toda, sem nenhum destino certo, as ruas estavam movimentadas, nos barzinhos tinha música ao vivo, nos restaurantes tinham casais felizes jantando.

Todos felizes, menos eu...

Um aperto deu no meu peito, comecei a dirigir mais rápido, virei algumas esquinas, passei por alguns prédios, parecia mais uma noite normal lá fora, mas aqui dentro do carro estava nevoado, como se tudo estivesse mais escuro que o normal.

Passei na frente da Briggs, mas hoje não tinha uma fila imensa na frente da boate, eu dei folga para todos, não aguentaria ter que trabalhar fingindo que tudo estava bem.

Virei mais algumas esquinas, parei em alguns semáforos, quando percebi, estava na frente do prédio dela, o arranha-céu ainda ali, já estava me perguntando se tudo foi um sonho.

Uma lágrima solitária escapou de meus olhos, soquei o volante, por que vim aqui, porra?!

Liguei o rádio para tentar mudar minha atenção, queria tirar tudo que aconteceu

- Agora vamos para uma cantora que está bombando nos últimos tempos, Olívia Rodrigo cantando "Driver’s license".

Ah não... não não não.

Na metade da música já estava chorando feito um neném, como pode uma música se encaixar tão bem a minha vida?!

"'Cause you said forever
Now I drive alone past your street"

Olhei para o prédio novamente, as lágrimas fazendo minha visão embasar, só queria que você segurasse a minha mão, Vic. Que fosse a solução para os meus problemas... Mas você mentiu...

Poderia tentar fazer dar certo, poderia mesmo, mas meu coração nunca conseguiria amar por nós dois...

Liguei o carro, saindo da rua do prédio dela, deixando o que vivemos para trás, quando meus olhos pousaram em uma sorveteria, bingo!

Estacionei o carro torto, sem me preocupar com nada, quando passei pela porta o sininho tocou. Um menino estava de uniforme do outro lado do balcão, sua expressão mudou quando me viu derrotado daquele jeito, barba por fazer, moletom molhado com minhas lágrimas, cabelo bagunçado, calça de moletom surrada e talvez até nariz escorrendo, mas quem se importa?!

- Er... está tudo bem?

Ele parecia realmente preocupado, balancei a cabeça negativamente.

- Quero seu melhor sorvete no maior pote que tem.

Falei colocando duas notas de cem no balcão, ele me olhou apreensivo.

- Você sabe que um sorvete não custa tudo isso né?

- Pode ficar com tudo, não me importo.

Ele pegou as notas ainda apreensivo, fazendo meu sorvete, em minutos estava no carro novamente, chorando sozinho com meu sorvete, implorando a Deus que ninguém que eu conhecesse me visse nesse estado.

Amanhã será um novo dia, Mark. Você vai superar isso, seja um homem!

Onde eu fui me meter?Where stories live. Discover now