Capítulo 13

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Luísa 

Ai meu Deus! Para onde esses caras estão me levando? Será que vão realmente me libertar ou... – Penso sem parar enquanto estou presa dentro desse porta-malas escuro.Pela trepidação do caminho, tenho certeza de que estamosindo por uma estrada de terra. Já faz horas que saímos docasebre e ainda não chegamos a lugar algum.Como eu quero que essa agonia termine logo! 

Nãoaguento mais viver sobressaltada quando estou nas mãosdesses bandidos nojentos. Era tão diferente lá no casebre.Sei que é paradoxo, mas ao lado daquele ogro bobo eu mesentia segura.Esboço um sorriso ao lembrar o que vivemos ládentro. Foi loucura, eu sei, mas não consegui resistir à tentação de me entregar àquele homem intrigante. 

Terei quetravar uma luta interna para poder conseguir tirá-lo da minha cabeça. Meu coração aperta com a certeza de que eununca mais o verei, e se o vir talvez nem o reconheça. Talvez cruzemos na rua e eu não saiba quem ele é. Será?

 Desperto dos meus pensamentos quando perceboo carro parar. Engulo em seco. Segundos depois ouço asportas baterem e em seguida alguns cochichos. Meu coração agora mais parece uma bateria de escola de samba. Derepente, um deles abre o porta-malas e me olha fixamente.

 Todos esses caras, encapuzados e armados me causam friona espinha; eles são extremamente calculistas. Depois dasurra que levei lá na cabana, sei que são capazes de coisamuito pior. O que me leva a pensar que meu ogro não éassim? Por que meu coração insiste em teimar que ele temcoisas boas dentro de si? E por que mesmo nas situaçõesmais extremas eu consigo pensar nele? 

O homem que está à minha frente retira minhamordaça e me desamarra de maneira truculenta.– Desce do carro, patricinha! Agora você está livre.Pode voltar para casa – avisa segurando a arma no cós desua calça. 

Olho para os lados e só vejo escuridão. Percebo queestamos à beira de um asfalto e logo atrás constato que vínhamos realmente em uma estrada de terra, mas não hácasas e nem tráfego de gente ou de carros por aqui. 

– Cadê meu pai? – pergunto assustada. 

– A essa altura deve estar em casa achando quedemos um calote nele – sorri debochado –, mas quandoencontrá-lo, por favor, avise que somos muito corretos emnossos negócios. Ele pagou pela mercadoria e está recebendo-a de volta. 

– Vocês vão me largar aqui sozinha em plena madrugada? – pergunto apavorada.–

 Acho que o risco não é maior do que estar emnossas mãos, garota! 

– Quer saber? Vão à merda! Eu me viro – digo antesde girar o corpo e sair andando na beira da estrada.Dá para ouvir as risadas e os gritinhos debochadosvindos do carro que agora se distancia seguindo para o ladooposto ao que estou indo. 

– Desgraçados de uma figa! – grito em meio à raivaque sinto.

Agora estou sozinha, só Deus sabe onde, andandosem destino certo até ao menos o dia amanhecer. Procuroalguma casa abandonada, mas a única coisa que acho é otronco de uma árvore que está mais recuada e serve paraeu me recostar. 

Dormir nem pensar. Preciso ficar atenta ao quepode surgir durante o resto da madrugada. Não quero sersurpreendida por algum tarado ou até mesmo por um animal perigoso. Enquanto as horas não passam, me pego afazer um filme em minha cabeça de praticamente todos osinstantes em que vivi naquele cativeiro. 

Passei por momentos terríveis, mas também vivi coisas que jamais imagineiviver em um lugar daqueles. Além do medo e das agressõespelas quais passei, lá também descobri o sexo e um sentimento arrebatador por um homem desconhecido e misterioso. 

Naquela cabana, conheci as sensações mais avassaladoras da minha vida. De certo serão momentos que jamaisesquecerei.Aos poucos vejo a alvorada se formar e agradeçoaos céus por poder presenciar esse espetáculo da natureza. 

Paixão em CativeiroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora