Capítulo 6

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Luísa

Acordo durante a madrugada completamente suada e, então, percebo que este cara ainda dorme ao meu lado. Seu rosto coberto por uma meia me causa curiosidade. Como será seu sorriso, seu nariz, sua pele?

Eu já não sinto medo dele. Claro que não quero testar os seus limites, mas há algo nele que me agrada. Não quero nem pensar no dia que ele for embora e aquele outro homem voltar. Aquele foi com certeza o pior dia da minha vida. E as fotos? Para que retirar aquelas fotos minhas? Não consigo evitar e choro. Ainda tenho tanto receio do que pode me acontecer.

Mesmo tentando manter o silêncio, percebo quando ele desperta.

– O que aconteceu? Por que você está chorando? Ainda está passando mal? – Sua voz rouca parece preocupada.

– Não. Não é isso. Eu só estou com.

– Com? – Segura em meu queixo me fazendo virar de frente para ele.

– Medo! – Encaro seus olhos de esmeralda.

– Medo de quê? Eu não vou te machucar, já disse! – fala com o rosto próximo ao meu e não consigo evitar sentir vibrações estranhas por todo meu corpo.

– Eu sei, mas e quando você não estiver por perto?

– Você está se referindo àquele outro cara? – Engole em seco.

– Sim. Não quero vê-lo novamente. Tenho medo do que pode me acontecer da próxima vez.

- Ele não vai mais te machucar. Eu prometo! – fala baixo, acariciando meu braço. Acho que é instintivo, ele o faz sem perceber.

Após alguns segundos em silêncio, tomo coragem e pergunto:

– Como minha família está? Eles já sabem o que aconteceu comigo?

– Estão tristes e preocupados. E acho que a esta altura já sabem que você foi sequestrada – conta de maneira branda.

– Estou com saudade deles.

– Eu sei – sussurra.

– Você acha que isso ainda vai demorar a acabar?

– Acho que não. Muito em breve seu pai pagará o resgate e tudo vai acabar bem.

 - Quanto?

– Três milhões.

– É muito dinheiro. – Suspiro.

– Não... para seu pai – fala com a voz entrecortada.

– O que você vai fazer com a sua parte? Aposto que vai viajar e curtir adoidado – falo pensativa.

– Não. Vou montar um negócio e sair dessa vida. – Sinto sua respiração próxima ao meu ouvido.

– E eu nunca mais vou sair sem seguranças – brinco.

– Não devia mesmo. Vai que eu sinto saudades e resolvo te sequestrar outra vez! – Sinto tensão em sua voz e não consigo evitar o descompasso do meu coração.

– Como é o seu rosto? – pergunto enquanto sinto meu corpo inteiro arrepiar com sua proximidade.

– Se eu o escondo é justamente para você não saber.

- Grosso! – Sorrio. – Posso senti-lo pelo menos?

– Acho melhor não. – Muda o tom de voz. Agora ele me parece bem nervoso.

– Eu só quero poder sentir como você é!

– Para quê? – pergunta irritado.

– Para matar a curiosidade de saber como é o homem que me sequestrou e que cuida de mim – desembucho tomando coragem para tocar a meia que o esconde.

Paixão em CativeiroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora