Luísa
Sinto um frio na espinha cada vez que esse sujeito se aproxima. Seu rosto está coberto por uma meia preta, e seu corpo por camisa de mangas longas e calça jeans. Sua imagem me causa um pavor horrível.
Estou assustada e meu corpo dói. Estou na mesma posição há horas, e essas cordas estão machucando minha pele. Quero fazer xixi, mas ao mesmo tempo não quero falar com esse marginal; tenho medo de como seria sua reação. Também estou muito preocupada com a minha família. Todos devem estar desesperados pelo meu sumiço. Se ao menos Geraldo tiver visto algo... Talvez possam me encontrar com mais facilidade.
Tudo bem que isto aqui é um cativeiro, mas não precisava ser tão precário. Não tenho sequer travesseiro e lençóis. Ontem à noite senti muito frio. Estou exausta, mas não posso deixar o sono me vencer. Sabe lá o que esse louco pode fazer enquanto eu estiver dormindo. Também sinto fome, mas temo que me sirva algo envenenado.
Na verdade, não sei o que fazer. Temo pela minha vida, mas de jeito nenhum posso deixar de fazer minhas necessidades. Quando chego ao meu limite, resolvo chamá-lo.
– Moço? – falo timidamente. – Moço? – insisto. – Moço? – Dessa vez, digo num tom de voz mais alto sem obter resposta. – Moço! – grito. É o jeito, o xixi já está quase saindo e eu nem ao menos consigo me levantar sozinha.
– O que é? – Se revela na porta e responde num tom irritado.
– Eu estou apertada – falo baixinho. Já disse que sua imagem me intimida?
– O quê?
– Estou com muita vontade de fazer xixi. Preciso ir ao banheiro. É urgente!
– Dá para ir assim? – Se refere às cordas.
– Claro que não! Assim mal posso andar, além de que... – Mostro-lhe minhas mãos atadas.
– Ok! Tudo bem, mas não tenta fazer nada, senão... – Pega a pistola e engatilha, mirando na minha cabeça.
Apenas assinto e espero que me desamarre. Quando fico livre, caminho lentamente até o pequeno banheiro. Que nojo! Tem apenas uma privada velha e um balde encostado em um canto. Na parede, tem um prego enfiado que serve para colocar o rolo de papel higiênico.
Faço xixi em pé mesmo. Nunquinha que eu sentaria numa coisa dessas. Urgh! Procuro a descarga, mas não a encontro.
– Tá demorando por que, Patricinha? – Ouço sua voz irritante.
– Não tem descarga! – explico timidamente.
De repente ouço uma gargalhada. Do que esse idiota está rindo? Contei alguma piada?
– Será que a madame ainda não percebeu que não está hospedada em um hotel cinco estrelas?
Ignoro-o por completo e sou surpreendida quando o louco entra no banheiro bruscamente. E se eu ainda não estivesse vestida? Sinto um nó na garganta só de imaginar que ele ia me encontrar pelada da cintura para baixo.
– Aqui! – Aponta para o balde. – É daqui que você vai pegar a água para a descarga e também é daqui que vai sair a água para você tomar banho – avisa rispidamente.
– Posso tomar banho? – pergunto sentindo alívio por não ter que ficar suja e fedida para sempre.
– Não! – nega taxativo. – Agora deixa de conversa e dá logo descarga nisso aí.
Obedeço imediatamente e quando saio do banheiro sou jogada outra vez sob o colchão velho. O bandido pega as cordas e me amarra novamente com as mãos para trás. Não consigo conter o desespero e choro.
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Paixão em Cativeiro
RomanceLuísa é uma jovem cuja família é dona de um dos maiores hospitais do país. Ela sonha em ser médica assim como o pai e a irmã mais velha, Heloísa. Concluiu o primeiro ano de faculdade, e se esforçou bastante para tirar as notas máximas. É uma moça tí...