Capítulo 4

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Luísa

Sinto um frio na espinha cada vez que esse sujeito se aproxima. Seu rosto está coberto por uma meia preta, e seu corpo por camisa de mangas longas e calça jeans. Sua imagem me causa um pavor horrível.

Estou assustada e meu corpo dói. Estou na mesma posição há horas, e essas cordas estão machucando minha pele. Quero fazer xixi, mas ao mesmo tempo não quero falar com esse marginal; tenho medo de como seria sua reação. Também estou muito preocupada com a minha família. Todos devem estar desesperados pelo meu sumiço. Se ao menos Geraldo tiver visto algo... Talvez possam me encontrar com mais facilidade.

Tudo bem que isto aqui é um cativeiro, mas não precisava ser tão precário. Não tenho sequer travesseiro e lençóis. Ontem à noite senti muito frio. Estou exausta, mas não posso deixar o sono me vencer. Sabe lá o que esse louco pode fazer enquanto eu estiver dormindo. Também sinto fome, mas temo que me sirva algo envenenado.

Na verdade, não sei o que fazer. Temo pela minha vida, mas de jeito nenhum posso deixar de fazer minhas necessidades. Quando chego ao meu limite, resolvo chamá-lo.

– Moço? – falo timidamente. – Moço? – insisto. – Moço? – Dessa vez, digo num tom de voz mais alto sem obter resposta. – Moço! – grito. É o jeito, o xixi já está quase saindo e eu nem ao menos consigo me levantar sozinha.

– O que é? – Se revela na porta e responde num tom irritado.

– Eu estou apertada – falo baixinho. Já disse que sua imagem me intimida?

– O quê?

– Estou com muita vontade de fazer xixi.  Preciso ir ao banheiro. É urgente!

– Dá para ir assim? – Se refere às cordas.

– Claro que não! Assim mal posso andar, além de que... – Mostro-lhe minhas mãos atadas.

– Ok! Tudo bem, mas não tenta fazer nada, senão... – Pega a pistola e engatilha, mirando na minha cabeça.

Apenas assinto e espero que me desamarre. Quando fico livre, caminho lentamente até o pequeno banheiro. Que nojo! Tem apenas uma privada velha e um balde encostado em um canto. Na parede, tem um prego enfiado que serve para colocar o rolo de papel higiênico.

Faço xixi em pé mesmo. Nunquinha que eu sentaria numa coisa dessas. Urgh! Procuro a descarga, mas não a encontro.

– Tá demorando por que, Patricinha? – Ouço sua voz irritante.

– Não tem descarga! – explico timidamente.

De repente ouço uma gargalhada. Do que esse idiota está rindo? Contei alguma piada?

– Será que a madame ainda não percebeu que não está hospedada em um hotel cinco estrelas?

Ignoro-o por completo e sou surpreendida quando o louco entra no banheiro bruscamente. E se eu ainda não estivesse vestida? Sinto um nó na garganta só de imaginar que ele ia me encontrar pelada da cintura para baixo.

– Aqui! – Aponta para o balde. – É daqui que você vai pegar a água para a descarga e também é daqui que vai sair a água para você tomar banho – avisa rispidamente.

– Posso tomar banho? – pergunto sentindo alívio por não ter que ficar suja e fedida para sempre.

– Não! – nega taxativo. – Agora deixa de conversa e dá logo descarga nisso aí.

Obedeço imediatamente e quando saio do banheiro sou jogada outra vez sob o colchão velho. O bandido pega as cordas e me amarra novamente com as mãos para trás. Não consigo conter o desespero e choro.

Paixão em CativeiroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora