Capítulo 5 - Parte II

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Erick

Saio de casa sem nenhum ânimo para retornar àquele cativeiro. Às vezes, me arrependo de ter entrado nessa. Precisar ser ríspido com aquela garota me incomoda, afinal ela nunca me fez mal algum. Ainda bem que hoje será feito o primeiro contato com sua família e espero que tudo seja resolvido o mais rápido possível.

Penso sem parar por todo o caminho. Confiro no bolso se trouxe a meia para pôr no rosto. De jeito nenhum, Luísa pode me ver. Não posso correr o risco de ser reconhecido posteriormente. Ao estacionar em frente ao casebre, logo vejo Caveira sair.

– Porra, cara! Ainda bem que tu chegou. Não estava mais aguentando ficar aqui com essa garota chorona – diz ao me cumprimentar.

– Ela está te dando trabalho? – pergunto, estranhando seu comentário. Luísa é sempre tão retraída.

– Que nada. É uma medrosa. Só chora o tempo todo. O importante é que eu fiz o que devia ser feito. – Sorri e não sem o porquê, mas sinto uma vontade imensa de socá-lo por isso.

– Como assim? – Sondo um pouco mais.

– Depois você vai entender. E aí, trouxe comida? – Muda de assunto.

– Claro, porra! – digo antes de dar-lhe as chaves e o capacete da moto.

– Depois alguém aparece para tu descansar um pouco, valeu? – avisa ao dá partida no motor.

Respondo com um breve aceno e logo entro no casebre. Coloco as compras sobre a pequena mesa e cubro meu rosto com a meia. Confiro se minha arma está carregada e a posiciono no cós da calça. Abro um pacote de bolachas e ponho algumas num pequeno prato. O almoço ainda vai demorar a sair e não sei se Caveira já alimentou a garota hoje.

Quando abro a porta do pequeno quarto, me deparo com uma das cenas mais chocantes que já vi: Luísa está em pé numa cadeira com as mãos amarradas por uma corda que está presa ao caibro. Suas pernas também estão atadas, seu corpo está cheio de hematomas e sua boca sangra. Seus olhos estão bastante inchados e aparentemente ela nem percebeu quando entrei. Está vestida apenas com sua lingerie e parece totalmente exausta.

Se ela dormir vai cair e machucar ainda mais seus pulsos, que já estão muito feridos. Essa garota apanhou muito. O que ela fez para que Caveira agisse dessa forma? Aliás, o que Caveira fez com essa menina? Só a espancou ou... Pelo jeito que ela está vestida, provavelmente aquele animal deve ter se aproveitado dela. Não posso deixá-la assim. Tudo tem limite e Luísa não merece essa agressão. Ponho o prato no chão e caminho até ela.

– Luísa? – chamo baixinho, pois não quero assustá-la. – Luísa! – repito, mas a coitada não se manifesta. – Luísa! – Toco sua perna e nesse momento sinto seu corpo se contrair.

– Por favor. Não me bata mais. Eu não aguento mais – choraminga.

– Não fui eu quem te bati – digo e, então, finalmente ela tenta abrir os olhos.

– Você voltou! – Respira fundo, parecendo aliviada.

– Voltei – confirmo baixinho, prestando atenção em cada ferimento do seu corpo.

– Preciso de água, por favor. Eu não aguento mais. Estou morrendo de sede. – Depois de alguns segundos, ela fala com uma voz aniquilada.

- Ele não te deu água? – Meu coração se contrai enquanto espero por sua resposta, mas como ela não vem, convenço-me de que seria negativa. Aquele cara é um sádico!

Observo o quanto ela está machucada e indefesa à minha frente e inexplicavelmente nasce em mim um sentimento estranho de proteção e carinho. Nada mais falo, apenas desato os nós que amarram suas pernas e pulsos para que se sinta mais confortável.

Paixão em CativeiroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora