Capítulo 34

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O dia de ir embora chegou, e eu queria que essas férias fossem diferente do que foram. Os primeiros dias foram incríveis, mas o que se prosseguiu depois foi horrível, tirando os momentos que tive com Tom, apenas isso foi bom.

Estava em meu quarto com Thomas terminando de arrumar nossas malas. Eu estava feliz por finalmente ir embora, iria pra Londres apenas pegar tranferência, cancelar minha matrícula na Royal, e fazer a minha mudança. Voltaria pra Cambridge, e voltaria pra meu estágio.

— Não acredito que vocês realmente tem que ir embora. — mamãe falou aparecendo na porta fazendo biquinho.

— Se fosse por mim, eu ficaria mais tempo. — Tom disse e eu ri.

— Tá zoando, né? Já chega de desgraça na nossa vida, o Brasil só nos deu azar. — falei fechando a mala.

— Mas, pelo menos estávamos juntos. — Tom disse me abraçando por trás.

— Sim. — falei e sorri. — Tom, eu poderia conversar a sós com a mamãe?

— Aconteceu alguma coisa? — mamãe perguntou preocupada.

— Não. — sorri.

— Estarei lá em baixo, me chame depois pra terminarmos de arrumar as malas. — ele disse e me beijou.

Eu ainda não havia conversado com a mamãe sobre eu deixar o ballet, e sobre voltar pra Cambridge. Ela certamente ficaria triste, mas ela vai entender. E esse é o momento de falar sobre isso.

Tom me deu um último sorrisinho antes de fechar a porta, e logo eu e mamãe ficamos sozinhas.

— Aconteceu alguma coisa? — ela perguntou mais uma vez.

— Senta, por favor. — apontei pra cama.

— Você está me deixando preocupada, Anastasia Petrova. — ela disse séria, e eu ri.

— Não é pra se preocupar, mãe. — me sentei em sua frente.

— Então diz logo, caralho. — ri mais ainda.

— Nossa, que grossa. — suspirei. — Mãe, eu andei pensando muito, sabe? Eu vou voltar pra Cambridge.

— O quê? Mas porque? Você ama a Royal, e também gosta de estudar na Imperial College. O que te levou a decidir isso?

— Ah, já que vovô cortou tudo meu, até meu apartamento, eu achei essa a melhor decisão. E também, vou deixar o ballet. O dinheiro do estágio é pouco demais pra cobrir as roupas, e a mensalidade.

O quê? Você está se ouvindo? Você poderia morar no alojamento da Imperial, e o ballet eu poderia continuar pagando as mensalidades. — ela se levantou indignada.

— Acho que a senhora se lembra que a mensalidade é descontada nas contas da empresa. — respirei fundo. — E se for pra morar em alojamento, é melhor eu voltar pro de Mari, que eu me dou bem.

— Seu pai ficaria decepcionado com isso, Ania. — seus olhos estavam marejados.

— O papai entenderia. — me levantei e fiquei em pé a sua frente. — Eu achei que você também me entenderia.

— Você está matando uma memória de seu pai, ele queria tanto te ver progredir no ballet, Ania. Você está em uma das melhores instituições do mundo, e vai largar assim?

— E eu progredi, eu sei bem a reputação da Royal. — suspirei. — Mas também sei que é hora de parar, uma hora ou outra isso iria acontecer, mãe. Eu tenho vinte e quatro anos, minha vida foi totalmente dedicada ao ballet, por dezoito anos eu só pensava nisso. Infelizmente eu não engajei na carreira, e chegou a hora de eu realmente parar, e me dedicar a medicina. Eu já estou perto de me formar.

— Existem muitos bailarinos que tem outras profissões, e conseguem conciliar as duas coisas.

— Mãe, você não está entendendo. Eu amo o ballet, com todas as minhas forças, mas eu preciso parar, já está na hora. Achava que você apoiaria a minha decisão.

Mamãe não disse nada, apenas se encostou perto da janela do meu quarto e ficou ali. Me sentei na cama, e abaixei a cabeça. Minutos depois, senti a minha mãe me abraçar, e eu retribui o mesmo.

— Me desculpa por pensar em mim, eu sei o quanto você ama seu pai, mas também precisa pensar em você. — ela disse ainda abraçada a mim. — Se é isso que você quer, eu vou te apoiar.

— Obrigada, mãe, isso é muito importante pra mim. — segurei seu rosto e a encarei. — Eu te amo, dona Mara Petrova.

— Eu também te amo, meu bebê. — ela beijou a minha cabeça.

Fiquei abraçada com minha mãe por um tempo, e depois ela me ajudou a terminar de arrumar as malas, até a de Thomas. Eu finalmente estava tranquila em poder voltar para a Inglaterra.

••

Já estávamos no aeroporto, mamãe já havia chorado algumas vezes, como ela sempre faz nas despedidas, mesmo depois de quatro anos ela ainda não se acostumou.

Chamada do vôo para Londres, por favor senhores, se dirigir ao portão de embarque. Flight call to London, please, heade to the departure gate. — escutamos do alto-falante do aeroporto.

— Chegou a hora. — falei e sorri fraco.

— Antes de vocês irem, eu quero dá uma coisa. — Natasha disse tirando algo a sua mochila.

— Natasha fazendo surpresa? Eu amo. — falei e todos rimos.

— Durante esses dias, desde que vocês chegaram, eu fotografei vocês quando estavam distraídos, pois eu acho linda a forma que vocês se olham, que são cúmplices, como vocês se amam, e como são carinhosos e cuidadosos um com um outro. — Nat sorriu. — Eu fiz esse álbum com todas essas fotos, e mais algumas que peguei das redes sociais de vocês. Sempre que brigarem, ou pensarem em desistir, olhem esse álbum... o amor de vocês é lindo, e vocês vão superar toda fase ruim. Como diz aquela música do Queen que a gente gosta: O show tem que continuar. Então, ergam a cabeça, e sejam felizes, não deixem nada impedir o amor de vocês.

— Natasha... isso é lindo. — Tom disse pegando delicadamente o álbum. — Muito obrigado. — ele sorriu e abraçou a minha irmã.

— E-eu nem sei o que te dizer. — falei com a voz embargada. — Eu te amo muito, obrigada por isso.

— Vocês vão me fazer chorar, e eu odeio chorar. Vão logo embora, suas pragas, ou vão perder o vôo. — Natasha disse e nós rimos.

— Tchau, mãe. Eu te amo, e vá me visitar logo. — abracei ela e sorri.

— Tchau, crianças, tenham uma boa viagem. — ela sorriu pra mim e Thomas.

Thomas sorriu pra mim, e segurou a minha mão. Juntos fomos para o portão de embarque, e logo depois para o avião. Sentamos em nossas poltronas, e ficamos totalmente confortáveis.

— Está pronta? — Tom perguntou apertando a minha mão.

— Com você, eu estou pronta pra tudo. — sorri e lhe dei um beijo.

Começamos a folhear o álbum que Nat fez, e as fotos eram lindas. Tom olhava tudo com animação, enquanto eu o encarava, eu tenho certeza que minha alma gêmea é ele.

All Of Me - Tom Hiddleston (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now