- Lorena..

- Eu não terminei – me interrompe – Sabe o que aquela “fatalidade” me fez perceber?

Lorena limpa a área molhada por lágrimas abaixo de seus olhos fazendo com que o órgão pulsante abaixo do meu peito esquerdo se reprima dentro de mim.

- Que sua vida extraconjugal nunca vai acabar e que daqui alguns meses ou quem sabe anos eu vou ser a próxima Sabrina.

- Não, isso não vai acontecer porque...

Antes que eu consiga terminar a frase um homem se aproxima de Lorena, ele se insere no meio de nós e a puxa para um abraço como se eu não estivesse aqui. A menina retribui o gesto e fico petrificado assistindo a cena que tanto me incomoda.
Cerro meus punhos assim que ele envolve a cintura dela com os braços erguendo um pouco seu corpo, sinto minhas mãos suarem e o ar me faltar enquanto o rapaz aperta a garota como se quisesse que aquele abraço nunca terminasse.

- Ah, oi – exclama assim que se afasta dela – Não vai me apresentar seu amigo Lorena? - diz ele me oferecendo a mão em um cumprimento.

Me mantenho calado e não retribuo o gesto, o desconhecido a minha frente recolhe seu braço aparentemente constrangido.

- Ele só parou para pedir uma informação, não o conheço.

Sua resposta me atinge como uma adaga afiada cravada em meu peito. Nesse momento o mundo se desvaneceu e pareceu perder sua cor, é como se tudo ao meu redor se partisse em pedaços aos meus pés e por pouco não perco meu equilíbrio.

Fico parado de forma patética vendo os dois se afastarem feito um miserável. A tristeza se alastra sobre o meu corpo de uma só vez, não consigo desviar o olhar da cena que tanto me machuca e permaneço aqui, imóvel.

Sinto um braço pesar sobre meus ombros, e eu respiro fundo sem tirar a atenção dos dois desaparecendo do meu campo de visão.

- Vamos embora amigo. Já fez o que podia, agora é hora de ir.

A voz de Carlos invade meus tímpanos fazendo com que eu volte a encarar a realidade, ele da um tapa em minhas costas e eu finalmente viro as costas.
Viro as costas para tudo aquilo, para o desconhecido que acabara de a tomar de mim diante dos meus olhos, para a dor que lateja em meu peito e para ela.

Assim que entramos no carro e nos acomodamos no banco Carlos da partida com o automóvel, permaneço calado sem me interessar no caminho que iremos seguir a partir daqui, minha mente só lateja o baque que acabei de ter e tudo em mim parece dormente.

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Sentado na mesa de um bar qualquer no qual tinha vindo antes balanço o copo de whisky enquanto meu amigo fala de um assunto aleatório do qual não consigo prestar atenção.

- Luigi – chama ele e eu o olho – Você não vai sair da merda né?

- Acha mesmo que eu gosto de estar assim?

- Essa menina esta certa, isso ia acabar uma hora e quanto antes menos problemas. Olhe as coisas pelo lado bom! – aconselha.

- Me fale o lado bom, pois até agora não identifiquei sequer um.

- Você é charmoso, inteligente, saudável, além de ser o homem mais rico dessa cidade  – exclama na esperança de animar-me.

- Porra, que clichê! Não tinha nada melhor pra me falar?

- Você tem uma família que te ama, três filhos inteligentes e uma esposa que é louca por você. Irmão, você tem uma pessoa incrível ao seu lado, nem Lorena, nem qualquer mulher no mundo seria capaz de fazer por você metade do que Michela faz.

As indagações de meu contador tocam em mim da forma mais sensível possível. Minha família é tudo que tenho, meus filhos representam toda alegria que há em mim e são diariamente motivo de orgulho para mim, tudo que eu faço é por eles, toda minha luta e meus esforços são para garantir a eles o futuro mais promissor que possa existir. Já minha esposa é a 23 anos a mulher da minha vida, na alegria e na tristeza ela esteve aqui, na saúde e na doença também e eu a amo com todas as minhas forças.

Mas a Lorena é uma luz que irradiou na minha vida sem que eu esperasse, ela simplesmente apareceu e desmontou toda a minha estrutura. Pois a baixo meu juramento de não me envolver mais com outra mulher, me deixou completamente entorpecido com seu corpo e totalmente apaixonado.

Sim, eu sou apaixonado por ela.

- Quer desabafar? – questiona Carlos.

- Eu tive que contar até mil pra não socar a cara daquele filho da puta – esbravejo – Precisa ver o jeito com que ele tocou ela, apertou a pequena cintura dela com tanta força que meu mundo pareceu padecer ali, diante aquela cena.

- Pior que ele é um cara vistoso – opina – Eu assisti tudo lá do carro. O bonitão abraçando ela enquanto você estava lá parado com uma cara de tacho – Zomba ele soltando uma gargalhada em seguida.

- Eu achei que sua intenção era fazer eu me sentir melhor.

- Desculpa, mas foi engraçado.

- Va al diavolo!! – exclamo colocando o copo na mesa de forma bruta.

- Olha, olha. Não começa a me xingar em italiano que você sabe que não entendo porra nenhuma.

Permaneço calado perdido em meus devaneios, pego meu telefone e disco o número da menina. Abro a caixa de mensagens e penso no que eu poderia mandar para ela.

- Você não ta pensando em procurar ela, não é?

- Já se passaram algumas horas, com certeza a Lorena pensou melhor em tudo. Só quero saber como ela está.

Em um movimento rápido Carlos pega o celular de minha mão, tento recuperar o aparelho, mas é em vão.

- Qual o seu problema? – questiona enraivecido – A garota falou que não quer e você precisa respeitar isso.

- Era só uma mensagem – afirmo.

- Ela não que mais Luigi, ela simplesmente não quer – reforça – Para de agir feito um stalker maluco, reúne o resto de amor próprio que você tem aí dentro e esquece essa garota pelo amor de Deus.

Viro o resto de whisky que havia em meu copo de uma só vez e faço sinal para o garçom pedindo mais um.

A vida é mesmo uma porcaria.

▪︎  Va al diavolo!!: Vá para o inferno!!

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Acho que o Luigi não ta muito legal não, viu! E vocês, o que acham da reação do nosso italiano a decisão da Lorena?

Interajam comigo, eu amo ler os comentários de vocês! ❤

Votem e comentem.. tento voltar ainda essa semana. 😍❤

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