Madison Farrel, vinte anos, modelo. Assassinada após uma festa em um bairro de classe alta em Los Angeles. Com sua pele negra, e seus cabelos volumosamente cacheados, Maddie, como gostava de ser chamada, despertava a atenção de todos, por qualquer lugar que passasse, e inclusive, atenção desnecessária, já que seu destino acabou sendo o mesmo de Leonora e Inez. Após ser asfixiada, seu corpo desnudo foi abandonado em um terreno desabitado.

Molly Berry, vinte e nove anos, professora na Universidade da Califórnia. Cabelos loiros, quase brancos, na altura dos ombros, e com um corpo voluptuoso, que ao certo, atraía muitos olhares, de todos os tipos imagináveis. — Encantadora! — diziam as pessoas que a conheciam. A sua morte ocorreu exatamente um mês depois do assassinato de Madison, seu corpo foi desovado em uma rua vazia, e em poucas horas, foi encontrado.

Ariana Hudson, dezessete anos, ainda cursava o colegial. Essa havia sido a mais nova de todas, porém, seu rosto carregado por uma maquiagem marcante, seus cabelos tingidos por um vermelho chamativo, e suas roupas frequentemente coladas em seu corpo, sempre passaram a impressão dela ter mais idade do que realmente era verídico. Ariana havia sido desovada em frente à sua casa, para o choque de seus pais, e de todas as pessoas que acompanhavam os casos de perto.

Amelie Kemp, vinte e três anos, estudante caloura de Psicologia da Universidade da Califórnia em Los Angeles. Em um trote da faculdade, a jovem teve seus longos cabelos pretos cortados na altura da nuca, e foi deixada em uma estrada distante de San Diego Fwy para voltasse andando para universidade novamente, porém, Amelie nunca mais foi vista com vida novamente. Seu corpo foi encontrado na mesma situação das três vítimas anteriores, e inclusive, na mesma estrada em que havia sido deixada.

— Todas vítimas foram asfixiadas por um saco plástico. Isso é estranho, tenho que confessar. O assassino nunca foi pego? — Nicolas questionou, boquiaberto.

— Nunca. A última vítima, Amelie Kemp, aconteceu há mais ou menos um ano atrás, desde então, nunca mais havia acontecido isso novamente. Quer dizer, até Leonora... — A jovem sussurrou, ressentida.

— É estranho, linda. Mas de qualquer forma, continua sendo dezesseis horas de viagem. — Nicolas protestou. — Por que ele viria para Boulder? Por que não continuar em Los Angeles cometendo seus atos de violência sexual e assassinato?

— Houve violência sexual apenas no primeiro caso, Inez Hull. — Margot alertou. — E também, o corpo de Inez não estava marcado na barriga, igual o das outras vítimas, e também, o de Leonora.

— Marcado na barriga? Nenhum jornal falou disso.

— Sabe o símbolo que representa o sexo masculino? Um círculo, com a flecha para cima...

— Sei. — Nicolas riu. — Que símbolo mais sem sentido para ser utilizado em um assassinato. Como ele quer ser conhecido? O Masculino?

— Tem como falar algo útil invés de fazer esses comentários desnecessários? — Margot bufou, encarando Nicolas com raiva.

— Oh, claro, desculpe, caro Sherlock! — O homem zombou. — O primeiro assassinato, de Inez Hull, pode ter sido cometido por outra pessoa, os demais podem ter sido uma réplica, ou mera coincidência.

— Claro que não...

— É verdade, linda. O perfil de um estuprador em série é totalmente diferente de um perfil de uma pessoa que mata por prazer. Enquanto o agressor sexual mata para silênciar, o assassino mata para saciar sua vontade de tirar a vida de alguém. — Nicolas argumentou, em epifania. — Sem falar que essa marca esquisita só reforça a hipótese que o assassino das outras mulheres não é o da primeira.

— Aonde aprendeu isso? — Margot questionou, com os olhos arregalados em surpresa.

CSI. — Admitiu, provocando o riso da jovem.

— Porém, geralmente a primeira vítima sempre tem uma ligação especial para o assassino. A primeira vítima sempre é o gatilho para que ele cometa os outros assassinatos, por isso, o modus operandi¹ pode ter sido diferente. — A garota rebateu.

— Aonde aprendeu isso? — O professor devolveu o questionamento que havia sido feito a ele.

Criminal Minds. — Emitiu um sorriso debochado, assumindo seu vício em programas investigativos.

— Os investigadores de Los Angeles nunca descobriram algo referente à essa marca na barriga?

— Provávelmente sim, porém, são informações confidenciais. Não fiquei sabendo.

— Por que você tem todos esses jornais referentes a esses casos? — Nicolas questionou, observando a mulher à sua frente ficar desconcertada.

— Eu morava em Los Angeles, estudava na Univerdade da Califórnia, fui transferida para Boulder. Na época que isso começou a acontecer, principalmente com uma aluna e uma professora da mesma Universidade, todo mundo começou a ficar com medo e fissurado nesses assassinatos, e eu, fui uma dessas pessoas. — Admitiu.

— A Universidade da Califórnia em Los Angeles está entre uma das melhores do mundo. Não entendo o motivo de ter feito essa transferência. — O rapaz ponderou, desconfiado.

— Queria minha independência, longe da minha família. — Assumiu, encarando a parede atrás de Nicolas.

— Não é estranho esses casos estarem acontecendo em Boulder, justamente para onde você se mudou?

— Está insinuando que eu sou a responsável?

— Não. Estou dizendo que é estranho. — Nicolas justificou.

O silêncio permaneceu, com ambos se encarando, e olhares submersos em pensamentos involuntários. Enquanto Margot era tomada pelo medo e pelas recordações dos casos em Los Angeles, Nicolas ainda tentava assimilar todas informações que lhe foram concedidas, e quais seriam os seus próximos passos.

— Acho melhor você ir. — Margot, por fim, quebrou o silêncio.

— Tudo bem, amanhã é o velório de Leonora. Começará às nove horas da manhã. — O professor alertou, levantando-se da cama, e a garota o acompanhou em passos lentos.

Velório.

Tudo parecia surreal, até Margot ouvir a palavra "velório" ser dita em voz alta. Não era apenas sua amiga que iria ser enterrada amanhã, eram todos os seus sonhos, seu futuro e suas conquistas. As pessoas que tanto falam seu nome hoje em dia, em breve, não se lembrariam mais dela, e sua alma cativante seria reduzida a um túmulo. Tudo o que restaria seriam lembranças.

Assim que Nicolas virou-se para despedir-se encontrou o rosto de Margot banhado em lágrimas, com os olhos fechados, chorando silênciosamente. Com a necessidade de conforta-la nessa situação dolorosa, no calor do momento, aproximou-se de seu corpo, e envolveu lentamente em um abraço apertado, que para sua surpresa, foi retribuído com a mesma intensidade. Como a jovem era bem mais baixa que o rapaz, sua cabeça ficou apoiada em seu peitoral firme, e Nicolas aproveitou para descansar seu rosto em seus cabelos que ainda exalavam um cheiro intenso de camomila.

— Obrigada. — Margot sussurrou, ainda presa em seu abraço.

《•••》

Modus Operandi¹: Modo no qual um individuo executa, ou opera, uma atividade.

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