- O Próximo Plano -

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— Mas e agora? O que nós devemos fazer?

— A primeira etapa do plano deu errado, como era o mais óbvio de acontecer. Portanto, agora será a vez do nosso andor entrar em ação.

— E você já sabe o que vai fazer? — Ela virou-se para Idarcio.

— Confesso que ainda não, minha cara Eurene. Eu pretendo tirar o dia de hoje para refletir sobre os possíveis contextos que eu vou me deparar quando retornar ao Castelo da Corte. Preciso pensar nos assuntos, alternativas, propostas e respostas que me serão apresentadas quando eu estiver diante dos membros da corte.

O trio seguiu em direção à Estalagem de Emelia dialogando sobre os próximos passos a serem tomados. Quando chegaram na rua do estabelecimento, depararam-se com seus companheiros em uma barulhenta tentativa de treinamento. 

Roren estava de pé com os braços cruzados, analisava a tentativa de Borbon em preparar Talion antes do início do duelo. Mercel estava sentado em um caixote e observava o desempenho não somente do rapaz mas o de seu instrutor também. Devin segurava o bastão que Idarcio lhe deu na noite em que estavam prestes a deixar o Vilarejo Cimonell, o menino demonstrava grande interesse em aprender os movimentos que seriam ensinados. Adilan, por sua vez, não prestava muita atenção no que acontecia perto de si pois escrevia algo em seu pequeno livro. 

— Fique em posição de guarda até a hora que for me atacar. Ou até eu te atacar. — Borbon encenou a posição na frente de Talion.

— Mas é para eu te atacar ou você vai fazer isso?

— Eu não sei, ora. Han... vamos estabelecer que eu serei o primeiro a atacar. Mas lembre-se que o seu adversário nunca vai te avisar quando ele for fazer qualquer movimento, por isso você tem que ficar de olho aberto.

Talion assentiu com a cabeça e tomou a posição de guarda, ele segurava a espada que Roren lhe forneceu. Considerou a arma pesada, mas preferiu não comentar nada. Borbon pôs-se em guarda, segurou sua arma firmemente e olhou diretamente nos olhos do rapaz. Aquele rosto feroz com uma grossa barba causou temor em Talion que falhou em exibir a mesma ferocidade.

Quando Borbon avançou para dar o primeiro golpe, Talion tentou se defender mas o impacto acabou derrubando a espada de sua mão.

— Você vai cortar ele ao meio se atacá-lo de verdade — Roren criticou.

— E você supõe que eu deva fazer o quê? Ele tem que saber que o inimigo não terá piedade quando atacar.

— Só que você não é um inimigo de verdade. Primeiro deve ensiná-lo a manusear a espada, e depois a se defender.

— Fique na sua, Roren. Hoje eu serei o treinador e vou treiná-lo do meu jeito. Amanhã você poderá ensiná-lo a como girar uma espada no ar.

Nesse momento, Adamor, Idarcio e Eurene surgiram entre eles.

— Vocês ainda não chegaram a um consenso? — perguntou o líder.

— Possuímos visões diferentes de como ensinar o Talion — respondeu Roren.

— E como o Borbon está se saindo como treinador, Talion?

O rapaz trocou olhares com o homem corpulento enquanto buscou as palavras corretas.

— Ah, ele... é um bom treinador. Estamos progredindo.

Adamor sorriu e deu um tapa em seu ombro, um tapa de incentivo como se o dissesse para ter mais paciência com seu treinador do que o treinador pode ser capaz de ter com o aluno.

Algo os chamou a atenção. Todos viraram-se para trás e puderam constatar que alguém se aproximava montado em um animal. Quão foi a surpresa de Devin quando ele percebeu que a montaria não se tratava de um cavalo comum, mas sim de um quadrúpede com chifres enormes.

A Pretensão dos CavaleirosWhere stories live. Discover now