Capítulo 11: Partículas

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-Song-ge, não consegue dormir?

Bai Feng se sentiu surpreso em quão pouco a escuridão parecia incomodar Song Lan.

-Pesadelos. -o mestre taoísta lhe pareceu perturbado.

-Você tem travado uma grande batalha interna, Song-ge. Eu o louvo por sua coragem, mas temo por sua queda.

-Eu fui enganado e perdi XingChen! O que há para ser louvado, Bai Shidi?

Seus olhos não se acostumaram depressa com a escuridão, mas os ruídos de uma respiração funda ecoaram em seus ouvidos.

Song Lan estava chorando.

Ele não seria capaz de infringir seu espaço pessoal anos atrás. Song Lan sentia repulsa ao ser tocado ou qualquer tipo de aproximação.

Porém, os anos agora eram outros. Bai Feng não meditou sobre isso, cruzando a linha do espaço pessoal entre ele e Song Lan, jogando-se ao corpo do homem e tomando-o em um abraço apertado.

Ele temeu ser repreendido e ser tratado com repulsa. Mas Song Lan nada fez.

O mestre taoísta mais velho encaixou sua testa na curvatura do ombro de seu amigo, permitindo ser tocado mais uma vez, por outra pessoa que não Xiao XingChen.

Permanecer em silêncio permitia as emoções de passearem livremente. E elas explodiram.

No torpor ensurdecedor da noite, um grito de angústia soou tão alto e forte quanto os trovões anunciando o início de uma tempestade.

Às pressas, MeiJiu SanRen destruiu a porta de entrada do pequeno quarto compartilhado, encontrando Bai Feng segurando com extrema força um homem em seu estado mais deplorável.

Song Lan estava desamparado, os longos cabelos negros caindo sobre as costas como uma cascata escura. Suas mãos apoiadas ao chão, cobertas por sangue.

-Song Daozhang...

Ela se aproximou temerosa, agachando-se ao lado do homem que permanecia imóvel.

Assustada, MeiJiu abriu e arregalou os olhos.

Não era de suas mãos que o sangue fresco corria.

Era de Bai Feng.

O taoísta mais novo possuía cortes em ambas as mãos, o líquido vermelho e viscoso derramando incessante, sujando o chão de madeira escura.

-Bai Feng!

-Saia, por favor. Necessitamos de um tempo sozinhos.

MeiJiu entreabriu os lábios perplexa.

-Saia, MeiJiu!

Assentindo em descontentamento, ela se retirou dos aposentos, afastando todos aqueles que estavam próximos a porta preocupados.

༺༻

Ela o encontrou na mesma pedra na floresta.

Bai Feng mantinha a expressão baixa, os olhos fixos nas mãos estendidas, cobertas por faixas brancas que passaram a estar manchadas pelo sangue pouco a pouco.

-Posso me aproximar? -sua voz soou mais suave do que já fora algum dia.

O taoísta ergueu a cabeça surpreso. Ela nunca viera ao seu encontro, sempre fora o contrário.

-Como desejar.

A senhora da montanha se sentou ao seu lado em silêncio, evitando contato direto ou olhá-lo nos olhos.

Halo da Lua [Concluída]Where stories live. Discover now