Gênesis tinha vários objetivos para o seu ensino médio, bem organizados em uma to do list. Só que alguns, em especial, eram mais importantes. Primeiro, entraria para o tão sonhado grupo de cheerleaders Furiosas do colégio Quartzo. Segundo, ficaria b...
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Eu volto a atenção para o meu caderno e anotações interrompidas por quadros apagados.
Ela vai conseguir se virar, eu espero.
Não é da minha conta.
— Eu vou matar ela. — Eu resmungo baixinho, colocando as mãos na cabeça.
Não é da minha conta, mas não paro de pensar nisso.
— Matar quem, Gênesis? — Estefânia para a aula e faz todo mundo olhar pra mim.
Não sei como funciona essa mulher, mas definitivamente é algo sobrenatural. Ela é um robô com ouvidos biônicos e sensores de sei lá. Nem consigo respirar sem que ela perceba. Meu foco estava sendo tanto outra coisa que esqueci em que aula estava quando resmunguei. A pior de todas.
— Então eu me esforço para dar aula para adolescentes barulhentos e tudo o que eu recebo é alguém querendo "me matar"? — Estefânia continua, colocando o apagador em cima da sua mesa.
Merda.
Acho que até o ventilador ficou silencioso agora, enquanto todo mundo me olha. Julgadores.
— Eu não estava falando de você. Quer dizer, eu não quero matar ninguém. Meu Deus. É modo de falar. Tá doida? — digo, tão nervosa quanto deveria estar com tantos olhares em minha direção.
É uma péssima ideia dizer isso, o rosto pálido de Estefânia parece virar um pimentão. Mas é modo de dizer. Nunca diria que alguém é doido. É só...
— Agora eu sou a doida, não é? Gênesis, fora da minha sala. Fora. — Ela aponta em direção a porta, dramática e interrompendo meus pensamentos.
— Eu não estava falando de você. Desculpa.
— Gênesis, mais um segundo e você leva suspensão. Fora. — Ela continua apontando para a porta.
Resmungo, jogando meus objetos de qualquer jeito na mochila e saindo. Acho que ouvi alguém rir, mas não estou com moral nenhuma para absolutamente nada então eu só... saio. De expressão fechada e agindo como se o karma não tivesse acabado de me fazer ser expulsa da sala por causa da Pandora sem que fosse realmente por causa dela.
É só que não consigo parar de pensar nisso. Então estou pensando em Pandora Verona em todas as aulas e o que vai acontecer é que quem vai reprovar anualmente sou eu, já que não consigo prestar atenção 100% nas aulas desde que me pediu ajuda. Eu já sei que ela baba, que ela joga aquele jogo bobo de plantas e zumbis, que não aguenta mais William a atormentando e que está muito cansada ultimamente. Só que talvez a melhor solução fosse ela parar de gastar seu tempo com todas as garotas da ilha e dormir uma quantidade adequada de sono. E talvez estudar.
— O que tá fazendo agora? — Becca diz, se sentando ao meu lado. — Educação física também? Ué.
— Expulsa da aula de Português, pra falar a verdade — respondo, abraçada na mochila.
