- Solidariedade e Consequências -

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— Ei, Filo, já que estamos aqui na cidade, o que acha de comprarmos algumas coisas novas para nós dois? — O flito mostrou-se extremamente animado com a ideia. — Que bom que concorda com minha sugestão, meu amigo. Mas antes, sinto que precisamos encher nossas barrigas com um bom café da manhã. 

A capa de Idarcio era uma longa vestimenta que cobria-lhe as costas e as laterais de seu corpo, era aberta nos ombros permitindo a saída de seus braços e não possuía botões a serem abotoados. Após vestir-se por completo, ele penteou seu cabelo castanho e saiu pela porta trancando-a em seguida. Decidiu por deixar seu bastão apoiado na cabeceira da cama pois não gostaria de carregá-lo nesse momento de fraqueza física. Ele desceu as escadas da estalagem com mais lentidão do que nunca. Apoiava-se no rústico corrimão de madeira e deu um passo de cada vez. Quando chegou no último degrau, viu que o local estava mais cheio do que costumava estar. 

Pouco depois de terem o desjejum momentos antes, Borbon e Roren deixaram a estalagem para procurar algum estabelecimento que fornecesse partes novas a serem trocadas em seus trajes, como cintos mais firmes e uma bainha nova para suas espadas. Talion havia acordado cedo nessa manhã e pediu para acompanhar os cavaleiros assim que ouviu suas intenções. Mas ao contrário dos outros, o único interesse do rapaz era visitar a grande cidade a fim de conhecer coisas novas e comparar as diferenças com o insignificante vilarejo que ele morou por tantos anos. 

Em dias normais, esse seria um horário onde ninguém além das funcionárias estaria presente no restaurante da estalagem, mas desta vez elas não estavam sozinhas no local. Adamor permanecia escorado numa mesa e Devin estava na mesma posição ao seu lado, os dois conversavam entre si e o menino não escondia sua animação em estar diante do imponente homem. Sentado no outro lado do móvel estava Mercel. Ele bebia uma xícara de café e assumia um comportamento silencioso como se não estivesse ali presente. Os dois cavaleiros usavam seus trajes pretos comuns. Ao lado da mesa e sentada folgadamente numa cadeira estava Eurene, a menina também segurava uma xícara de café em sua mão e não usava calçados, observava a interação entre Devin e Adamor. 

— Vocês lutaram contra quarenta bandidos?! — Devin não omitia seu entusiasmo por conhecer os cavaleiros. 

— Foi um grupo de quarenta saqueadores, eles estavam aterrorizando os moradores do Vilarejo Esmerion. 

— E como vocês acabaram com eles?! 

— O confronto não se prolongou por muito tempo, tendo em vista que eles não esperavam o nosso ataque. No fim, metade deles tombou e o resto fugiu pelo temor da nossa fúria. 

Em seu interior, Devin ansiava por uma história mais detalhada a fim de vibrar pelas aventuras dos cavaleiros. Mas ainda assim ficou satisfeito em ouvir tal relato da voz de um deles em pessoa. 

— Mantenha sua ansiedade, menino Devin — disse Mercel. — O Roren é muito melhor em contar histórias, ele vai te relatar todas as nossas aventuras se você o pedir. 

— É sério? Vão me contar todas as suas aventuras?! 

— Se vocês forem contar uma só ele vai pedir para repetirem ela todos os dias — disse Eurene tomando seu café. 

— A admiração dele não nos incomoda de forma alguma. Na verdade, nós apreciamos muito aqueles que nos vêem com bons olhos. 

— Ah... Devin com certeza é o menino que vê vocês com mais bons olhos dessa terra, não tenho dúvida disso. Ele sempre diz que quer ser um cavaleiro.

— É verdade isso? — perguntou Adamor com um amigável sorriso. 

— É claro que eu quero! Quero ser um dos melhores cavaleiros do mundo e ser chamado de Devin, o Destemido! 

A Pretensão dos CavaleirosWhere stories live. Discover now