✵ CAPÍTULO 9 ✵

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O COMEÇO É SEMPRE HOJE.❞ – Mary Shelley

••• A BRISA diurna batia nos cabelos de Lyli fazendo com que seus fios dourados bailassem conforme o vento

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••• A BRISA diurna batia nos cabelos de Lyli fazendo com que seus fios dourados bailassem conforme o vento. Suas bochechas estavam rosadas devido ao inverno, mas ela havia feito uma promessa a Maurice e estava disposta a cumprir, por mais que fosse apenas para apagar a chama alta que era sua curiosidade. Ao pedido do chef Maurice ela deveria ir pela manhã numa boutique de doces em frente a Torre Eiffel, sentar-se numa mesa ao lado de uma estante de livros e pedir o décimo sétimo tópico do cardápio. Andando pelas ruas parisienses ela pôde ver de longe a tal boutique com uma linda vidraça despojando de um estilo vintage. Ela então foi a passos largos proferindo uma sequência de palavras: estante de livros, décimo sétimo do cardápio, Torre Eiffel. Repetiu essa tal sequência até chegar e adentrar o local. O sininho da porta tocou e juntamente com aquele ressoar ela pôde escutar o do chiado queijo que escorreu de um crepe caminhando pela chapa quente. Seus olhos ativos procuraram a tal mesa próxima da estante de livros, estava desocupada. Que sorte! Aquele de fato era o melhor lugar para se assentar, tinha a mais bela vista diretamente para a Torre Eiffel. Assim ela fez, sentou-se de costas para o restante do ambiente e virou-se de frente para a linda vista.

"Bonjour, mademoiselle."  Uma simpática atendente foi até a mesa onde estava a menina.

"Bonjour."

Mesmo arranhando seu francês imperfeito ela conseguiu fazer o pedido do décimo sétimo tópico do cardápio. Bem como Maurice pediu que ela fizesse. Enquanto ela aguardava a atendente voltar com seu pedido ela tomou em suas mãos o primeiro livro que capturou sua atenção. Era uma obra bastante conhecida por ela, um tanto quanto antiga, mas um clássico da literatura mundial. Os Miseráveis, de Victor Hugo. Ela recordava uma frase do livro que nunca havia esquecido, apenas por ser uma frase nem tanto positiva e de incentivo, mas algo sensato, realista e atemporal.

"Mas há sonhos que não podem se realizar. E há tempestades que não podemos atravessar. Vitor Hugo." Disse a voz grave atrás dela.

Ela se virou em um susto e olhou para o homem alto e louro de sobretudo cinza. Os sapatos de couro estavam brilhando e Lyli sentiu orgulho de seu trabalho, ela estava cuidando bem das roupas do patrão.

"Bom dia, senhor." Ela desejou um tanto quanto surpresa.

"Bom dia, Liberty." Ele retribuiu. "Posso me sentar?" Mais um vez a moça o olhou fixando os olhos procurando saber se era algum tipo de teste com ela.

"Claro." Ela autorizou sem nenhum problema, mas a desconfiança estava grande. "O senhor já leu?" Ela perguntou mostrando o livro para o patrão, por mais que a resposta parecesse um pouco óbvia.

"Sim."

"E como sabia que eu estava lendo essa parte exata que o senhor citou?" Ela o indagou.

"Eu não sabia. Apenas a citei." O homem abanou um bocadinho de neve que havia caído por cima de seu sobretudo.

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