𝐇𝐄𝐑𝐎𝐄𝐒 𝐒𝐓𝐈𝐋𝐋 𝐂𝐑𝐘 • 𝐁𝐍𝐇𝐀

Não Brinque com Fogo

LUNA TOGATA

Desviei de outra fita. A Fênix voava acima de nós, brilhando tão intensamente quanto mais vi. Shinso observava a Ave no ar, enquanto disparava sua armadilha de faixas sob mim. Os movimentos límpidos e similares a de Aizawa, executados pelo arroxeado, me pegaram de surpresa. As faixas se enroscaram em meu corpo e Shinso comemorou o feito, pronto para dar seu golpe final. No entanto, eu não iria deixar. Convoquei a Fênix, chamando-a e a disparei sob as fitas que se enroscaram em meu corpo. Rapidamente as faixas foram incineradas, restando apenas pó delas. Em seguida, fiz um movimento com as mãos, imitando a uma ave.

-- Fênix: explosão de penas!- imediatamente, a Ave foi em direção a Shinso, explodindo em seu encalço ao tentar fugir do ataque. -- Fênix: eu devolvo seu poder.

Liberei a Ave, que imediatamente desapareceu no ar, como uma chama sufocada pela falta de oxigênio. Fui até Shinso, ajudando-o a levantar do chão e conferindo se eu tinha o machucado.

-- Você podia ser menos bruta na próxima vez!- o arroxeado resmungou enquanto passava a mão na cabeça, onde mais tarde poderia surgir um galo.

-- Vou tentar, mas não prometo nada!- sorri para Shinso que me mostrou a língua enquanto se levantava do chão.

Aizawa saiu do canto em que via o desenrolar da luta e veio até nós.

-- Vocês foram muito bem no treino de hoje.- Aizawa olhou com orgulho para Shinso e quando iria mostrar o mesmo a mim, sua expressão mudou. -- Se fizerem o mesmo amanhã é provável irão para as provas finais.

Era nosso último treinamento antes do Festival Esportivo, e o lembrete fez meu estômago se embrulhar.

-- Certo!- eu e Shinso respondemos em unissoro.

-- Estão dispensados para descanso.- quando eu iria me virar de costas para ir embora, a voz de Aizawa voltou a ecoar em meus ouvidos. -- Menos você, Luna. Precisamos conversar!

O tom severo de Aizawa fez os pelos da minha nuca se ericarem. Olhei para Shinso, que apenas sussurrou um "boa sorte" e foi embora. Me voltei para o moreno e me sentei ao seu lado.

-- Você está... diferente.- foi a primeira coisa que Aizawa disse quando me sentei, e amaldiçoei a forma como ele sabia me ler. -- Notei isso desde que você voltou do casamento do seu irmão. O que aconteceu?

Era a pergunta que eu temia que viria, hora ou outra. Meus colegas também haviam notado, mas ninguém, além de Bakugou e os presentes no casamento de Mirio, ousou me perguntar como eu estava ou o que havia acontecido. E quando alguém tentava iniciar algum assunto sobre, eu tentava me esquivar. Mas como Aizawa era diferente. Eu não conseguia esconder nada dele, nem se quer mentir.

-- É só que eu...- um nó se fez na minha garganta. -- Eu não sei o que sentir. Eu soube de tanta coisa, tudo ao mesmo tempo, e ainda não consigo digerir. Não totalmente...