- Eu posso te acompanhar, só prometa que não vai me deixar perder o controle.

- Eu prometo não te deixar perder o controle bela Lorena - combinou o europeu entre risos.

Luigi estaciona o carro em um mirante, um loteamento novo localizado em uma parte alta da cidade. Antes de sair do automóvel olho para fora através da janela, a vista é linda, há uma infinidade de luzes acesas abaixo de nós que enfeitam a noite, abro a porta e saio do pequeno espaço me dando conta da imensidão do céu, o mesmo parece estar mais perto de nós. As estrelas assimétricas me encantam, cada uma com seu brilho e sua particularidade fincada em um lugar específico no céu. O vento frio bate sob meu corpo causando-me calafrios, esfrego meus braços com as mãos na tentativa de me aquecer e me surpreendo quando sinto um tecido denso e pesado sendo colocado sob meus ombros.

Olho para trás e vejo o italiano colocando seu blazer em mim, sorrio diante a sua gentileza e quando olho para a grama na nossa frente há uma garrafa de vinho e guloseimas sobre ela.

- Vamos nos sentar? - assinto com a cabeça e juntos caminhamos até o local.

Me sento com sua ajuda e logo ele se senta ao meu lado, me acomodo cruzando as pernas e encaixando meus braços no blazer.

- Me desculpe pelo ambiente, eu precisava de paz e não consegui pensar em outro lugar.

- Eu adorei - garanto - É perfeito, o céu, a vista.. Já trouxe muitas mulheres aqui?

- Não entendi - exclama.

- De-desculpa - gaguejo - uma pergunta um tanto quanto indiscreta, invasiva. Não tenho nada a ver com isso.

- Eu nunca vim aqui antes, via o loteamento de longe e imaginava que seria um bom lugar pra espairecer.

- E realmente é - concordo.

- Mas porque a pergunta?

- Não sei, só veio na minha cabeça - me encolho na tentativa de me esconder no blazer e desaparecer.

Eu não tenho nada com esse homem, não entendo o porquê do trocadilho que dei, foi impulsivo e agora me sinto envergonhada.

Luigi abre a garrafa de vinho e vira um pouco do líquido escuro em sua boca, me oferece a garrafa e eu a pego fazendo o mesmo.

- Hoje foi um dos dias mais difíceis da minha vida ao longo dos meus quarenta e cinco anos - confessa afrouxando o nó de sua gravata e dobrando as mangas de sua blusa social - Mas agora estou me sentindo bem, livre, sentindo a brisa da noite sob mim.. e perto de você. E o seu dia, como foi?

- Pela manhã uma prova difícil na faculdade, após isso um almoço muito bem acompanhada, depois passei a tarde pensativa, uma briga com o namorado antes do jantar e agora estou aqui.

- Uau, parece ter sido bastante conturbado - exclama - Se sente melhor agora?

- Estou me sentindo como você, livre - pego a garrafa de sua mão e dou um longo gole, me sinto tonta e o álcool parece atingir meu cérebro diretamente, fecho os olhos e faço uma careta involuntária por conta da acidez da bebida - É disso que estou precisando Luigi, me senti livre, solta.

- O que te impede Lorena?

- Toda minha vida me impede. Tenho uma família extremamente cuidadosa que tenta decidir qual o caminho eu tenho que traçar para minha própria vida - viro mais um pouco do vinho em minha boca e prossigo - Meu relacionamento vem se desgastando cada vez mais e eu simplesmente não consigo me desprender dele. Estou frustrada em todos os âmbitos da minha vida e não sei como reverter isso.

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